Espaço de Pesquisas
Oi! Este é um espaço do qual você pode pesquisar e encontrar histórias de mulheres que participaram do nosso projeto por todo o Brasil! Legal, né?
Pra usar, basta digitar no espaço de pesquisa alguma palavra-chave, por exemplo: alguma profissão, alguma cidade, algum tema...
É o nosso verdadeiro banco de dados - o primeiro, da história das mulheres que se relacionam afetivamente
com mulheres - e precisa ser valorizado! ♥
110 resultados encontrados com uma busca vazia
- Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Toda mulher merece amar outra mulher. Olá; AQUI REGISTRAMOS O AMOR ENTRE MULHERES ATRAVÉS DA FOTOGRAFIA. Portfólio Para conhecer nossas histórias, clique aqui > sobre 02 sobre nós O documentadas começou através de diversos estudos e da percepção de que as mulheres são pouquíssimo registradas em toda a sua história, principalmente tratando-se de mulheres que se relacionam afetivamente com outras mulheres. Para dar um basta e contar nossa própria história, percorro o país registrando casais e através desse site criamos conexões e laços de fortalecimento. Para conhecer quem faz o documentadas, clique aqui > Nosso livro está em pré-venda garante o teu aqui ♥ Banco de images QUER PARTICIPAR DO PROJETO? vem por aqui! :P Mariana Musicista Leia mais Mari, além de ser uma pessoa extremamente doce, é uma musicista e compositora incrível! Ela tem um canal com a Vivi e juntas compõem histórias no Canta Minha História! Iasmim Advogada Iasmin, além de uma mulher super sorridente e alto astral, é também uma grande advogada. Natural de Duque de Caxias, baixada fluminense, hoje trabalha em um escritório no centro do Rio de Janeiro. Leia mais Carla Professora Carla, além de ser grande amante das artes e do teatro, também é professora e pedagoga em escolas públicas de Rio das Ostras e Macaé. Leia mais gerando renda para a comunidade Acreditamos que - além de que contar histórias de mulheres - podemos conecta-las. Falarmos sobre seus trabalhos, compartilharmos situações, momentos e, enfim, gerarmos renda. O mercado de trabalho segue difícil e podemos nos apoiar contratando trabalhos de mulheres da comunidade LGBT. Sendo assim, no nosso espaço de 'busca' você consegue pesquisar pela palavra-chave (o serviço que você precisa), ver qual profissional está à disposição, ler sua história e nos mandar uma mensagem. Nosso papel será te conectar diretamente com a profissional desejada! gerando renda para o projeto Manter o projeto não é tarefa fácil! Fazer viagens, pegar metrôs, ônibus, barcas... disponibilizar tempo e conseguir manter as contas pagas é um grande desafio. E como queremos documentar o maior número de casais possíveis, disponibilizamos o nosso PIX e aceitamos qualquer valor como quantia de doação! Você pode nos ajudar clicando aqui e fazendo a doação (qualquer valor!) de forma voluntária direto pelo aplicativo do seu banco! Colabore com a documentação histórica do amor entre mulheres! temos uma loja no ar! chega pra cá ♥ Contato
- Roberta e Laura | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Laura estava com 26 anos no momento da documentação. É natural de Sapiranga, uma cidade interiorana do Rio Grande do Sul, mas mora em Porto Alegre há cerca de 8 anos. Chegou na cidade para estudar dança e hoje em dia trabalha com dança dando aula em alguns projetos para pessoas com deficiências intelectuais e para crianças. Paralelamente, também é professora de inglês, trabalha em uma instituição que promove imersões na língua inglesa. Nessas imersões, ela mistura a dança, outros professores entram com esporte, culinária e a ideia é fazer o inglês ser praticado em um ambiente de “vida real”. Fora do meio profissional, Laura entende que é uma pessoa bastante ligada à família. Foi sua família quem a colocou na dança, alguns familiares são músicos e sempre agradece o ambiente cultural que cresceu e que vive até hoje, percebe o quanto isso fez com que ela se tornasse alguém que adora estar entre as pessoas, gosta de se aventurar e de conhecer o mundo. Roberta estava com 26 anos no momento da documentação. É natural de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. Durante a adolescência se mudou para a capital para estudar na faculdade e começou a trabalhar como educadora social num clube para pessoas com deficiência. Esse trabalho durou seis anos (e é um dos lugares que a Laura trabalha hoje em dia). Conta que foi trabalhando lá onde mudou sua forma de pensar sobre a vida, ainda mais no mundo que vivemos hoje em dia com redes sociais onde tudo tem filtro e é tão perfeito - pensado o tempo todo, medido e tendo que estar sempre lindo. Lidar com pessoas com deficiência é entender a sinceridade e a realidade da vida: elas falam o que querem falar, de uma forma simples e muito mais fácil, então aos poucos Roberta sentiu que era melhor ser assim do que viver nesse “filtro” que não era real. Falar o que sentia, ir onde quer ir, não ir onde não quer, ser mais real consigo mesmo. No meio desses aprendizados, criou um curso chamado “Ação Caminhos Para a Diversidade” sobre anti capacitismo, abordando temas como sexualidade da pessoa com deficiência, oportunidades de trabalho e privação da maternidade. Todo esse processo de estudo fez Roberta entender muito sobre si, sobre quem ela é e estudar sobre seus comportamentos sociais. Hoje em dia, observa que existe outra Roberta, principalmente depois da pandemia de Covid-19. Uma Roberta muito mais caseira, que adora arrumar a casa, fazer decorações, pintar e criar coisas manuais. Quando Laura chegou na faculdade, em 2017, entrou para um projeto de extensão chamado Diversos Corpos Dançantes, uma proposta de dança com habilidades mistas envolvendo pessoas com e sem deficiência. Laura era bolsista e foi a primeira vez que trabalhou com práticas de danças acessíveis, lá conheceu uma amiga e passaram a estudar bastante sobre acessibilidade juntas. Em 2019, Laura fez uma mobilidade acadêmica e foi estudar em Salvador, nos meses que ficou fora sua amiga começou a trabalhar num lugar novo - e conheceu Roberta. Na versão de Roberta, quando ela conheceu a amiga de Laura, só ouvia falar sobre Laura: “Tu me lembra muito a Laura”, “Nossa você e a Laura iriam se dar muito bem!”... Era tanto que passava um pouco dos limites. Quando Laura voltou de Salvador, soube da existência da Roberta e, durante uma Mostra de Dança Inclusiva, em novembro, elas se conheceram. Roberta ia se apresentar com os alunos, estava com uma roupa azul, toda pintada, brinca que parecia um grande pavão. Quando viu Laura entendeu o motivo de todos aqueles elogios que ouviu por meses. Mas, naquela época, Roberta vivia um relacionamento, estava noiva e só entendeu o nervosismo porque achou Laura admirável, mas não aconteceu nada além. Naquele contexto começaram a se seguir nas redes, mas não interagiram. Nos meses seguintes a pandemia de Covid-19 chegou, Laura voltou para a casa dos pais no interior, Roberta terminou o relacionamento e suas vidas passaram por grandes mudanças. Um tempo depois, no meio da pandemia, Roberta estava respondendo uma brincadeira no Instagram e postou sobre estar solteira. Laura respondeu a brincadeira, iniciando um flerte… Roberta jamais esperava essa resposta e ficou bastante nervosa, ignorou ela por alguns meses, não se sentia preparada para flertar, enfrentava momentos delicados na pandemia e quando se sentiu pronta começou a interagir melhor. Durante uma parte da pandemia, Laura trabalhou com algumas ações de dança na internação psiquiátrica do hospital, então acabava tendo um grande contato com a área da saúde e precisava fazer testes a cada 3 dias. Isso influenciou na demora para se encontrarem, até que marcaram um almoço num feriado. Depois do almoço, Laura queria logo comer as outras coisas que seriam para comer mais tarde (pão, bolo…) e pediu se Roberta se importaria. Ela achou positivamente engraçado, mas disse que não, que adoraria, e na hora que Laura se levantou do sofá disse que gostaria de fazer algo antes de buscar o bolo, assim beijou Roberta pela primeira vez. Hoje em dia, virou um bordão: quando levantam do sofá, soltam o “mas antes, quero fazer uma coisa” e se beijam. O começo do namoro foi bem rápido e aconteceu depois de alguns encontros e conversas onde alinharam o que sentiam sobre o que estavam tendo e o que pensavam sobre as relações humanas e amorosas. Num dia, Roberta saiu da casa da Laura e deixou ela no apartamento ‘trancada’ pois só tinham uma chave, precisou comprar uns remédios, entregar um objeto e no caminho encontrou um amigo que chamou para sentar num bar e atualizar as novidades. Ela contou: “Conheci a mulher da minha vida, tô apaixonada!”. Demorou mais que o previsto para voltar, quando chegou encontrou Laura fazendo yoga na sala com um olhar sério, chamando-a para conversar. Pensou: “Meu Deus, ela vai terminar tudo, acabei de falar que tô apaixonada e que é a mulher da minha vida e agora vou voltar lá no bar e dizer: acabou!”. Laura disse que não queria mais ser uma “futura namorada” para Roberta, que cansou desse termo, e que estava disposta a namorar agora. Roberta lembra da sensação de pavor que sentiu, falou “Nossa, guria, que cagaço tu me deu!”. Começaram o namoro e meses depois foram morar juntas por questões financeiras, num apartamento que viveram durante pouco mais de um ano. Sentem que tudo fluiu muito bem, mesmo sendo no começo da relação, morarem juntas foi a escolha mais racional. A única coisa que se arrependeram foi o fato de Laura ter virado a síndica do prédio, isso causava mais stress que qualquer outra coisa, e não compensou o desconto nas contas. Mas hoje, é uma parte até cômica da história, virou “história boa pra contar - a síndica sapatão do prédio”. Roberta e Laura contam como o período das enchentes em Porto Alegre foi impactante e marcante para elas, como é importante documentar esse momento vivido, além da importância histórica e política, mas também pela forma que se cuidaram e seguem apoiando até hoje por contas das marcas e atravessamentos que causou. Já estavam morando no apartamento que residem atualmente - e consideram isso fato importante porque no local que moravam meses antes da enchente certamente teriam perdido muitos itens pessoais e móveis, por ser no térreo e numa região que foi bastante atingida. Porém, mesmo nesse novo lar em andares superiores, ainda estavam sem água e luz, com a rua alagada. Foram para a casa de amigas em um bairro vizinho. Três dias depois, o bairro também foi afetado e as águas subiram rapidamente. Ficaram sem saber para onde ir, até conseguirem um apartamento vazio e irem juntas para lá. Foram dias dormindo no chão, comendo coisas prontas porque não havia como cozinhar, ficando sem tomar banho… Chegaram no limite, até Laura pedir para a mãe dela vir de Sapiranga buscá-las. Era um caminho delicado porque as estradas estavam difíceis, ela tinha bastante medo. Um caminho que leva até menos de 1h em dias comuns, levou 6h naquele dia. Quando chegaram na casa da família de Laura e tomaram um banho, comeram arroz, se olharam entre todas as mulheres e refletiram tudo aquilo que estavam vivendo, viram o significado de união e de família. Entendem que a experiência das enchentes foi muito sensorial: ouviam os helicópteros, as ambulâncias, sentiam a falta d’água, a falta das coisas nos mercados… Todas as dores de ver quem amam perdendo suas coisas, o medo, a insegurança. Foram momentos muito difíceis. Era muito importante reconhecer estar vivendo esse momento com mais duas mulheres, se ver enquanto amigas se apoiando, LGBTs, nossas famílias. Foram duas semanas vivendo em Sapiranga até voltarem para Porto Alegre e participarem da reconstrução da cidade - e entendem que tudo o que acontece até hoje é parte dessa reconstrução. Até hoje pagam as contas de luz daquela época (porque passaram meses sem conseguirem medir), Laura passou a trabalhar muito mais depois do acontecimento, entendem que existem várias consequências que silenciosamente estão presentes no cotidiano e na saúde mental, por isso o acolhimento e o lar enquanto lugar seguro são prioridades dentro da relação. Laura sente o amor presente na rotina, na construção da relação. Quando lembraram sobre a vivência das enchentes em Porto Alegre, reforçaram quanto apoio existiu. Brincam que tinha um dia para cada uma ficar mal “Hoje estou mais triste, então você me apoia, amanhã você fica mais triste que aí já vou estar fortalecida e te apoio…”. Era a forma que encontravam de segurarem a barra no momento extremo, mas entendiam que era uma forma de proteção também. Agora, após alguns anos juntas, visualizam que passaram pelas suas finalizações na universidade, pela pandemia, pelas enchentes, por duas casas, montaram um novo lar juntas… Então, foram encontrando o balanço, a rede de apoio, formaram a família que gostariam de ter. Laura comenta que quando começaram a namorar, fazia apenas dois meses que seu pai faleceu por conta da Covid-19, e Roberta acompanhou seu luto recente. Eram dois sentimentos conflitantes: a dor grande por perder um amor e uma paixão chegando com um novo amor. Foi um processo novo para Laura e, ao mesmo tempo, um processo que Roberta acompanhou de perto a família de Laura vivendo, visto que são muito unidos. O amor também esteve nesse lugar de acolher desde o início. Roberta conta que aprendeu uma nova forma de amar, com uma nova comunicação, com maior liberdade e saindo de lugares traumáticos. Aprendeu a sair de lugares em que precisava fazer tudo sozinha, aprendeu que pode confiar, aprendeu a dividir algumas tarefas que parecem tão básicas mas que sobrecarregam… Nas palavras dela: descobriu que o amor é possível. E, junto da relação, ganhou a nova família - a família da Laura e a família que deseja construir com a Laura, agora que estão com os planos de entrar na fila de adoção em breve. ↓ rolar para baixo ↓ Laura Roberta
- Opa, tão nos copiando por aí? | Documentadas
Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Vem participar você também! • como copiar o doc • que esse projeto é lindo a gente já sabe que todo mundo deseja ter um doczinho pra chamar de seu? é óbvio! mas tem gente ultrapassando os limites para chegar nesse objetivo papo reto: o doc é estudado projetado desenhado... não vamos aceitar cópia barata & cafona por aí. então, decidimos: opa, mas calma. caiu aqui de paraquedas e não tá entendendo nadinha? vem conhecer o doc antes! ♥ agora sim, parte 1: a nossa fonte > os nossos lambes a frase "toda mulher merece amar outra mulher" foi adotada pelo .doc a partir de uma documentação que fizemos na casa de um casal [e fotografamos ela em um objeto] em 2021. na época, postamos algumas vezes e recebemos alguns comentários dizendo que deveríamos fazer um adesivo com ela estampada. e não é que deu certo? foi crescendo, crescendo, e virou a cara do documentadas, sendo usada principalmente nos nossos lambes. até então, não disponibilizávamos esses lambes para colarem por aí, acreditamos que ele é a forma que o doc ocupa as ruas enquanto arte. mas agora você pode obter ele clicando aqui: baixar moldes dos lambes aqui #olha a dica! para colar os lambes direitinho, se liga nisso aqui: - pincel ou rolinho na mão; - superfícies lisas >> e não inventa de colar lambe em local privado sem autorização! por favor! dê preferência à postes e converse com o dono do local antes de sair colando por aí; - cola tipo PVA + água, misturadas em um recipiente, não deixando nem muito denso, nem muito líquido; - chama alguém para te acompanhar, não indicamos fazer a colagem sozinha; - deixa o lambe liso com a cola bem espalhada, assim garante a durabilidade :D espalhar a frase por aí com a nossa fonte e a nossa logo é importante para garantir a identidade e a representatividade do projeto, fazendo com que ele seja reconhecido facilmente e amplamente divulgado - afinal, é assim que chegamos em mais mulheres , né? não edite esse material nem recorte a nossa logo dele. colabore com a arte. parte 3: outros produtos do .doc temos outros produtos de alta qualidade que só a gente faz: quadros, camisetas e postais. esses, você encontra na nossa loja. ó a loja do doc, que linda • para entender melhor • por que a pirataria é mais barata? - material de baixa qualidade; - produção em escala absurdamente maior; - possuem fabricação própria; - não estudam e desenvolvem o material, apenas pegam o que já existe de artistas que produzem; - não possui serviço online de retorno (atendimento) - não enviam para todo o Brasil por que os produtos do .doc custam esse valor? - temos um material de melhor qualidade - não possuímos fabricação própria, inclusive temos gasto de frete buscando na cidade de fabricação; - pagamos uma plataforma de venda; - pagamos taxas bancárias a cada venda; - não temos equipe, tudo é feito por uma pessoa (humana & artista); - pagamos pelos materiais que acompanham a ecobag (panfleto pôster + adesivos brindes) + embalagem + etiquetas; - a ecobag é um produto que garante o projeto a se manter em funcionamento, ainda com margem de lucro pequena; - enviamos para todo o Brasil; - qualquer problema que você tiver com o produto (rasgou, não serviu, foi cobrado errado) estaremos aqui para te atender; vamos ensinar a copiar o doc. //como diria nossa mãe: "quer fazer? faz direito". parte 2: nossas ecobags são elas, as queridinhas da pirataria. para a nossa tristeza: porque a ecobag é o nosso principal produto. que vacilo, né? ainda por cima piratearam ela em comic sans. pô, não dá. pega aqui o molde pra fazer a tua. faz bonito, tá? baixar moldes das ecobags aqui [quer vender com a nossa autorização em alguma feirinha? manda um e-mail para nós através do nosso site ou diretamente para fernanda@documentadas.com ] ah, mas que trabalhão fazer, né? também acho. por isso, nossa ecobag está com 60% de desconto no site depois desse furacão que vivemos. sim, é para zerar o estoque. bora com a gente? vamos encarar a pirataria de frente e fazer a nossa ecobag estar pelo Brasil todo. o que faz do doc uma marca incomparável com a pirataria? somos um projeto artístico, estudado e executado com respeito. além disso, em cada produto adquirido você contribui para que mais mulheres tenham suas histórias registradas por todo o Brasil, num documento inédito e que, até o início do projeto, era inexistente. adquirindo um produto pirata, você só contribui para a desvalorização da arte.
- Banco de Images | Documentadas
Aqui documentamos a história de mulheres por todo o Brasil. Roberta e Laura amor de ser possível amar. Yulli e Nadine amor de profissão em comum. Sandra e Larissa amor de oceanos. Vanessa e Suélen amor de simplicidade. Rhanna e Lais amor de festa popular. Inara e Juliana amor de samba. Juliana e Priscila amor de grande família. Clarissa e Agnis amor de crescimento. Ariadne e Barbara amor de faculdade. Karol e Hémely amor de abrir portas. Nayara e Mayara amor de educação. Vivian e Dani amor de nova visão de si. Olga e Flávia amor de política. Clarissa e Roberta amor de são joão. Tamiris e Ágata amor de tempo. Camila e Rafaela amor de etapas. Joyce e Gabi amor de persistência. Gabi e Raffa amor de ficar à vontade. Laura e Camila amor de presente. Babi e Maria amor de companhia. Vivi e Darlene amor de não viver sem. Jaque e Tainá amor de novo olhar. Thacia e Ju amor de cuidado. Anik e Isabelle amor de desaguar. Raquel e Dandara amor de mudanças. Aline e Isabela amor de novidades. Luiza e Milena amor de paciência. Marcela e Jana amor de liberdade. Mariana e Viviane amor de manhã na praça. Clara e Laura amor de cuidado. Aline e Nathalia amor de paródia. Iana e Amanda amor de salvador. Yaskara e Jade amor de conversas. Daniella e Flávia amor de futuro. Isadora e Isabelle amor de equação. Luanna e Laira amor de cicloativismo. Ellen e Bianca amor de confraternização. Lorrayne e Joyce amor de casa. Mari e Jéssica amor de cura. Elis e Vandréa amor de ancestralidade. Carol e Sofia amor de hobbie. Letícia e Giovanna amor de persistência. Ane e Ari amor de companhia. Lorrayne e Mari amor de bilhete. Sarah e Rosa amor de novidade. Jamile e Raquel amor de leitura. Raquel e Rachel amor de pedidos. Aline e Aya amor de maternidade. Cassia e Kercya amor de marinar. Gabriela e Mariana amor de mãos dadas. Luiza e Maria Pérola amor de nebulosas. Lara e Ana amor de âncora. Sharon e Vivian amor de natureza. Yasmin e Juliana amor de diálogo. Isa e Camila amor de fã. Mari e Rey amor de outros lugares. Manu e Alyce amor de abraço. Cecilia e Jady amor de riso esvoaçante. Clara e Rayanne amor de jeito. Maria Clara e Antônia amor de cinema. Priscilla e Raphaela amor de conexões. Mari e Vivi amor de música. Júlia e Milena amor de reencontro. Talita e Louise amor de história. Juliana e Tercianne amor de teatro. Ju e Nicoli amor de vida toda. Luana e Maiara amor de domingo no parque. Tânia e Clarissa amor de trajetória. Ju e Marci amor de tempo. Rennata e Vanessa amor de impacto. Bruna e Flávia amor de suporte. Bibi e Emily amor de mãos dadas. Clara e Mayara amor de doce. Carol e Joyce amor de propósito. Thaysmara e Leticia amor de pôr do sol Júlia e Ana Carolina amor de cuidado ao detalhe. Natasha e Jéssica amor de ciclos. Rafa e Gizelly amor de acordar juntas. Carla e Yasmin amor de expressão. Yasmin e Ignez amor de encontro. Nathi e Emanu amor de força. Camila e Samantha amor de evento. Lu e Joana amor de flor. Nath e Carla amor de parque. Karol e Beatriz amor de webnamoro. Clara e Mariana amor de sétima arte. Jamyle e Rebeca amor de festa. Dani e Aline amor de oposto complementar. Camilla e Karol amor de calma e maresia. Bia e Marina amor de conversa. Amanda e Thaís amor de lagoa. Ju e Yasmin amor de compaixão. Wan e Lívia amor de lugares. Vanessa e Denise amor de pretitude. Mari e Marie amor de estrada. Marcela e Karina amor de refúgio. Ana e Paula amor de almoço no domingo. Thaty e Lari amor de descrição. Melissa e Sofia amor de sítio. Carol e Marlise amor de construção. Fabi e Dani amor de brilho. Isa e Carina amor de versões. Taynah e Estrella amor de ano novo. Glauci e Alice amor de casa. Maiara e Vitória amor de sol e lua. Joyce e Malu amor de renovar. Gabi e Dani amor de gatos. Marcia e Kamylla amor de faculdade. Luiza e Mariah amor de produção artística. Drika e Jana amor de dia após dia. Thay e Louise amor de samba. Jeniffer e Renata amor de aventura. Ana Clara e Evelyn amor de nascer do sol. Bruna e La Salle amor de confirmação. Mariana e Bárbara amor de interior. Maíra e Kelly amor de estar em casa. Janelle e Gyanny amor de fé. Lia e Thalita amor de lar. Alessandra e Roberta amor de diversão. Iasmin e Natalia amor de tatuagem. Bruna e Mari amor de arte na rua. Carla e Cynthia amor de diferença. Inara e Nina amor de recomeço. Hinde e Renata amor de intercâmbio. Thay e Cami amor de afeto. Luana e Marília amor de corpo. Fernanda e Ana amor de tentativas. Gabi e Gabriela amor de coragem. Jéssica e Priscila amor de diferença. Melina e Karyne amor de frio na barriga. Mariana e Fabiola amor de redescoberta. Luana e Bruna amor de emoção e razão. Ane e Thelassyn amor de persistência. Nayara e Jamyle amor de geek. Tami e Fran amor de casa nova. Gabi e Pamela amor de ajuste. Tay e Beatriz amor de elevação. Alice e Fernanda amor de apoio. Julia e Duda amor de muito. Luciana e Viviane amor de recomeços. Kelly e Amanda amor de tempos. Anne e Lari amor de paz. Júlia e Vitória amor de moda. Paula e Mari amor de cor. Luma e Stefany amor de árvore. Anne e Talita amor de oportunidade. Uine e Denise amor de aliança. Larissa e Claricy amor de ritual. Laiô e Íris amor de horizontalidade. Brenda e Jéssica amor de aventura. Dalila e Andréia amor de "praciar". Carla e Laura amor de porto seguro. Vanessa e Vitória amor de nova perspectiva. Carol e Cris amor de energia. Angélica e Jaque amor de segundo encontro. Kétule e Beatriz amor de cachoeira. Alissa e Rafaela amor de recomeços. Lilian e Marcella amor de padaria. Natália e Bruna amor de ano novo. Rachel e Larissa amor de paciência. Jade e Laura amor de segurança. Barbara e Isadora amor de cativar. Marina e Patrícia amor de pedidos rápidos. Gabi e Aline amor de aposta. Débora e Paula amor de comentário. Bruna e Vanessa amor de transformação. Cintia e Carmen amor de cultura. Dállete e Dyanne amor de redescobrir. Keziah e Patricia amor de compartilhar Cynthia e Leylane amor de esporte. Rafa e Helena amor de dia. Emilly e Thuane amor de maracatu. Sue e Sil amor de teatro. Fernanda e Talita amor de som. Carol e Gabi amor de fotografia Carol e Andressa amor de lugar. Ingrid e Cecília amor de estrada. Vanessa e Dayanne amor de caminho. Emily e Raissa amor de tentativa. Beatriz e Kika amor de são joão. Bruna e Tereza amor de sonho realizado. Juliana e Bianca amor de tempo. Clara e Marina amor de céu aberto. Samara e Rebeca amor de impulso. Raíssa e Lorena amor de experimentar. Laura e Dedê amor de samba. Maria Vitória e Fernanda amor de carro. Manô e Bruna amor de vivência. Denise e Julia amor de cerveja&cinema. Maíra e Duda amor de tatuagem. Marina e Luiza amor de cumplicidade. Juliana e Tayna amor de mil histórias. Bruna e Fran amor de resistência. Marcia e Pethra-13_edited amor de pé na porta. Mari e Nonô amor de escola. Joana e Ana Clara amor à primeira vista. Priscila e Rebecca amor de mar. Bruna e Sophia amor de carnaval. Renata e Marcela amor de arte. Clara e Karine amor de parceria. Bela e Maitê amor de risadas. Victoria e Gabi amor de praia. Brenda e Jhéssica amor de destinos. Carol e Gabi amor de militância. Beatriz e Tamara amor de esporte. Paula e Luiza amor de plantas e pássaros. Luana e Gabrielle amor de família. Mariana e Thalassa amor de plantinhas. Carol e Beanca amor de acompanhamento. Rita e Dede-23_edited amor de 10 reais.
- Uine e Denise | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Uine estava com 31 anos no momento da documentação, é psicóloga e atua na área clínica. Natural de Salvador, mas boa parte da família reside em Minas Gerais, o que faz frequentar muito o estado e estar sempre nesses caminhos. Uine conta que uma coisa importante sobre sua vida é o processo de compreensão de sua negritude, que começou há cerca de seis anos, impulsionado por lacunas na sua vivência familiar – parte de sua família é branca – e pela autonomia adquirida ao morar sozinha e trilhar um caminho independente. Na época, Uine já estava em um relacionamento de 10 anos com um homem, que sempre foi de muita amizade e companheirismo. Porém, em dado momento sentiram a necessidade de abrir a relação, percebendo que ela não seria sustentável a longo prazo. Esse momento foi um divisor de águas: começaram a fazer terapia de casal e a explorar novos formatos de relação, incluindo a possibilidade de Uine se envolver com outras pessoas – e pela primeira vez, com mulheres. Essa fase de descobertas marcou os últimos três anos da relação. Denise estava com 37 anos no momento da documentação, nasceu em Salvador, mas vive em Lauro de Freitas, na região metropolitana. Formada em arquitetura, trabalhou por anos na construção civil, o que a levou a se mudar para Recife em determinado momento da carreira. Foi lá que vivenciou grandes transformações de vida, incluindo a descoberta de sua homossexualidade, de novas rotinas e de um novo modo de ser. Determinada a começar um novo ciclo, matriculou-se em diversos esportes, mas foi o crossfit que realmente despertou sua paixão. Ao retornar para Salvador, percebeu que o mercado da construção civil já não fazia mais sentido para ela e que estava em baixa no geral. Notando a ausência de boxes de crossfit em sua cidade, decidiu seguir um sonho e fundou a Crossfit Agreste, o primeiro box de Lauro de Freitas. Uine conta que os últimos três anos do relacionamento aberto trouxeram desafios intensos que refletiram diretamente em sua saúde. Sentia que tudo o que havia aprendido na faculdade era apenas a ponta do iceberg diante da complexidade que vivia. Esse período foi marcado por adoecimentos e pela necessidade de um cuidado maior consigo mesma, tanto na saúde mental quanto física. Em 2021, ainda em meio à pandemia, ela descobriu o crossfit, uma atividade que não só ajudou a manter o corpo em movimento, mas também proporcionou uma válvula de escape para conhecer pessoas e criar novas conexões. Mesmo após o término do relacionamento, Uine e seu ex-companheiro prezaram pela amizade construída ao longo de uma década. A honestidade continuou sendo um pilar importante em sua vida, especialmente com sua mãe. Quando ainda estava no relacionamento aberto, teve longas conversas para contar sobre seu envolvimento com mulheres, o que já foi um impacto para a família. Mais recentemente, seu relacionamento com Denise trouxe novamente essa necessidade de diálogo e enfrentamento de preconceitos, mas também marcou um novo tipo de aceitação. Denise, por sua vez, estava em um momento de recomeço. Após o término de um casamento de 8 anos, que havia começado junto com o sonho da Crossfit Agreste, Denise decidiu que o carnaval de 2023 seria o momento para se redescobrir. Era seu primeiro carnaval solteira e assumidamente lésbica, e estava pronta para aproveitar. Mas antes do carnaval, no dia 2 de fevereiro, foi até a praia e pediu para Iemanjá um amor tranquilo e outras coisas que são de importância para sua vida. Hoje em dia, brinca que foi quase delivery: no dia 3 de fevereiro, no bairro do Carmo, enquanto estava em um bloco com uma amiga, avistou Uine. Entre uma fila de banheiro e alguns passos de dança ao som de uma música, elas tiveram a primeira interação. Depois, já no mesmo grupo de amigos, dançaram e se beijaram. Foram ficando, o tempo passou, até que Uine comentou sobre os amigos dela que estavam ali e o marido. Denise disse: “O que? Tá maluca?” e se desesperou. Uine riu e explicou que estava tudo bem. Naquele dia, mesmo com Denise um pouco desconcertada depois de saber da relação, elas seguiram ficando, se adicionaram nas redes sociais e começaram a conversar. Ainda no bloco, a amiga em comum de Uine e Denise, disse para Uine: “Você não tava querendo uma dupla pra treinar no crossfit? E agora, a dona do crossfit?”, então foi assim que Uine descobriu sobre o trabalho de Denise e sobre a Crossfit Agreste. Nos dias seguintes, enquanto conversavam, viram que tinham coisas em comum e queriam logo se reencontrar. Porém, ambas iriam viajar no carnaval e Uine precisava preparar suas fantasias e de seus amigos. Deram um jeito, reorganizaram suas agendas e conseguiram se encontrar, num jantar em casa. Passaram a noite juntas e, antes da viagem, Denise ainda foi fazer uma surpresa para Uine no aeroporto. O carnaval passou com ambas ansiosas por um novo reencontro. Denise nunca havia experimentado uma relação não-monogâmica e, no início, lidou com inseguranças e crises sobre como seria vivenciar isso. A ideia de algo tão aberto e com tantas possibilidades parecia difícil de assimilar. No entanto, com tempo e diálogo, elas foram construindo uma base sólida de entendimento e respeito mútuo, ajustando os ritmos conforme as necessidades de cada uma. A confirmação de que queriam algo mais duradouro veio apenas dois meses depois. Denise presenteou Uine com a aliança que havia ganho de sua mãe, o anel mais importante que tinha - era a aliança que a própria mãe havia usado. O gesto simbólico marcou um compromisso emocional e o desejo de construir algo que fosse além de uma simples relação passageira, era o significado de: “Eu quero você na minha vida, me imagino casando com você”. Esse momento foi um divisor de águas, despertando nelas a vontade de ficarem juntas de forma mais definitiva, com planos e sonhos compartilhados. Atualmente, Uine mora em Salvador e Denise em Lauro de Freitas, mas passam a maior parte do tempo juntas. Essa proximidade tem levado Uine a considerar uma mudança definitiva para morar com Denise. Encerrar a relação anterior foi uma escolha consciente de Uine, ao perceber que já não cabiam mais as relações anteriores em sua vida. Ainda assim, os aprendizados desse período seguem presentes, ajudando a moldar a relação atual. Individualidade, comunicação e a desconstrução de expectativas sociais são pilares que fortalecem a conexão das duas. Para Uine, esse processo de transição trouxe mais liberdade, tanto no mundo quanto na relação afetivo-sexual. Ela percebe a importância de cultivar relações que vão além do romantismo, como aquelas com amigas, família e outras pessoas queridas. Para ela, o amor deve transbordar em todas as conexões às quais nos dedicamos, especialmente nos momentos difíceis. Esse entendimento reforça que o cuidado e o afeto não são exclusivos das relações românticas, mas algo que permeia toda a nossa rede de apoio. Uine também reflete sobre a relevância de ser uma mulher bissexual assumida e de estar à frente de um negócio. Para ela, é uma oportunidade de inspirar e quebrar estereótipos, mostrando que mulheres LGBTs são igualmente capazes, responsáveis e bem-sucedidas. No box de crossfit de Denise, essa visibilidade se torna ainda mais significativa, pois as famílias, incluindo crianças, reconhecem e respeitam o amor delas como parte de quem são. Demonstrar afeto abertamente e sem reservas não só fortalece o vínculo entre elas, mas também quebra preconceitos de forma concreta e faz com que todos admirem. ↓ rolar para baixo ↓ Uine Denise
- Natália e Bruna | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Bruna diz que ficou até surpresa quando a Natália contou o desejo de inscrever elas no Documentadas, brincou dizendo “Quem te viu, quem te vê, hein?!” porque no começo da relação, principalmente na primeira viagem que fizeram juntas, Natália tinha bastante receio até de pegar nas mãos em público… E agora quer mostrar ao mundo que o amor que vivem é lindo. Entendemos que esse medo é legítimo, assim como essa vontade de afirmação. Bruna completa: a história de amor delas também é a história de descoberta da Natália. Para Nat, o amor precisa ser por completo, ou seja, as pessoas merecem ser amadas como são. Se uma pessoa só te ama se você for heterossexual, ela não está te amando. Existe uma busca na perfeição do que criamos em cima dos outros, mas a verdade é que precisamos aceitar quem eles se tornam, quais profissões escolhem, a forma que entendem o amor, com quem se sentem bem ao relacionar, como vão compartilhar a vida… Isso tudo também é amar. Ela explica que a Bruna traz liberdade, foi um combo: a Bruna + a gatinha dela + o lar é o jeito que elas são felizes. Tudo fica nítido, é estampado a forma que se sentem confortáveis juntas. Não existe um julgamento dentro de casa. Quando uma relação existe e se fortifica é porque ali está o amor, assim enxerga Bruna. O amor a gente encontra na rotina, na construção das pequenas coisas, crescendo, cuidando, estando ali diariamente para se ajudar. Com a Natália foi a primeira vez que ela sentiu de forma plena o equilíbrio: ela pode se doar e vai receber de volta, é acolhedor. Natália, no momento da documentação, estava com 34 anos. Nasceu em Barra do Piraí, interior do Rio de Janeiro, mas foi ainda criança para Niterói e seguiu sua vida na cidade. É formada em jornalismo e fez transição de carreira recentemente, está estudando nutrição. Adora ver filmes, séries, ler e estudar o vegetarianismo e o veganismo. Atualmente, mora no Rio de Janeiro, junto à Bruna, e estão desbravando a cidade, conhecendo novos teatros, parques e outros lugares. No dia seguinte à nossa documentação elas iriam participar da primeira corrida juntas, pois estão focando em atividades físicas no momento. Bruna, no momento da documentação, estava com 36 anos. É natural do Rio de Janeiro, da zona oeste da cidade. Trabalha enquanto enfermeira e atua no ambiente corporativo, cuidando da saúde no trabalho. Além disso, faz trabalhos de marketing digital, adora a área do design e também está estudando tarot, que sempre foi um hobbie. No dia a dia, gosta de praticar exercícios dinâmicos (esportes em geral) e também curte dirigir, se sente calma quando dirige. Entre o réveillon de 2022 para 2023, durante a festa da virada de ano, Bruna e Natália se conheceram. Inicialmente não era nessa festa que Natália iria, ela e a amiga haviam comprado ingresso para outra, mas foi cancelada, então deram a opção de reembolso ou de transferência para uma festa que aconteceria na Barra da Tijuca. Elas, saindo de Niterói, acharam bem ruim a opção de ir para a Barra, mas com o valor do reembolso não conseguiriam comprar outra festa então toparam. Bruna, diferente delas, tinha macado com os amigos para ir na festa da Barra mesmo, sabia que era uma festa com um público muito hétero, que só iria ela e um amigo gay, mas topou ir porque queria se divertir. Logo que chegou, Bruna olhou para Natália. Elas não possuíam amigos em comum, estavam apenas próximas e trocaram olhares. Natália estava apenas com a amiga e percebeu os olhares, mas até então se entendia enquanto uma mulher héterossexual e achou estranho, até engraçado isso acontecendo… A festa seguiu e os olhares também. Bruna então comentou com o amigo sobre elas trocarem olhares e quando ele percebeu, disse que estava sim e a incentivou a ir falar com ela. Quando ela ia tomar iniciativa, um homem chegou até à Nat, e quando ela se livrou dele, Bruna não estava mais lá. Depois da meia noite se reencontraram porque o amigo da Bruna fez amizade com um grupo de meninos gays que a amiga da Natália também havia feito amizade, e assim elas se percebem neste grupo. Dançaram juntas, Bruna chegou rápido na Natália e ela indagou: “Que isso, não vai nem perguntar meu nome?” - então elas falaram os nomes e se beijaram. Natália já tinha ficado com uma menina antes, quando era adolescente, mas seus relacionamentos sempre haviam sido com homens. A festa foi acontecendo e elas não tiveram muitas interações, se encontraram novamente 6h da manhã quando tomaram café e a Bruna foi solicita ajudando a Nat a levar café da manhã para a amiga. Foi quando Nat perguntou como a Bruna se identificava e ela respondeu “Enquanto mulher lésbica, e você?” e ela disse que era bissexual. Ela não pensou muito, isso chegou muito naturalmente e pontual. No dia seguinte conversaram bastante e assistiram à posse do Lula juntas, de forma online. Na semana seguinte ao réveillon tiveram um encontro, se divertiram bastante e passaram a se encontrar com frequência. Ainda em janeiro viajaram juntas e na semana seguinte, dia 4 de fevereiro, começaram a namorar. Quando Bruna soube que Natália não havia ficado com mulheres antes, resolveu ir com mais calma, mas não adiantou, o namoro já estava encaminhado. Foram muitos meses no início da relação indo da zona oeste até Niterói, um caminho bastante longo, para se encontrar - ou melhor, a Bruna indo e voltando buscando a Natália para passar o final de semana na casa dela. Existia um receio muito grande de contar para a família da Nat, então tudo foi acontecendo aos poucos. Somente no começo de 2024, mais de um ano depois de se conhecerem, Nat se abriu para seus familiares. Desde então, não possui mais contato com a sua mãe. Por mais que os outros familiares ainda conversem e acompanhem (ainda que não queiram saber sobre o relacionamento) ela sente muito sobre, é muito triste ficar longe de uma das pessoas que mais ama. Entendem que eles terão seu próprio tempo para processar, assimilar e superar o preconceito, mas que nesse tempo elas não podem deixar de viver o amor mais bonito que já sentiram. Para Natália, o amor que vive com a Bruna é o sentimento mais bonito que já presenciou, que já viu acontecer… é respeitoso, é companheiro e não existe opinião que vá tirá-lo do caminho. Entende também que isso não apaga o que tanto ela, quanto a Bruna, já viveram em outros momentos da vida, em outras relações (que também já foram boas) ou em outras formas de viver, que isso tudo faz parte da construção de serem quem são, e que se esforçam muito para serem as melhores pessoas possíveis, mas que em nenhum momento sucumbirão à um pensamento preconceituoso. Então respeitam o tempo, por mais que doa muito, mas se permitem viver. Pela parte da família da Bruna, recebem muito suporte da mãe, que as trata com muito carinho e afeto. ↓ rolar para baixo ↓ Natália Bruna
- Sandra e Larissa | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Sandra é natural da Espanha, de uma cidade chamada Algeciras, localizada no sul do país. Se mudou para o México depois de morar em alguns lugares e foi lá que conheceu Larissa, começaram o relacionamento e fizeram seu primeiro lar. Hoje em dia, decidiram passar uma temporada no Brasil por conta de Lari ser brasileira, sua família morar no Rio Grande do Sul e, como formam uma família junto ao Otto, filho de Lari que Sandra adotou desde pequeno, entenderam também que seria bom para a educação dele estudar em uma escola brasileira por um tempo. Sandra estava com 32 anos no momento da documentação. É professora de espanhol, dá aulas online para estrangeiros e possui um foco em ter alunas mulheres, pessoas queers e não-binárias. Larissa, com 40 anos, trabalha com comunicação corporativa, de forma remota, e adora essa liberdade de poder viajar e não precisar estar em um lugar fixo por conta do trabalho. Lari sempre foi apaixonada pela América Latina e se dedicou à viajar por um bom tempo, pegando caronas, conseguindo trabalhos… Não tinha pretensão de ficar no México durante muito tempo, acabou ficando onze anos por conta das mudanças que aconteceram na sua vida. Engravidou, seu relacionamento de 15 anos chegou ao fim depois de se entender enquanto uma mulher que ama outra mulher, mudou as formas de ver o seu corpo e se enxergar na sociedade. Foi quando começou a conhecer novas pessoas e frequentar novos espaços no México - e, assim, conheceu Sandra. Logo que Sandra se mudou para o México, no fim de 2018, fez algumas amizades na cidade em que estava morando - Mérida - e foi num festival (que contava inclusive com algumas atrações brasileiras). Lá, lembra de ter conhecido Larissa, mas não chegaram a interagir muito. Um tempo depois, as duas entraram em um projeto de ativismo muito forte, por conta da onda de feminismo que estava acontecendo no México. Aconteciam muitos atos políticos, atividades e debates, então decidiram formar um grupo para pintar fachadas de casas e lugares com frases feministas. Começaram a ter amigas em comum e se encontrar com frequência, até que em 2019, no dia da Marcha do Orgulho, elas se envolveram pela primeira vez. Se reuniram com as amigas depois da Marcha e, mesmo Lari dizendo que não percebia que Sandra tinha interesse por ela, viu Sandra dançando uma dança espanhola e achou muito bonita, sentiu algo diferente. Depois, na festa, as pessoas estavam se beijando e ela não sentia que queria participar, mas queria beijar Sandra, foi quando ficaram juntas. Na hora nem imaginavam, mas ali começaria uma longa relação. Lari explica que hoje em dia entende o “clichê sapatônico”, mas na época nunca havia vivido algo assim e foi muito simbólico, principalmente pelo fato de ela ter um filho e isso soar como delicado para muitas mulheres. Para ela era muito importante entender a maternidade, o quanto isso faz parte de quem ela é, sendo protagonista da sua própria vida. E ver que Sandra abraçou quem era por completo e continuaram se encontrando com intensidade foi muito importante. No começo, Sandra não pensava em ficar no México por tanto tempo. Queria viver lá apenas um ano. Enquanto elas foram passando mais tempo juntas e se apaixonando, de alguma forma, isso foi virando um conflito, porque não levavam a relação tão a sério visto que havia um certo “prazo de validade”. Sandra, por mais que acolhia Lari em totalidade (ela sendo uma mulher, mãe, com um filho ainda pequeno), não entendia que estava entrando de fato em uma família. Demorou um bom tempo para que conversassem e pontuassem: ‘não podemos alimentar e gerar essa insegurança no que vai acontecer, desgasta, desperdiça energia. Ficaremos juntas ou não?’. Sandra teve o tempo que foi preciso para decidir se ficaria no México ou não, nesses meses que se passaram alugou uma casa. Lari também já tinha sua casa - que era uma casa mais antiga, meio colonial. Até que em setembro, no meio da pandemia de Covid-19, tiveram fortes chuvas e a casa estava velha, não havia preparo para aguentar aquele tempo e tanto volume de água, tudo alagou. Foram para o apartamento de Sandra e, por conta desse acidente, começaram a morar juntas, pelo menos até arranjarem um novo lar. Quando encontraram uma nova casa, num processo devidamente rápido, viram que ela era espaçosa o bastante para que Sandra morasse junto - com a condição de que cada uma tivesse um quarto. Com o passar dos anos, Otto cresceu e mudaram as ordens: Sandra e Lari ficaram juntas num quarto, Otto ganhou o próprio quarto só para ele. Entenderam que já estavam prontas para dividir o mesmo espaço. As vindas para o Brasil aconteciam de vez em quando para visitar a família da Lari. Sempre tentavam ficar alguns meses para Otto ter bastante contato com a cultura, conhecer pessoas novas e para Sandra também conhecer novos lugares - principalmente porque antes de namorar Lari ela nunca havia vindo para cá. Acontece que Otto passou por alguns problemas na escola, ele é bastante tímido e tem um jeito muito seu, que obviamente elas apoiam e incentivam que ele seja quem ele quiser ser, mas durante a pandemia era difícil ele ser alfabetizado através das telas. Ele não queria ligar a câmera, não era uma metodologia de fato acolhedora para as crianças e ele se sentia desconfortável. Acharam melhor tirar ele da escola por um tempo, fazer a alfabetização em casa e, quando ele voltou, também foi difícil a readaptação por conta de diversos preconceitos nas escolas mexicanas. Desde a primeira vez que visitaram o Brasil juntas, percebem o quanto ele se sente feliz aqui e muito adaptado com a liberdade que a cultura brasileira oferece. Foi crescendo a ideia de que ele poderia ser feliz estudando em uma escola brasileira, por isso, decidiram morar um tempo no Brasil e entender como seria a adaptação. Inicialmente a ideia era passar um ano, agora estenderam e será um ano e meio, visto que está dando certo: todos estão felizes. E, por mais que ainda existam julgamentos sobre o modelo de família que são, ele está cercado de pessoas que o apoiam, e isso que importa. Sandra conta que tem adorado o Brasil, fica muito feliz em conhecer cada vez mais um pouquinho da diversidade brasileira e que a própria rotina em casa tem sido muito mais leve com a mãe da Lari morando próximo e ajudando na educação do Otto. No entanto, ainda sente muita falta de terem amigas por aqui, sejam compartilhando a maternidade, a lesbianidade ou companhias para sambas e eventos pela cidade. Quando conversamos sobre o amor que constroem e também sobre as referências de amizade - suas amigas que ficaram no México - Lari conta que por ter vivido muitos anos uma relação heterossexual que estava num molde (que era feliz, tinha seus momentos ótimos, mas ainda sim estava num lugar confortável), então passou a descobrir muitas coisas quando amou outra mulher pela primeira vez. Foi num lugar de carinho imenso que a relação com Sandra aconteceu, e também de autoconhecimento. Nunca pensaram que se casariam, por exemplo, mas fizeram questão ao entender o significado disso, por questões políticas, sociais, burocráticas… pelo nosso merecimento ao amor. Brincam que existe um oceano que as separa e foi uma forma de irem deixando essas águas mais curtas. Hoje em dia, entendem que vem de realidades e culturas muito diferentes, mas instigam o melhor uma da outra. Sandra, por exemplo, sempre colabora para que Lari descubra um novo hobbie, possa sair um pouco da ideia de que só é mãe… Acreditam que o amor mora nesse lugar de incentivo, de parceria, família e crescimento. ↓ rolar para baixo ↓ Larissa Sandra
- Bruna e Tereza | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Tereza estava com 57 anos no momento da documentação, é natural de Aracaju, Sergipe e trabalha enquanto psicóloga, atuando no SUS pela rede de referência à saúde mental e na parte clínica. Enxerga a profissão como uma constante transformação, moldada por sua vida e suas linguagens corporais. Para além do trabalho, ama estar na praia, ler e tem retomado bastante alguns exercícios ao ar livre, como a calistenia (exercício que direciona o peso do próprio corpo). Bruna estava com 38 anos no momento da documentação e também é natural de Aracaju. Trabalhou por 15 anos como jornalista antes de migrar para a sua área atual, onde é bodypiercing. Começou pela vontade de tatuar, mas nas perfurações se encontrou. Hoje, na sala/estúdio que atende próximo de casa, vive uma rotina mais tranquila, celebrando essa mudança como um marco em sua saúde mental. No tempo livre, ama ficar com os bichos, ir à praia e sair para comer. A casa que residem hoje em dia - e que fizemos as fotos - é uma casa anexa à casa onde Tereza nasceu e cresceu. Construíram esse anexo para que ficassem próximas da mãe dela, que tinha 92 anos quando Bruna e Tereza se conheceram. Agora, estão em processo de construir um novo lar, num terreno que adquiriram e num estilo de casa simples e praiano, mais distante da região central, do outro lado do Rio Sergipe, em Aracaju. Foi no ano de 2010 que Bruna e Tereza se conheceram. Na época, Bruna tinha 25 anos e nunca havia se relacionado com mulheres, enquanto Tereza vivia um relacionamento de cinco anos. Apesar de interagirem pouco, notaram uma à outra, ou, como melhor diz Tereza: “Se registraram”. Bruna conhecia Tereza por ela ser professora de uma amiga, mas a vida de Bruna era bem diferente do que é hoje em dia: era marcada por padrões, formas conservadoras, participava de grupos religiosos e mantinha um estilo de vida tradicional. Com o tempo, Bruna foi mudando. Deixou a comunidade religiosa, passou a se relacionar com mulheres e, ocasionalmente, via Tereza em espaços em comum. Esses encontros a deixavam nervosa, sem saber exatamente o porquê. Em 2018, estava passando pelo término de uma relação, indo morar sozinha, quando passou pela frente da clínica que Tereza trabalhava e viu o imóvel para alugar. Mandou uma mensagem perguntando se estava tudo bem, e esse contato inicial fez com que trocassem algumas mensagens online. As conversas fluíram de forma natural, com músicas compartilhadas e assuntos diversos. Porém, nenhuma das duas admitia que algum sentimento começava a crescer. Bruna, buscava respostas com as amigas sobre o que as músicas enviadas poderiam significar e insistia que Tereza jamais teria interesse por ela, principalmente pela diferença de idades e suas vidas distintas. Até brincou que precisava passar um ano sozinha se curando e que não tinha vontade de se envolver com ninguém: "a única pessoa que mudaria isso seria Tereza, mas isso é impossível". Do outro lado, Tereza, já há três anos solteira após um longo relacionamento, estava aberta a novas experiências, mas também achava impossível que algo fosse acontecer entre ela e a Bruna, por conta das idades diferentes. O "impossível", contudo, já estava acontecendo. As músicas trocadas marcaram o início da relação de Bruna e Tereza. Era a forma sutil que encontraram de comunicarem o afeto que crescia ali. Bruna brinca que pareciam adolescentes, até que, finalmente, decidiram se encontrar para um jantar. Depois desse encontro, não se separaram mais. A intensidade das duas foi o que deu ritmo a tudo: logo vieram os processos de apresentação às famílias, e em novembro de 2019 decidiram se mudar para a casa onde vivem atualmente. A decisão foi motivada pela necessidade de Tereza estar próxima de sua mãe, que já tinha 92 anos. Contam como foi desafiador esse momento inicial. Querendo ou não, Tereza havia saído de um relacionamento de 11 anos, passou um tempo sozinha, e começou a viver um novo relacionamento que se dispôs a morar com ela e cuidar da sua mãe. Era outra dinâmica: conviver em família, dividir a casa. Porém, aos poucos, entenderam que precisavam de um espaço só para elas também… e foi nesse momento que construíram o anexo à casa - lugar que vivem até hoje. Com o tempo, adotaram duas cachorras (que se somaram aos dois gatos) e adquiriram o terreno onde atualmente constroem o lar que planejam compartilhar no futuro. O amor está na simplicidade em que Bruna e Tereza constroem o dia a dia juntas. A relação é leve e tranquila. Não se veem em outro lugar, querem seguir lado a lado, casadas, com amigos e famílias misturadas, elas se consideram grandes amigas e acreditam no respeito mútuo como base para manter o equilíbrio em casa. Para Bruna, a relação é um exemplo de amor para as crianças próximas, os colegas de trabalho e os amigos que se inspiram na forma como se cuidam. Bruna também se emociona ao falar sobre a felicidade de estar com alguém que tanto admira. Para ela, viver esse amor com Tereza é um sonho realizado. Ela se sente grata pela relação saudável que têm, pela paixão que compartilham e pela família que já construíram - com seus gatos e cachorras - e pela que ainda vão construir - num possível futuro com filhos. Tereza, por sua vez, fala com carinho sobre a naturalidade da relação. Conta que elas só se chamam de "amor", em qualquer lugar, seja na rua, em lojas ou em casa. É absolutamente espontâneo. Mas às vezes, percebe que para quem ouve isso soa inusitado, a pessoa fica: “Ei, essa ‘amor’ chamou aquela ali de ‘amor’”. Sempre que se despedem, também se beijam, nem que seja para ver algo em uma loja do shopping… e então percebem que talvez possam ter chocado alguém. Para ela, é uma alegria sentir essa liberdade podendo ser quem ela é. Afinal, é a primeira vez que vive esse nível de autenticidade numa relação, onde pode ser verdadeiramente ela para fora dos espaços seguros (em casa, entre os amigos…). Para ela, é como se seu corpo finalmente estivesse falando, mostrando o amor que sente. [isso que tereza diz é muito bom pra video 30 min] ↓ rolar para baixo ↓ Bruna Tereza
- Ane e Thelassyn | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Foi na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro onde Ane e Thelassyn se conheceram (e onde fizemos as fotos para o Documentadas), no polo de Nova Iguaçu, na baixada fluminense. Em 2018, quando Ane cursava história e Thethe cursava pedagogia, frequentavam muito os centros acadêmicos dos seus cursos e possuíam diversos amigos em comum. Contam o quanto gostavam de se envolver em tudo o que podiam na faculdade, inclusive na causa animal: no campus há diversos cachorros e gatos abandonados e então participavam dos coletivos que cuidavam dos bichinhos. Ane morava numa república e estava hospedando uma cachorrinha que tinha sido atropelada e precisava de cuidados, até que Thelassyn foi doar um remédio que estava faltando e se encontraram pela primeira vez. Ane achou Thethe linda demais, ficou encantada. Por mais que Thethe brinca que não tenha acontecido nada demais, só entregou o remédio e foi embora, depois disso se encontravam de vez em quando e Ane sempre ficava nervosa. Até que um dia, durante uma manifestação política por conta do Museu Nacional ter pego fogo, se encontraram e interagiram no centro do Rio de Janeiro, conversaram e foram juntas até o ponto de ônibus, onde deram um selinho. Uns dias depois aconteceria uma festa na faculdade e Ane convidou a Thethe, elas se arrumaram juntas, lá na república em que ela morava. Depois, na festa, quando Ane finalmente achou que elas iriam se beijar, Thethe chegou até ela e disse: “Minha amiga quer ficar com você!”. Ela não entendeu nada, respondeu que na verdade queria era ficar com a Thethe, não com a amiga. E enfim o beijo aconteceu. Depois da festa e do primeiro beijo, passaram o fim de semana conversando. Até que a semana começou e decidiram se encontrar na faculdade e, depois da aula, assistir um filme na casa da Ane. Na faculdade ficaram novamente - no local em que fizemos as fotos, inclusive - e depois foram para a república, na casa da Ane. No dia seguinte, quando acordaram, a Ane convidou Thelassyn para almoçar e assim tudo foi acontecendo… passou o dia, a noite, o dia seguinte… e foi ficando. Ela ia para a casa, pegava roupas, visitava e voltava para dormir com a Ane. Depois de 15 dias, já tinha ganho até uma gaveta no guarda-roupa. Num dia, na faculdade, estava acontecendo um evento no hall de entrada, então Ane pegou o microfone e pediu Thethe em namoro - mesmo que elas já estivessem com a gaveta compartilhada no guarda-roupa. Naquela época, contam que quando não estavam juntas na república, os amigos que dividiam casa até estranhavam. Foi então que, depois de dois meses, decidiram se mudar para uma “casa de verdade”. Querendo ou não, era muito ruim na república: muita gente, uma cama de solteiro, sem ventilador.. passavam muito perrengue. Conseguiram um apartamento próximo da faculdade, dividindo com uma amiga. A mudança aconteceu sem rede de apoio, começo de namoro, sem móveis, sem programação. Ganharam alguns eletrodomésticos, mas lembram que no primeiro dia não tinham nem vassoura, prato, copos… A vida no bandejão da faculdade salvou tudo. Passaram um ano morando neste apartamento. Foram comprando móveis usados, trabalhando muito… Até que conseguiram se mudar para uma casa só delas. Neste novo lar, adotaram duas cachorrinhas, fizeram suas primeiras viagens… Ao total, até hoje, já se mudaram mais de 6 vezes. Entendem que por mais que tenha existido muito perrengue, hoje em dia estão no lar que mais amam e que mais desejaram viver. No momento da documentação, Thelassyn estava com 28 anos, terminando as faculdades de pedagogia e enfermagem. Por mais que sejam áreas bastante diferentes, conta que deseja trabalhar com o que tiver mais demanda de trabalho primeiro, mas que se for com educação, sua prioridade é escolas públicas. Infelizmente na rede particular sofreu um caso de lesbofobia, sendo demitida depois de descobrirem o relacionamento. Ane, no momento da documentação, estava com 25 anos. Ela é natural de Campo Grande, no Rio de Janeiro e se mudou para Nova Iguaçu para fazer faculdade em 2016. Hoje em dia, cursa mestrado, também na UFFRJ, no campus de Seropédica. Lidar com as adversidades no cotidiano não é fácil, principalmente por serem pessoas bastante diferentes - Ane, por exemplo, sente que precisa de mais tempo para processar as coisas, enquanto Thethe é mais ansiosa e deseja resolver os problemas logo. É preciso cuidado para não desequilibrar ou se atropelar. Explicam que o que faz elas continuarem juntas é a vontade de continuar juntas. Parece simples, mas é o que define a grande determinação de passar por cima de todos os perrengues que já passaram em nome do amor que sentem. Explicam que o mais difícil é não ter uma rede de apoio presente, acabam sendo o apoio uma da outra e, como resultado, o impulso também para o amor que acreditam. No começo, foram muito criticadas. As pessoas falavam que o relacionamento não iria durar, tiveram que se afastar da família por não terem apoio (com exceção da avó e da irmã da The, que são boas aliadas)... foi muito difícil enfrentar tudo. Hoje, ficam felizes em relembrar o que viveram desde o início e ver como superaram e passaram por cima desses comentários mostrando o amor que vivem e o que estão disposta a viver, principalmente agora, que estão noivas. Sonham com o casamento, que pretendem realizar em breve, e se permitem planejar uma vida juntas. No Instagram, é através do perfil @morandocomela que relatam o dia a dia que vivem. Foi da vontade natural de registrar os detalhes do cotidiano, quase como uma documentação, que surgiu. Não numa linha influencer, mas de mostrar as conquistas, as fotos, gravar o que acontece, as cenas com as cachorras... No começo, Ane pouco aparecia, ficava envergonhada… hoje em dia adora. Thelassyn acredita que amar uma mulher é resistir sempre. Entende que o mundo ao nosso redor ainda é muito hetero, feito por pessoas héteros e para pessoas héteros. Quando se ama outra mulher e se mostra isso, se demonstra muita coragem. Ane faz o recorte racial quando fala sobre o amor que vivem, afinal, são um casal interracial e estudam sobre o amor também enquanto política - escolher quem você ama fala sobre quem você é e sobre o próprio racismo. Conversam muito sobre práticas, falas e sobre a Ane não ser uma “wikipédia preta”. Thethe está sempre disposta a quebrar os preconceitos que são culturalmente colocados em nós e assim encontram diversas formas de viverem um amor honesto. Entendem que a homofobia está em vários cantos, desde quando saem de casa de mãos dadas e os vizinhos olham diferente, até não serem convidadas para as festas de família - “As pessoas tentam fingir que não é, mas sabemos que é”. Tentam ressignificar todo dia, trazer amor para a relação delas a fim de lidar com as coisas ruins do mundo: não gritar, brigar o mínimo possível, buscar se entender e se respeitar ao máximo. Ressignificar com amor em vários espaços. Thethe fala sobre ver muito o amor no dia a dia, com as cachorras, em casa, na varanda com a chuva caindo. Ressaltam que sempre que chovia, nas outras casas que moravam, era um tormento porque alagava tudo e hoje em dia ter a casa com varanda fez a chuva virar uma alegria… Quando chove correm para observar juntas, é um momento só delas. ↓ rolar para baixo ↓ Thelassyn Ane
- Cintia e Carmen | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. ↓ rolar para baixo ↓ Cintia Carmen
- Qual é a desse lambe aí? | Documentadas
Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Toda mulher merece amar outra mulher. E esse lambe aí? Acreditando na potência do Documentadas para além das redes sociais e do mundo online, decidimos colocar o projeto na rua conversando com os espaços das cidades por onde passamos. Foi através das técnicas arte urbana como lambe-lambe e stickers que começamos a espalhar uma frase famosa por aqui: “Toda mulher merece amar outra mulher”, além de uma tiragem inicial de 300 fotografias de casais que já participaram do projeto, com intervenções gráficas escritas por cima e o @documentadas, identificando nosso Instagram/site. Estar na rua nos abriu a possibilidade de troca com públicos antes inalcançáveis. Passamos entre universidades, boêmias e comunidades. Se as mulheres amam outras mulheres em múltiplos espaços, acreditamos que nossa arte também deva ocupar múltiplos espaços. Tal fato foi - e está - sendo possível pela impressão/colagem por valores acessíveis (afinal, o projeto é independente) e também por permitirmos ouvir a linguagem das ruas. Seguimos monitorando os espaços colados através da localização nas redes sociais, vendo postagens com fotos que as pessoas tiram deles e quais são as reações positivas/negativas ao ver essa manifestação. POR QUE NOSSOS LAMBES NÃO DURAM NAS RUAS? Nossos lambes são arrancados, vandalizados, riscados… Isso fala sobre muitas pessoas ainda serem lesbofóbicas e terem ódio ao saber que duas mulheres podem - e merecem - se amar em público, infelizmente. Porém, em nenhum momento um lambe riscado é arrancado para que outro seja colado em cima, pelo contrário: é importante deixar ali para que o preconceito também fique escancarado perante uma manifestação de afeto les-bi. Não deixaremos de colar nossos cartazes e adesivos. O Documentadas é uma forma de combate ao preconceito, enquanto houver cartaz, cola, pincel e adesivo, estaremos colocando nossa arte na rua e ouvindo o que a rua tem a nos dizer. QUER COLABORAR COM O DOC PARA QUE ELE TENHA MAIS LAMBES POR AÍ OU NOS CHAMAR PARA UMA EXPOSIÇÃO EM ALGUM LOCAL? ENTRA EM CONTATO PELO SITE OU NO E-MAIL: FERNANDA@DOCUMENTADAS.COM
- Clarissa e Roberta | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Clarissa estava com 31 anos no momento da documentação, é natural de Carpina, cidade interiorana de Pernambuco. Chegou em Recife para fazer faculdade de farmácia, fez um intercâmbio para o estado de Minas Gerais onde passou um ano e meio lá estudando - e conhecendo um pouco mais de si, do mundo, tendo influências positivas diferentes das que possuía na cidade pequena ou em Recife - e quando voltou já se sentia muito diferente. Começou a viajar mais pelo Brasil, se inscreveu em congressos e cursos, aconteceram também suas primeiras experiências com mulheres, seu primeiro relacionamento e, assim, morou em outras cidades… sentiu que passou a conhecer mais quem ela era de verdade. Depois do seu primeiro relacionamento não ter dado certo e não ter sido tão bom quanto esperava, decidiu voltar para Recife, e voltou com um olhar totalmente diferente daquela primeira vez quando chegou. Se reconectou com a cidade, conheceu novas pessoas e se permitiu fazer uma viagem que sempre sonhou: para a Amazônia. Quando voltou: conheceu Roberta. Hoje em dia, moram juntas e parte do seu trabalho é compartilhado em casa com ela, numa sala com máquinas impressoras 3D montando recursos terapêuticos para auxiliar pessoas com dificuldade em mobilidade. Roberta estava com 28 anos no momento da documentação. Ouvindo Clarissa contar sua parte no momento da nossa conversa, ela comenta que seu momento de descoberta não foi assim aos poucos como o da companheira, sempre se viu 100% hétero. Suas amigas comentavam que ela deveria ficar com meninas para experimentar, mas ela nos padrões heteronormativos não concordava, até comentava que achava uma mulher ou outra bonita, mas era admiração, não atração. No íntimo, confessa: tinha curiosidade, mas não pensava em explorar. Pensava que se encontrasse uma mulher que realmente chamasse a atenção ela se permitiria, enquanto isso, não pensaria sobre. Foi um processo de muito autoconhecimento até se relacionar com Clarissa. Roberta é natural de Recife, morou muitos anos em Jaboatão dos Guararapes e fez uma especialização enquanto terapeuta ocupacional em reabilitação física. Hoje em dia, é responsável pela Ocupacional 3D, onde fazem os produtos citados no início do texto e também dá palestras e cursos sobre recursos terapêuticos. Quando Clarissa chegou em Pernambuco após a viagem, era época de São João e decidiu instalar um aplicativo de relacionamentos para encontrar alguém e ir nas festas dançar um forrozinho. Foi assim que conheceu Roberta. Na época, Roberta já havia desconstruído - ou melhor, construído - um pouco a ideia de se relacionar com mulheres, já passara por algumas experiências e entendeu que poderia, sim, estar numa relação com uma mulher. Às vezes deixava seu app voltado para homens, às vezes para mulheres… não tentava se enquadrar em algo. E em 2023 estava num momento de cura, depois de períodos difíceis vividos em 2021 e 2022, queria conhecer pessoas novas. O primeiro encontro foi o bastante para entender que iriam se conectar (o primeiro mesmo que deu certo, ainda bem! Porque o primeiro que a Clarissa havia sugerido era um encontro que nitidamente daria errado, uma ação social de catar lixo no rio…). Mas ufa, o primeiro encontro foi o forrozinho sonhado, conversas com conexão e tudo mais. Até comentaram com os amigos que provavelmente iriam ouvir falar mais o nome uma da outra nas conversas… porque provavelmente não seria algo passageiro. Continuaram se encontrando, descobriram coisas semelhantes, foram sentindo que tudo poderia virar um namoro, mas não falaram sobre isso diretamente, aos poucos introduziram o assunto, até que um mês depois estavam de fato namorando. Depois do início do namoro, passavam muito tempo juntas. Não ficavam mais de três dias sem se encontrar. Foi quando decidiram dividir o lar. Cerca de um ano depois, já estavam noivas. Num pedido de casamento, Clarissa criou um cordel inspirado na história delas e presenteou Roberta. O São João é muito significativo para elas, afinal, é a data que se conheceram e o período preferido do ano. Mas não podemos deixar de citar: entre os presentes, desde o começo do namoro Clarissa se destaca pelas ideias criativas. Tudo foi caminhando com intensidade, afirmam a rapidez quando relembram, mas entendem que o aprofundamento da relação foi feito à vontade. A própria família da Clarissa, que nos outros relacionamentos nunca se aproximou, fez questão de conhecer a Roberta e estar próxima durante a mudança, conhecendo o lar que elas moram. Para elas, isso mostra o quanto esse relacionamento é diferente. Apesar da família ainda ter seus limites, é muito importante ver como tudo já caminhou com disposição, como as pessoas ao redor já mudaram suas percepções e seus preconceitos nesses últimos anos através do amor. Roberta conta que no começo ela sentia bastante medo da rapidez e da proximidade, mas que de alguma forma se sentia à vontade e gostava do que vivia, queria dar uma chance para essa relação. Por mais assustadora que fosse a velocidade, praticamente avassaladora, possuía a sensação de que já se conheciam. E não queria mais estar distante. Foi estranho ver uma pessoa chegando “de mala e cuia” na sua casa aos poucos, encaixando suas coisas, compartilhando sua rotina. Depois seria estranho não ter mais essa pessoa. Hoje explica como foi importante a existência da Clarisse na sua vida para tantas outras coisas, como a questão das impressoras 3D que possuem em casa, que ela sempre sonhou em ter para fazer os produtos com adaptações para pessoas com deficiência. Foi Clarissa quem incentivou a busca pelo sonho e hoje são companheiras de estudos e sócias, criaram a empresa da Roberta, que explica o quanto o trabalho a salva diariamente. Ela é uma pessoa que se move pelo cuidado, seja com a família ou os amigos, está sempre zelando por quem ama. É dedicada e sente que isso está na sua cultura, aprendeu a ser assim desde criança, tanto que escolheu essa profissão. Fizemos questão de documentar esse sonho nas fotos também, nessa parceria num dos quartos de casa é onde mora uma parte muito grande desse amor. ↓ rolar para baixo ↓ Clarissa Roberta
- Fernanda e Talita
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Fernanda e Talita se conheceram no início de 2014, apresentadas por um amigo em comum - o melhor amigo de ambas. O interesse surgiu aos poucos, mas nenhuma das duas falou nada no começo, achando que poderia ser coisa da própria cabeça. Fernanda já tinha experiência em se relacionar com mulheres, então Tatá achou que, se houvesse algo ali, ela tomaria a iniciativa. Mas foi o contrário: depois de meses nessa dúvida silenciosa, Tatá percebeu que precisava agir. No verão de 2015, finalmente ficaram juntas. Na época, Talita morava em São Paulo, onde fazia residência médica. Fernanda, por outro lado, sonhava em se mudar para lá, mas a vida deu uma reviravolta. Tatá decidiu voltar para Maceió, e Fernanda acabou ficando também. Foi uma escolha que transformou tudo, e de lá para cá, já se passaram quase dez anos de companheirismo, desafios e conquistas. O início do relacionamento foi um processo para Talita. Demorou um tempo para aceitar que estava apaixonada por uma mulher, e até mesmo quando voltou para Maceió não foram de cara morar juntas. Passaram alguns meses morando em lugares diferentes, até que, em 2017, compartilharam o lar. Quando finalmente assumiu esse sentimento, não teve mais dúvidas e encarou tudo sem olhar para trás, de cabeça erguida, principalmente pelos preconceitos familiares. Entendem, também, que morar juntas trouxe a oportunidade de se conhecerem de verdade, lidando com as diferenças e descobrindo o quanto se parecem em visão de mundo, mesmo tendo personalidades diferentes. Fê lembra de uma conversa que aconteceu com Tatá logo no início sobre o machismo e como aí ela percebeu que, ao se relacionar com uma mulher, os desafios e as trocas eram diferentes. Até compôs uma música na época, falando sobre compartilhar tanto as alegrias quanto os momentos difíceis - e o relacionamento trouxe essa conexão profunda, onde não apenas se amam, mas também se apoiam em questões que só elas entendem. Tatá nunca havia morado com alguém antes, enquanto Fernanda já tinha experiência em dividir um lar com outras companheiras. No início, Fernanda fez questão de deixar espaço para que Tatá se adaptasse sem pressão, mas riem lembrando como eram diferentes as vivências. Ela admira o jeito da Tatá que está sempre disposta a crescer e se transformar, sem medo da mudança. “Tem coisas que a gente não consegue mudar, mas a maioria dá para ajustar”, diz Fernanda, reconhecendo que essa abertura para evoluir é um dos traços mais bonitos de Tatá. Fernanda entende que não é fácil mudar: as pessoas são mais resistentes à mudança, mas que Tatá muda porque entende que a mudança a torna uma pessoa melhor (e que sempre está disposta a ser melhor). É um desprendimento muito interessante. E uma das coisas que mais admira nela. Cartola, o cachorro, é parte essencial da família que construíram juntas. Fazem questão de levá-lo para todos os lugares possíveis, sempre respeitando seu bem-estar, reforçando esse vínculo. Ele as acompanha em shows, restaurantes, encontros com amigos e passeios. Para elas, amor está na lealdade e na confiança, no equilíbrio entre o vínculo profundo e a liberdade individual. Não precisam estar juntas o tempo todo, fazer tudo lado a lado, porque o amor não é sobre posse, mas sobre autonomia. “A gente ama quem a pessoa é e dá autonomia para que ela continue sendo, e isso faz com que o amor permaneça.” Essa segurança mútua torna a relação duradoura, sem a necessidade de provar constantemente algo que já está solidificado. Sentem orgulho em inspirar outros casais e reconhecem a amorosidade particular dos relacionamentos entre mulheres. Criadas por mulheres fortes, aprenderam a escutar e acolher. Suas histórias ajudaram a transformar as famílias, quebrando barreiras de preconceito e culpa cristã. Hoje, são admiradas pelos que antes hesitavam em aceitar. Demonstraram que o amor não precisa se restringir a guetos, que podem ocupar qualquer espaço, vivendo uma relação bela e legítima, sem constrangimento ou necessidade de esconder quem são. Fernanda estava com 43 anos no momento da documentação. É natural de Maceió, sempre foi cantora, desde a adolescência, e a música virou sua profissão e sua vida. Mas em determinado momento, sem perceber, passou a ouvir música apenas como estudo ou trabalho, perdendo o prazer diário da escuta que antes sentia. Foi Thalita quem a fez reaprender a ouvir música com emoção, a cantar alto, a abrir os braços para sentir o som. Um resgate que trouxe de volta muitas sensações sobre a música enquanto arte, não apenas trabalho na sua vida. Além disso, ama praia - seria muito difícil mora longe a água - e ama passar o tempo com Cartola, seu cachorro. Talita estava com 40 anos no momento da documentação. É médica cardiologista pediátrica, equilibra sua rotina intensa na medicina com os momentos que compartilha com Fernanda. A música é o que as une: cantam juntas, fazem carnaval, organizam blocos. Se estressam no processo, mas no fim do dia dormem juntas, acordam e encontram no amor um alívio para os desafios. Vivem Maceió, entre consultas e palcos, o amor e a arte se entrelaçam. Fundaram um bloco de carnaval na cidade muito importante para a narrativa da diversidade, fazem questão da população LGBT+ ser ouvida e acreditam que isso reverbera para diversos corpos e para a história da cidade ser cada vez mais reconhecida. ↓ rolar para baixo ↓ Talita Fernanda
- Ingrid e Cecília
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Ingrid estava com 33 anos no momento da documentação. É natural de Pelotas, mas passou boa parte da vida adulta em Florianópolis, sempre alimentando o desejo de viajar. Sua primeira experiência com a estrada veio aos 21 anos, durante um intercâmbio na Austrália, onde vivenciou um motorhome pela primeira vez. Quando voltou, quis se aproximar da natureza e sonhava em ter uma Kombi, mas focou na carreira e adiou esse plano. Ainda assim, as viagens eram sua prioridade: trabalhava para poder estar sempre viajando. Foi há cerca de quatro anos que a Kombi Luz chegou, tornando-se um verdadeiro projeto de vida. Na época, já tinha o Teddy, um de seus cachorros, e também o Godinez, que faleceu em 2023. Com o tempo, sua vontade de se dedicar integralmente à estrada cresceu, então ela vendeu sua parte na empresa em que trabalhava e hoje em dia trabalha criando conteúdos para o YouTube, registrando o dia a dia com Cecília na moradia delas na Kombi atravessando o Brasil. O projeto trouxe um reencontro com o jornalismo, sua formação, e a sensação de finalmente concretizar o sonho que sempre teve. Cecília, no momento da documentação, estava com 30 anos. Nasceu em Itajubá, Minas Gerais, mas passou parte da vida em Taubaté. Não foi criada com uma referência de vida na estrada, mas passou por um momento divisor de águas que a fez enxergar a vida por outro lado: perdeu o pai aos 15 anos. Amadureceu, viveu um luto precoce e tudo a fez entender que ele era um homem cheio de sonhos, mas que infelizmente não teve a oportunidade de realizá-los, então queria ser uma pessoa diferente, se viu movida pela sede de viver. Sua percepção por viagens começou quando ela foi morar e trabalhar fora do Brasil, conhecendo um mundo bem diferente do que a vida e a cidade morava. Lá, guardou dinheiro, planejou mochilões, mas dias antes de começar suas novas viagens recebeu a notícia do falecimento da sua mãe. Decidiu voltar ao Brasil, fez uma pausa nos planos para se reorganizar e se reconectar com sua família e consigo mesma. Com 25 anos, já não tinha mais os pais e precisava redescobrir seu caminho. Cecília, depois de optar ficar no Brasil, se mudou para Ubatuba e trabalhou por um tempo enquanto representante de vendas, fazendo assim diversas viagens. Depois de um tempo, comprou uma caminhonete e adotou a Brisa, sua companheira de estrada. Junto de uma amiga, decidiu dividir uma vida de viagens por um tempo, e, reunindo outros amigos, compartilhou um desejo de se mudar para Florianópolis. Foi quando decidiram fazer a mudança e irem juntos. Em 2022, apenas dez dias depois de Cecília chegar a Florianópolis, ela e Ingrid se encontraram por meio de um aplicativo de relacionamentos. Desde o início, perceberam que suas vidas se encaixavam: Ingrid já estava no momento de largar tudo para cair na estrada, enquanto Cecília já havia vivido essa experiência. Ingrid brinca que, naquela época, a Kombi Luz era uma kombi de solteira - um espaço que tinha até mini biblioteca, sem a ideia fixa de ser uma casa. Mas o primeiro encontro dela com a Cecília já dizia muito: um pôr do sol na Kombi. A primeira grande viagem foi até Pelotas, cidade natal de Ingrid. Na época, ainda não tinham um status definido para a relação, mas Cecília foi apresentada ao pai de Ingrid. O plano era passar apenas alguns dias, mas ao chegarem, perceberam que algo não estava bem: o pai de Ingrid recebeu um diagnóstico de depressão e o que seria uma visita rápida se tornou um período de um mês dando suporte e cuidado. Elas e os três cachorros começaram a vivenciar a kombi enquanto casa. Cecília precisou retornar a Florianópolis, Ingrid ficou um pouco mais. Esse período trouxe muitas reflexões sobre a brevidade da vida, sobre momentos difíceis que já viveram e o desejo de viver intensamente. Mesmo sem uma longa história juntas, já tinham dividido muito - entre se conhecer, passar tantos dias juntas, mudanças e novas perspectivas. E foi justamente nessa intensidade que perceberam que queriam continuar seguindo viagem. Pouco tempo depois de passarem um tempo em Pelotas com o pai de Ingrid, o cachorro mais velho dela, Godinez, faleceu. Depois disso, ela voltou para Santa Catarina, percebeu as melhoras do seu pai e decidiu que oficialmente queria morar na Kombi. Foi então que organizou suas coisas no emprego fixo, tudo foi somada à demissão da Cecília do seu emprego e decidiram seguir o sonho juntas. A primeira grande viagem foi para o Rio de Janeiro, depois voltaram para Florianópolis para passar o ano novo com o pai da Ingrid (que foi até lá também) e no início de 2024 deram inicio, de fato, a morar 100% na kombi, sem mais apartamentos e outras casas. A transição para a vida na estrada aconteceu de forma gradual. No primeiro mês, acabaram morando na Kombi sem planejar, enquanto estavam em Pelotas. Depois, na viagem até o Rio, a experiência foi mais estruturada, mas ainda mantinham o apartamento. Ao voltar para casa, esperavam sentir alívio pelo conforto, mas perceberam que a sensação de pertencimento estava mesmo era na estrada. O lar, de fato, era a Kombi. A vida nômade fazia cada vez mais sentido, mas, talvez se tivessem tomado a decisão de uma hora para outra, não tivessem se sentido tão bem na kombi. Desde então, percorreram o Rio Grande do Sul, exploraram bastante Santa Catarina e subiram até o Nordeste. No caminho, fizeram um desvio para Minas Gerais, onde aprimoraram a Kombi. E foi em Alagoas que finalmente nos encontramos para registrar essa história (depois de várias tentativas de cruzarmos nossos caminhos entre o sul da Bahia e Maceió). A vida na estrada trouxe para Ingrid e Cecília a descoberta de um Brasil interiorano que nem imaginavam - e ainda melhor, o gosto pela vida interiorana. Entre uma viagem e outra, encontram cidades que não estavam nem no mapa, acampam em lugares lindos e tranquilos, e se encantam com a calmaria que só quem viaja sem pressa pode viver. Os cachorros também se adaptaram bem… na verdade, até estranham quando chegam em cidades grandes, sem saber lidar com tanto estímulo de som e movimento ao mesmo tempo. Sem prazos rígidos, vão sentindo cada lugar. Têm um roteiro em mente, mas se um destino as cativa, se permitem ficar mais. Criaram uma rotina própria, independente de onde estão, e isso dá uma sensação de estabilidade mesmo com a estrada. Para elas, o amor está presente em cada detalhe do cotidiano. O romantismo vira só um detalhe, porque a conexão é muito mais profunda. Relacionamentos entre mulheres têm essa intensidade - é o que dizem. E, para além da intensidade, têm a resistência. Em muitos lugares por onde passam o preconceito ainda é muito forte, mas fazem questão de seguir de mãos dadas. E, quando falam em mãos dadas, entendem que seguem de mãos dadas com os amigos também: as redes de apoio que seguem firmes, mesmo à distância. Se elas precisarem ou se os amigos precisarem, basta uma ligação. Fazem de tudo uns pelos outros. Já passaram por situações difíceis na estrada, e a presença dos cachorros não é só companhia, mas também segurança. Acima de tudo, o amor entre elas e a família que estão formando é força. É ele que as impulsiona a continuar vivendo esse sonho. ↓ rolar para baixo ↓ Cecília Ingrid
- Marina e Patrícia | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Patrícia, no momento da documentação, estava com 35 anos. É natural do Rio de Janeiro e trabalha em uma empresa de máquinas de cartões, enquanto líder de equipe de atendimento ao cliente. Ama praia, música, sair e ir até o bairro boêmio do Rio (a Lapa), assistir desenhos animados e estar com os amigos. Marina estava com 32 anos no momento da documentação. Também é natural do Rio de Janeiro, trabalha em uma empresa de moda, na área de logística, e gosta de passar seu tempo livre assistindo vídeos no YouTube, pesquisando coisas relacionadas à natureza e praticando esportes. Adora caminhar pela rua, ver pessoas e é apaixonada por assuntos holísticos e espirituais. Elas costumam dizer que não estão uma contra a outra, mas sim as duas contra o que for. Mari acredita que é uma pessoa que precisa parar para pensar, enquanto Pati precisa falar primeiro, mas fazem o tempo todo o exercício de caminhar ao contrário: uma para para pensar enquanto a outra tenta verbalizar. Se esforçam ao máximo para ter conversas difíceis, que impactam, porque entendem o quão importante é. E ressaltam que não tinham vivido algo assim até hoje. Aprendem, nessa relação, que amar é estimular o crescimento espiritual uma da outra. É o que mais acontece diariamente, mas não é linear: a vida em si implica altos e baixos. Estão juntas nesses processos e são neles que encontram as confianças que possuem. Neles, também, desenvolveram a liberdade em dizer não. Se permitem vivenciar, dividir tarefas, impor limites, saber seus direitos e suas vozes e, principalmente, amar todas as suas versões, respeitar o que verdadeiramente são. Foi em 2020 que Marina e Patrícia se conheceram, sendo colegas na empresa que Pati segue trabalhando até hoje. Chegaram a compartilhar o cargo de liderança, se tornando amigas, mas nunca muito próximas, até que em 2021 Patrícia tirou férias e quando voltou soube que Marina foi desligada da empresa. Teve uma crise de choro abrupta, ficou muito triste, mas nunca chegou a mandar uma mensagem, viveu aquela tristeza em silêncio. Por mais que não fossem super amigas e tivessem vidas bem diferentes - Marina era bem tímida enquanto Patrícia era muito sociável, vivia saindo com os colegas - rolava uma admiração mútua muito presente entre elas, e por isso se mantiveram nas redes sociais. Passados alguns meses, a vida da Marina seguiu diversos rumos diferentes e num dia ela resolveu mandar uma mensagem para a Patrícia perguntando o seguinte: “Amiga, como mulheres com mais de 30 anos, solteiras, flertam?”. Patrícia respondeu: “Olha, não sei, tô solteira há 10 meses e se eu soubesse eu não tava, né?!... “ Mas resolveu dar umas dicas de aplicativos de relacionamentos, flertes etc. Na versão da Mari, ela estava se curando porque passou por um período bem mal mentalmente e pensou na Pati porque era uma referência de pessoa legal pra ela, bem relacionada, queria voltar a ter pessoas legais por perto e também estava aproveitando sua própria companhia, a solitude… Pati aproveitou a retomada de contato e chamou-a para ir no seu aniversário, pensando que ela jamais toparia, já que não saía nem quando trabalhavam juntas… até que Marina topou, mesmo indo sozinha. Alugou um hotel na Lapa para já passar o final de semana pelo centro, poder beber sem pensar em voltar para o bairro mais distante que morava, foi pra curtir mesmo, sem passar perrengues. Quando ela apareceu no aniversário, Patrícia não acreditou. Estava dando atenção para os convidados, mas focada na Marina (e muito nervosa). Um amigo disse que ela estava dando mole, Pati foi ficando em pânico e o amigo incentivou, depois de muita insistência, elas se beijaram e aconteceu - até demais. Se beijaram a festa toda! Foi no aniversário dela, em 15 de julho de 2023, que tudo começou. E desde então: beijou, noivou, casou. Mari explica que quando entrou lá no aniversário sentiu: “Não sei o que tá acontecendo mas… Tô apaixonada pela Patrícia”. Patrícia fala sobre a insegurança, ela jamais esperava que a Marina estaria querendo ficar com ela. Teve a iniciativa de comprar 10 tequilas para todos beberem e ela e a Marina também, assim isso as aproximaria para o beijo acontecer. E mesmo com as bebidas, com os amigos em volta, Pati ainda estava paralisada, tinha medo de dar tudo errado. No fim, depois de dar certo e ficarem a festa toda, cada uma foi embora (Pati com as amigas e Mari para o hotel). No dia seguinte, sábado, Pati foi para a festa de família… e domingo, para um samba na feira com outros amigos. Queria muito mandar mensagem para a Marina, mas os amigos falaram para ela não mandar em tom de crítica, “porque sapatão já quer ficar junto, namorar etc”. Ela passou o dia esperando um sinal da Marina, um post, qualquer coisa… mas era óbvio que Marina não iria postar nada, estava em casa, geralmente não postava. Em resumo: ficou triste no samba, esperando uma mensagem chegar. Segunda, Marina, que também esperava uma mensagem, sinal de fumaça, ou qualquer coisa semelhante, tomou iniciativa: postou uma música que Patrícia gostava, esperando a interação acontecer. E deu certo. Logo nos primeiros dias, os amigos da Patrícia já estavam totalmente contra qualquer início de relação que poderia ser, pois achavam que ela poderia se machucar. Patrícia havia terminado um relacionamento longo há poucos meses e não havia se relacionado com muitas mulheres depois disso, entrar de cabeça numa relação era arriscado e ela já estava envolvida por uma mulher que tinha beijado apenas uma noite, por mais que conhecesse há anos, então eles eram totalmente contra. Mas de que adiantava falar? Ela continuava envolvida. Elas seguiram conversando e queriam muito se encontrar, mas não sabiam como. Foi numa conversa que Pati contou o quanto amava praias, sonhava morar em Búzios e disse que gostaria de estar com a Marina numa praia em algum momento. Ela respondeu que já estava nessa praia, era só dizer o dia e a hora e elas marcaram para o domingo seguinte. Quando chegou, Pati foi até um quiosque (onde nos encontramos para fazer as fotos), estava muito nervosa e bebeu uma cerveja como se fosse água no deserto. Sentia que Marina não chegava nunca, mandou uma mensagem para a amiga, dizendo: “Por que caralhos mulher atrasa?” E Marina chegou, vestindo a mesma roupa que usava no dia que nos encontramos para documentar essa história, lendo a mensagem por trás dela, dizendo em voz alta: “Não tô atrasada”. Mesmo com o nervosismo e o susto no primeiro momento, elas comeram, beberam, tiveram um encontro ótimo. Ficaram horas no quiosque. Foram na praia. Reservaram um hotel à noite, ficaram muito nervosas o dia todo. E deu tudo certo. Depois do primeiro encontro, seguiram se encontrando com maior frequência, trabalharam juntas no formato híbrido, um mês depois Pati pediu Marina em namoro (em agosto) e em outubro, numa viagem para Búzios, estavam no show do Leoni, cantor que a Pati adora e Marina olhou pra ela de um jeito muito diferente, depois perguntou qual era o lugar favorito dela da cidade e foram até o píer. Lá, ficou muito nervosa e soltou logo de uma vez: “Quer casar comigo?”. Tudo muito rápido, por mais que cheio de detalhes envolvidos, só aconteceu. Em janeiro de 2024 foram morar juntas em Oswaldo Cruz, bairro carioca, próximo à família da Marina. Sentem que a família têm sido um suporte imenso e admiram muito o que constróem juntos, não pensam mais em ir para outro bairro, estar próximos deles é qualidade de vida. Em fevereiro casaram no cartório e afirmam: foi a melhor coisa que já fizeram. No começo, não pensavam em engatar o namoro, mas aconteceu… e conversavam muito sobre isso, sobre o medo que possuíam, sobre como era importante conhecerem as famílias, entenderem seus processos, e aos poucos viram que queriam mesmo estar juntas. Foi muito claro. Sentiam que não tinham mais tempo a perder, o que sentiam estava nítido. ↓ rolar para baixo ↓ Patrícia Marina
- Angélica e Jaque | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Angélica, no momento da documentação, estava com 34 anos. Ela é natural de São Miguel do Iguaçu, uma cidade no interior do Paraná, mas mora em Criciúma - Santa Catarina há bastante tempo. É apaixonada pela escrita, gosta de escrever poemas, ler e passar tempo com os seus bichinhos em casa. É formada em letras e trabalha na UNESC, universidade pertencente à cidade de Criciúma, no setor de educação e design instrucional. Sua função é receber o material didático que será passado ao aluno na modalidade de educação à distância e preparar este material para que ele fique mais didático, com elementos, esquemas, imagens, deixando-o mais interessante pensando no autoestudo do aluno, visto que ele estará estudando em casa sozinho. Além disso, Angélica também trabalha com a Jaque, sua companheira, enquanto produtora dos eventos que ela canta e toca. Ela monta o equipamento, cuida do som, faz alguns registros para redes sociais e faz os contatos para fecharem os próximos shows. Quer muito fazer da sua produtora um trabalho fixo, e inclusive, quando nos encontramos para a documentação ser feita, iria acontecer nos dias seguintes o primeiro evento oficial criado por elas. Jaqueline, no momento da documentação, estava com 25 anos. É natural de Sangão, interior catarinense, mas atualmente mora em Criciúma com Angélica. Estuda psicologia e trabalha como estagiária no setor de arte e cultura da UNESC, universidade já citada acima. Aos finais de semana se dedica aos eventos em que trabalha fazendo shows em estilo voz e violão ou com a sua banda. Adora cantar e observar as pessoas enquanto canta, além disso, sempre que pode está assistindo algum show e pegando referências para o seu próprio trabalho. Angélica levava uma vida bastante agitada quando conheceu Jaque. Conta que só queria saber de sair, beber, beijar na boca… Inclusive, estava procurando mulheres para beijar quando encontrou no Twitter um link que levava à um grupo e Whatsapp chamado “SAC Sapatão”. Lá havia gente do Brasil todo e logo perguntou: “Tem algum DDD 48 aqui?”. Alguns dias depois a Jaque respondeu ela no privado, falou: “E aí, Criciumense?!” porque já tinha visto o papo se desenrolar lá no grupo. Passaram duas semanas conversando sem parar, até que resolveram marcar um encontro para se conhecer em que Angélica buscaria a Jaque em sua cidade, próxima à Criciúma, elas beberiam em Criciúma e depois ela a levaria de volta. A questão foi: elas só beberam. E Jaque, pobrezinha, estava cheia de fome, pingava de bar em bar com a Angélica contando mil histórias e bebendo… e só via as comidinhas passando para as outras mesas. Jaque era muito tímida, não disse nada, mas também não comeu. Chegou em casa com fome, achou o date ruim. Deram um beijo na despedida e isso foi o bastante para Angélica, que não tinha noção da fome da Jaque, pensar: “Yes! Arrasei!”. Jaque resolveu dar mais uma chance, se encontraram novamente e dessa vez teve até uma bolachinha dentro do carro, caso a fome batesse. Foram até a cidade de Tubarão, próximo onde Jaque morava, para viverem uma festa. Na época, já se sentiam bastante envolvidas. Angélica via a Jaque cantando nos vídeos e sentia a paixão chegando, mas os amigos não colocavam fé, para eles era só mais uma paixão passageira. A partir do segundo encontro em que foram na festa e que depois da festa dormiram juntas, sentem que algo começou a se firmar. Se encontravam com frequência, Jaque na época cursava uma faculdade em Criciúma e isso fazia com que estivessem sempre juntas… Mas Angélica seguia com o seu jeito agitado, querendo sair e curtir a vida, até que foi preciso entender que não dava para continuar com tanta intensidade assim, foi “sossegando” aos poucos. Do momento em que se conheceram até o começo do namoro foi bem rápido, entre janeiro e fevereiro de 2019. Logo no começo, também, já se apresentaram para as famílias, compraram alianças de namoro e foram seguindo a relação, até que depois de alguns meses entenderam que namorar morando em cidades diferentes estava ficando muito difícil. Jaque se mudou para Criciúma e foi morar com Angélica, se estabilizou num emprego e a vida recomeçou… Até começar a pandemia de Covid-19, onde trabalhavam de casa e passavam o dia inteiro juntas. No meio de tudo o que viviam, para garantir direitos e também celebrar o amor que resistia em tempos pandemicos, casaram-se no papel. Queriam fazer uma grande festa, mas não foi possível. Contam, rindo, que saíram do trabalho num dia chuvoso, foram até o cartório assinar um papel e assim que saíram de lá comeram uma coxinha e beberam uma coca-cola, foi a forma de comemorar. Quando nos encontramos para a documentação haviam recém trocado as alianças de namoro para de casadas, mesmo depois de alguns anos, porque queriam ter condições financeiras para comprar alianças legais. Estavam felizes com isso e fizeram questão de registrar nas fotos. Por mais que já passaram por muitas coisas boas juntas, existem também as difíceis, como a própria pandemia. Angélica perdeu a avó, uma das pessoas mais importantes da sua vida, e por conta do trauma desenvolveu alguns medos e fobias. A relação passou a significar apoio para além do romântico, Jaque se tornou um suporte imenso, um cuidado e ajudou no entendimento desses medos, de viver esse processo. Juntas, elas se apoiam em tudo. É nesses momentos que enxergam o amor de forma clara, refletido no cuidado, companheirismo, ajuda diária a enfrentar a vida. Angélica conta que acorda mais tarde, então Jaque tem todo o cuidado de preparar o café, pensar na rotina uma da outra, deixar os lanches prontos… E isso fala muito sobre apoio. O amor não precisa estar sempre no afeto físico. Ele está, também, na forma que elas sonham em viver da música e fazem o sonho virar realidade, investem em equipamento, em editais de cultura, vão atrás de shows para fazer… em toda a vez que dão as mãos e acreditam uma na outra. Falamos sobre trabalharem juntas, morarem juntas, viverem uma rotina muito intensa. Até para a própria documentação acontecer, batalhamos por um horário. E foi aí que citaram a maior dificuldade que passam atualmente: o cansaço que a rotina demanda. Existem alguns meios que recorrem para que isso não pese tanto, como a terapia, as longas conversas - nunca se veem brigando ou discutindo, mas conversando. Confiam muito uma na outra e isso é o que as movimenta, que mantém tudo em segurança. Se a rotina já é pesada, não querem que a relação também vire um peso. Angélica tem muito cuidado com a limpeza e cita que às vezes sente necessidade de limpar, ainda mais com os bichos em casa, não quer deixar o ambiente sujo para a convivência deles. Mesmo chegando exausta, arrasta os móveis, começa a limpeza… E a Jaque “pega junto”, em suas palavras, para limpar. Não era o que gostariam, prefeririam o descanso, mas reconhecem como a ajuda faz a diferença. Isso também fala sobre o amor, sobre poder contar, sobre não deixar de lado. ↓ rolar para baixo ↓ Angélica Jaque
- Página de erro 404 | Documentadas
404 error vish maria. como você veio parar aqui?! nem eu, que sou o site, sabia que essa página existia. acho que isso é um erro. vem cá, vamos lá para o início. o lugar que você queria chegar é outro, né? pesquise aqui o lugar que você deseja
- Nayara e Mayara | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. ↓ rolar para baixo ↓ Nayara Mayara
- Barbara e Isadora | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. ↓ rolar para baixo ↓ Bárbara, no momento da documentação, estava com 30 anos. Trabalha enquanto comissária de bordo e é apaixonada por viajar. Antes de ser comissária, foi tatuadora e trabalhou bastante tempo com arte, começou pela necessidade de juntar dinheiro, foi seguindo a profissão e fez carreira, até fechar o estúdio durante a pandemia de Covid-19. Hoje em dia, a arte segue nos detalhes da sua casa, na decoração que faz, nos móveis que transformou e quando dança com a Isa pelos cômodos. Mas sua rotina mesmo, é voltada ao sonho de conhecer o mundo viajando - que realiza através do trabalho. Isadora, no momento da documentação, estava com 29 anos. Ela é atriz, narradora de audiolivros e foi bailarina por 11 anos. Sua rotina, atualmente, é trabalhar no Rio de Janeiro com a narração e edição de audiolivros, além de cuidar de diversas plantinhas em casa e querer ter cada vez mais - alimentando um sonho antigo da Bárbara de um dia morarem no campo. Isa explica que nunca desejou morar num lugar como um sítio ou campo, sempre quis o centro, mas é pelo fato de sempre morar longe da escola ou do trabalho e demorar muito tempo para chegar. Hoje em dia, ao analisar e pensar sobre, acha que seria feliz morando num lugar bem arborizado. Atualmente, elas moram juntas há cerca de um ano na Ilha do Governador, local em que Bárbara nasceu. Isa é natural do Rio de Janeiro, mas de bairros distantes da Ilha. Resolveram morar juntas depois que o namoro caminhou e pelo convívio delas/com os gatinhos irem crescendo. Antes da Isa chegar, Bárbara era muito bagunceira, não tinha uma casa com cara de lar e a bagunça era também uma das causas da sua ansiedade. Foi nessa mudança que viu sua casa virar lar, entendeu a ter mais cuidado com prazer, viu uma evolução acontecendo e hoje em dia, quando chega em casa entende a grandiosidade disso tudo. Ambas cuidam muito do seu cantinho, amam a parceria desse cuidado, dançam, fazem churrasco ouvindo pagode, vão à praia próxima, recebem amigos, curtem a casa e organizam com carinho. Foi no final de 2022 que Bárbara e Isa se conheceram. Bárbara tinha um grupo de amigas lésbicas que sempre saiam juntas, mas logo no dia que queria sair a maioria não topou e acabou indo só com uma delas num bar - este voltado ao público feminino que existia no Rio de Janeiro: o Boleia - porque estava com desejo de comer uma batata frita que só tinha lá. Quando chegou ele estava bem cheio, o clima agitado, não tinha mais a famosa batata frita, mas ela insistiu com a amiga: “Vamos ficar por aqui, quem sabe conhecemos alguém legal!”. E conheceram mesmo, o grupo de amigas que a Isadora estava. Bárbara chamou a Isa para dançar um forró e enquanto elas dançavam, no meio do barulho, até perguntou para a Isa se ela estava solteira, mas ela nem ouviu, não respondeu - e foi insistente, que bom, porque meses depois ficou sabendo que Isa não estava nem aí, não tinha muita disposição para conhecer alguém naquele momento. O bar já estava fechando e, em grupo, seguiram para outro lugar, mais calmo. Foi lá que conseguiram conversar, a Isa pensou: “Nossa, que menina interessante!” e as coisas se desenvolveram. Depois de se conhecerem nesse primeiro encontro, passaram 15 dias até conversarem novamente online e surgir o convite para se encontrarem novamente. Saíram, as coisas fluíram e seguiram se encontrando, mas confirmaram: não queriam nada sério. Dois meses depois, não tinham como negar, já estava sério. O pedido de namoro aconteceu no começo de 2023. A verdade é que tanto Bárbara, quanto Isa tinham bastante medo de se relacionar. Mas o que ajudou a enfrentar o medo foi observar o quanto eram pessoas que mereciam viver algo bom, que desejavam coisas boas para os outros e para si. Cativaram uma à outra. Acreditam que a dinâmica de relação que possuem é muito bem sucedida e Isa traz o exemplo da relação dos pais dela - conta que é a mais bonita que conhece, eles estão juntos desde a adolescência e são muito parceiros, são o maior exemplo de vida que possui. Aos poucos, ela enxerga o que deseja na relação com a Bárbara também e se orgulha muito disso. Para Bárbara, o amor sempre vai nos encontrar. É a força mais poderosa do mundo. Vai nos encontrar num animal que nos olha na rua, num café que bebemos, numa pessoa que amamos. O amor é a força criadora. É a proposta por estarmos aqui: para nos desenvolver no caminho do amor. Ela sempre teve a dualidade: ser uma pessoa um pouco solitária, mas também buscar o amor nas pessoas. No começo da relação, a mãe orientou: “Filha, vai com calma. Você se entrega muito.” E ela respondeu: “Mas a Isadora também é assim”. E a Isa também passou por isso com a mãe e com as amigas. Hoje em dia ela enxerga a relação que vive com a Isa como algo muito curativa: curando traumas, cuidando… alguém que abraça mesmo o que não é perfeito (como a questão da bagunça, citada no começo do texto) e te ajuda a melhorar. Para Isa, o amor de alguma forma é clichê. É uma transformação constante, ser a sua melhor versão para si e para o outro, para quem enxerga a melhor versão de você. Ter ternura e respeito, deixar a pessoa digerir no tempo dela, ter cuidado. Acha incrível o quanto as famílias delas se gostam e apoiam a relação delas e isso é muito valioso, acredita que o amor também mora nesses momentos.
- Laiô e Íris | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. A história da Laiô e da Íris começou de maneira inesperada, conectando caminhos por meio das redes sociais. Íris mantinha uma página onde compartilhava reflexões sobre relacionamentos não-monogâmicos e experiências pessoais. Laiô, que estava em um momento de autodescoberta após o término de uma relação, passou a acompanhar esse conteúdo. Entre os conteúdos postados, chamava muita atenção a forma que a Íris se expressava, não inicialmente por interesse romântico ou flerte, mas por admiração genuína, curiosidade e vontade de aprender sobre esse novo ‘universo’. Mas, por mais que acompanhasse os conteúdos, Laiô nunca interagiu com a página. Algum tempo depois, Íris apareceu no perfil de Laiô, e ambas começaram a se seguir. Trocaram algumas mensagens e, entre essas interações, perceberam que tinham amigas em comum, iam em lugares em comum - e até outros lugares que Laiô nunca tinha conhecido, o que deixou ela muito intrigada, pensando “Como essa menina chegou aqui em tão pouco tempo e tem conhecido mais coisas que eu?”. Quando finalmente se esbarraram, em setembro de 2023, foi num samba em Itacaré, onde fizemos a documentação acontecer. Foi Íris quem reconheceu Laiô (e até checou no Instagram pra ver se era ela mesmo). Se apresentou, dançaram juntas, mas a interação foi breve. Dias depois, se esbarraram novamente num show que Laiô estava fazendo, dessa vez em Serra Grande, município próximo à Itacaré e local onde Íris morava. Foi lá que Íris sentiu algo diferente, pensou: “Que pessoa interessante”. Cerca de 15 ou 20 dias depois se esbarraram novamente, dessa vez em Salvador. Laiô estava na cidade para mais shows e Ísis ia para lá com frequência, mas não esperava encontrá-la. Foi a terceira coincidência e então decidiram: era hora de marcar um encontro intencional. Tomaram café da manhã juntas e ali começou a se desenhar uma história que parecia ter sido escrita pelo acaso – ou pelo destino. Íris estava com 32 anos no momento da documentação. É natural do Rio de Janeiro, mas, com apenas seis meses de idade, mudou-se para Salvador, onde viveu a maior parte da sua vida. Psicóloga de formação, dedica seu trabalho ao atendimento da comunidade LGBTQIAPN+ e às questões relacionadas à não-monogamia. Teve sua trajetória profissional transformada ao longo do tempo, principalmente quando começou a se reconhecer como uma pessoa LGBT. Esses aspectos foram se refletindo em sua prática clínica, até se tornarem o foco integral de seus atendimentos. Durante a pandemia de Covid-19, com a migração para o formato online, surgiu também o desejo de sair da cidade grande e buscar um estilo de vida mais tranquilo e conectado à natureza, decidiu passar um tempo na Chapada Diamantina, voltou à Salvador, viajou mais um pouco e, finalmente, decidiu se estabelecer em Serra Grande, na Bahia. Hoje, ela vive com Laiô em Ilhéus - uma escolha que inicialmente não fazia parte de seus planos, já que considerava Ilhéus grande demais para o estilo de vida que idealizava - mas a vida e o trabalho de Laiô faziam mais sentido na cidade, e assim encontraram um equilíbrio. Laiô, no momento da documentação, estava com 37 anos. Nasceu em Ilhéus e foi criada em Uruçuca, vindo de uma família de produtores rurais das fazendas de cacau. Essa mesma família, acolheu sua identidade artística e acredita plenamente na pessoa que ela se tornou, investindo na sua educação com o desejo de oferecer um futuro diferente. Hoje ela trabalha enquanto cantora e compositora. Entende que é através da arte que define a forma como se expressa no mundo. Foi em Itacaré o local onde ela se descobriu artista, cantando pela primeira vez. O início do romance entre Íris e Laiô aconteceu num ritmo diferente, entre viagens e deslocamento, no que elas apelidaram de “romance viajante”. Íris precisou dividir seu tempo entre Serra Grande, Salvador e a Paraíba, para dar suporte à família em um processo de luto. Tudo aconteceu logo nas primeiras semanas em que estavam juntas e foi nesse vai e vem que viveram um amor viajante, encaixando encontros entre as viagens, sem saber ao certo o quanto aquilo duraria. Seguiram os primeiros meses assim, até o início de 2024, quando perceberam que os sentimentos estavam se enraizando e intensificando. Laiô apresentou Ilhéus para Íris e os encontros começaram a ganhar um significado maior. Uma situação marcou esse momento: em março, a mãe de Laiô fazia aniversário no dia 9, mas Laiô tinha um show importante em Salvador no dia 8. A única forma de voltar em tempo seria de carro e Íris prontamente se ofereceu para dirigir entendendo a importância da relação de Laiô com a mãe. Foi nesse momento que ambas perceberam o quanto a parceria entre elas já tinha se fortalecido, transformando o que antes era um romance casual em algo mais sólido. Laiô pensou: “Essa não é qualquer pessoa”. O encontro das duas aconteceu em um momento de transformações pessoais para ambas, e essa vulnerabilidade criou uma base de acolhimento e parceria. Mesmo com pouco tempo juntas, já havia um grande cuidado uma com a outra. Nos momentos difíceis de Íris, Laiô enviava músicas e poesias, fortalecendo o vínculo por meio dos gestos afetuosos. E esses detalhes fortaleceram o vínculo que era recente e que não estava fisicamente próximo. No dia em que documentaram essa história, inclusive, estavam finalizando a mudança para o apartamento onde passariam a viver juntas. Conversamos sobre como a convivência traz desafios, as mudanças não são fáceis; mas destacaram a importância de respeitar os tempos e ritmos individuais, enfrentando os conflitos com leveza e comunicação. Dividir o lar, para elas, é um aprendizado constante – e uma forma de construir, juntas, um lugar seguro. Foi ajustando suas rotinas para aproveitar os momentos em que Laiô e Íris encontraram a melhor forma de se adequar à semana corrida, já que trabalham em horários opostos – Laiô à noite, Íris durante o dia. Valorizam muito os cafés da manhã, que se tornaram quase um ritual de conexão. Mesmo quando Iris tem atendimentos mais cedo, ela dá um jeito de sentar à mesa, entre um compromisso e outro, para compartilhar esse momento. É ali que conversam, trocam olhares e se equilibram, criando um espaço de calma e proximidade no meio das rotinas agitadas. Elas veem sua relação como um convite constante à reflexão e ao cuidado mútuo. Foi através desse encontro que aprenderam mais sobre a não-monogamia, a horizontalidade dos afetos e a importância do tempo de qualidade com quem amam - sejam familiares, amigos ou seus animais de estimação. Por mais que estejam apaixonadas e vivam a intensidade de uma relação jovem, entendem que é essencial valorizar a liberdade individual e os outros vínculos que cada uma tem. Esse amor, cuidadoso e maduro, desafia o discurso a ser vivido na prática, lembrando-as de nunca abandonar o cuidado e a atenção com as pessoas ao seu redor. No dia anterior à documentação, Laiô viveu uma situação que as fez refletir sobre os desafios ainda presentes na cidade em que vivem. Enquanto caminhavam pelo centro indo comprar coisas da mudança, de mãos dadas, um homem que passava com sua esposa e seu filho disse: “Não pode não, só pode homem com mulher.” Inicialmente, Laiô pensou ser uma brincadeira vindo de alguém que a conhecia, estava distraída conversando algo sério com a Íris e só percebeu uns passos à frente a seriedade do comentário. Apesar da vontade de reagir, sentiu medo e seguiu em frente. Mais tarde, ficou pensando: o que fazia aquele homem se sentir confortável em dizer algo assim? Por que o simples ato de caminhar de mãos dadas era visto como uma afronta? Onde ela está vendo menos amor entre as duas do que ali, na família dela? Elas só estavam andando na rua. Num calçadão cheio de gente. Elas desejam que o futuro traga mais coragem e menos medo - elas caminhando de mãos dadas conseguiram ofender mais que se um casal heterossexual-cis estivesse se beijando de forma vulgar. O desejo que fica é mais coragem para amar e viver livremente, um mundo onde expressar afeto não seja motivo de ofensa, um lugar onde não tenhamos medo. ↓ rolar para baixo ↓ Laiô Íris
- Carol e Cris | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Carol e Cris possuem um estúdio em Criciúma/Santa Catarina, onde fazem cabelos, unhas, body piercings e, junto com uma amiga, tatuagens. Foi conversando com essa amiga, inclusive, que planejaram o lugar: tiveram várias ideias para sair do padrão e criar um ambiente cada vez mais acolhedor. O estúdio começou quando elas foram para São Paulo, em 2023, viver o Lollapalooza. Descobriram que estava tendo uma feira de produtos de salão e tinham um cartão de crédito com limite disponível, chegaram lá e compraram muitos utensílios, desde potes até acessórios e montaram o estúdio assim. Jogaram ao universo. Quando chegaram no hotel, colocaram as compras em cima da cama e falaram em voz alta: “O que que a gente fez? Onde vamos colocar tudo isso?!” Quando voltaram para Criciúma acharam a sala que alugaram porque ficava na rua onde a Cris morava. O local era bem diferente, elas decoraram do jeito que gostavam, foram reinventando tudo. Agora, um ano depois, entendem o crescimento, o poder do sonho. Fazem questão de refletir isso em tudo: na escuta, acolhimento e cuidado com cada cliente. E entendem que é revolucionário ter um espaço voltado ao público LGBT+ e para as mulheres numa cidade conservadora. Não querem negociar os pontos que as fizeram criar este lugar: ser um espaço seguro para as pessoas se abrirem, conversarem, rirem, chorarem. Ser quem são sem medo de julgamento e sair de lá se sentindo empoderadas. E é isso que desejam para a cidade em si. Mesmo sendo uma salinha pequena, lá existe verdade. Se sentem felizes. E desejam isso para além: não querem mais olhares tortos por onde andam, serem julgadas pelas tatuagens, por andarem de mãos dadas… querem que o espaço seguro ultrapasse as barreiras do estúdio. Cristina, no momento da documentação, estava com 31 anos e é natural de Criciúma. Trabalha como cabeleireira, com foco em cabelos com curvatura. Se formou com o cabeleireiro Rodrigo Vizu, de São Paulo, e alguns outros cabeleireiros que ela tanto admira. Acredita que a questão do cabelo com curvatura veio dela mesmo, tinha o cabelo alisado e pouco depois da pandemia resolveu mudar, não se identificava mais. Estava começando a namorar com a Carol e ela super apoiou a transição. Além de trabalhar, gosta de descansar, assistir séries, ficar no sol, passear, tomar café, provar coisas diferentes. Veio de uma família tradicional evangélica, saiu de casa com 26 anos, morou em Balneário Camboriú e depois voltou para Criciúma, dividiu apartamento com uma amiga, foi bem difícil entender que não havia mais espaço na sua casa pra ela, e então passou a respeitar o seu corpo e quem ela é de verdade. Carol, no momento da documentação, estava com 29 anos e também é natural de Criciúma. Tem sua formação em administração, sempre gostou da área administrativa e financeira, mas aos poucos foi desconstruindo essa visão “executiva” e heteronormativa de vida que ela tinha e entendendo uma nova personalidade que condizia mais com quem ela realmente era. Trazia muitas vivências da igreja também, então aos poucos foi mudando a aparência, entendendo do que realmente gostava… Logo depois conheceu a Cris, foi um processo de descobrimento em conjunto. E hoje em dia ela também trabalha no estúdio, tanto como manicure/pedicure quanto como body piercing. Depois de 4 anos juntas, elas estão morando no mesmo lar, junto com seus três gatos e uma cachorra. Sentem que podem morar em qualquer lugar, desde que levem eles. E, no lar, cada uma continua com seu espaço: como seu guarda-roupa, por exemplo. Acreditam que isso contribui muito para suas individualidades. Foi num aplicativo de relacionamentos que se cruzaram oficialmente em 2020, mas já haviam muitos amigos em comum e os caminhos estavam entrelaçados há muito tempo. Carol já havia trabalhado no local em que Cris trabalhava, já tinham se esbarrado na igreja (e Carol aparecia no fundo de uma foto da Cris dentro da igreja!)... existiam vários ambientes e amigos, mas sempre muito heterossexualizados. Em um período, logo no começo da relação, ficaram desempregadas e buscavam essa rotina CLT, então surgiu um salão de beleza em que Cris foi trabalhar enquanto cabeleireira e Carol foi trabalhar na recepção. Ficaram lá bastante tempo, mas em algum momento sentiram que não era mais o ambiente ideal, estavam exaustas pela rotina, era um lugar muito diferente do que elas queriam estar… Sentiam que precisavam mudar o rumo das coisas. Na época, Carol sempre fazia as unhas da Cris e ela elogiava, dizia que deveria investir nisso. Coincidentemente, mulheres lésbicas que elas conheciam sempre iam fazer as unhas no salão que trabalhavam e acabava rolando alguns comentários complicados, elas não se sentiam bem, pensaram o quanto seria incrível ter um lugar acolhedor. Carol resolveu fazer um curso de manicure e pedicure tradicional para entender se gostava mesmo de trabalhar com aquilo e deu certo. Iniciou e depois chegou a ideia das perfurações corporais: o body piercing. Sair do salão que trabalhavam e abrir o seu próprio negócio não foi nada fácil. Quando escolheram o local e começaram do zero, precisavam atrair novas clientes, e começaram pelo marketing mais antigo (e melhor) que existe: o boca a boca. No prédio havia uma agência e chamaram as trabalhadoras para conhecer o salão, elas adoraram e começaram a frequentar. Logo em seguida foram surgindo novas pessoas, indicações e o negócio foi dando certo. Acreditam que a energia atrai coisas boas e possuem a sorte de ter essa energia boa. Deixam claro a preferência por mulheres e pelo público LGBT+, Cris também adora atender adolescentes, pessoas jovens que trazem a família e vai gerando trocas… Acha muito legal esse momento no salão; e também toma muito o cuidado em agendar pessoas que combinam no mesmo horário, que tenham a mesma ‘vibe’, que vão se dar bem nos papos. Falamos como é difícil apostar nesse sonho, viver essa rotina de trabalho e no meio disso ir morar juntas, captar novos clientes, enfrentar todos os novos desafios que nem imaginavam lidar. E como lidar com isso? Como enfrentar esses desafios? Elas respondem sobre a importância da terapia, de entender que as coisas levam tempo para se consolidar, de que nem tudo vai ser o fim do mundo, que vai fechar o salão na primeira baixa de cliente… E que é muito importante manter o pensamento positivo de que vai dar certo, de que vão dar um jeito, nem que o jeito seja parcelando o cartão, ainda assim é um jeito, estão juntas e as coisas vão acontecer. Sobre o tempo que levaram para morarem juntas e os processos acontecerem em si, entendem que foi o tempo necessário de amadurecimento da relação, ainda mais que convivem muito. Rindo, contam que conversam o dia todo e que quando chegam em casa continuam conversando, “haja assunto!”, mas adoram isso. No começo do namoro não tinham muitas amigas mulheres lésbicas ou bissexuais, as poucas que tinham perfumavam muito machismo, eram referências negativas, então quando viam mulheres respeitando outras mulheres ficavam muito empolgadas e pensavam “Que legal que isso existe!”, eram verdadeiras inspirações. Cris lembra como sexualizaram a sua relação, como recebeu perguntas muito invasivas e depois foi perdendo suas amizades aos poucos. Por isso, acreditam que o relacionamento que possuem está entre muito respeito desde o primeiro momento, foi a coisa pontual que definiram como inegociável. Esse respeito respinga na relação que possuem com os amigos, com os clientes, transparece com todos ao redor. Respeitam os bichinhos em casa, respeitam suas decisões, suas formas de ser, não se anulam ou se atropelam. Foi no relacionamento a primeira vez que viram um amor tranquilo. Possuiam uma ideia de que precisavam brigar para ser amor, ter ciúmes… E a relação mostrou o contrário: sossego, à vontade, ser quem se é sem medo de julgamento, sem modelo de relação heteronormativa para se guiar. Gostam do poder do companheirismo que permite dizer: “Hoje não quero ser forte o tempo todo”. ↓ rolar para baixo ↓ Cris Carol
- Clarissa e Agnis | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Agnes estava com 33 anos no momento da documentação, é natural de São Gabriel, cidade interiorana do Rio Grande do Sul. Saiu de lá aos 17 anos e se mudou para Santa Maria por conta dos estudos, mas parte da família segue na sua cidade natal até hoje. Em Santa Maria se formou em nutrição, morou em Porto Alegre por um tempo, mas voltou à Santa Maria porque passou num concurso administrativo. Hoje em dia, mora novamente em Porto Alegre dividindo o lar com a Clarissa. Clarissa estava com 30 anos no momento da documentação. É natural de Porto Alegre e conta que sempre foi criada dentro da igreja. Se assumiu aos 18 anos, sendo uma mulher desfeminilizada e passou por muitos processos para entender quem era e se sentir bem com a forma que se vestia e com quem se relacionava. Foi muito difícil enfrentar os preconceitos vindos de fora e de dentro de casa, ouvir a palavra da “cura gay”, lutar pela aceitação… mas fica muito feliz quando observa o quanto as coisas já caminharam e o quanto sua família hoje em dia é apaixonada pela Agnes - brinca que gostam mais da Agnes do que dela e que adotaram ela como filha. Começa falando sobre isso porque é uma das partes que mais admira na sua história e na história delas enquanto um casal, e ressalta o quanto faz parte do relacionamento tranquilo que possuem esse valor que dão aos seus corpos e às pessoas que amam. Agnes, quando conheceu Clarissa, era uma pessoa que não se permitia viver muito o presente. Ficava sempre presa ao passado ou ao futuro. Se preocupava com o que precisava fazer, com o que tinha que planejar. Clarissa a fez entender que a vida é o momento, na maioria das vezes, nas coisas mais simples - foi durante a relação que ela começou a bordar, que voltou a ler, que passou a amar os passeios na pracinha final de tarde e compartilhar tantas receitas novas juntas. Clarissa completa que elas viraram duas senhorinhas e que adoram isso. Clarissa também adora chegar em casa, ouvir música e apreciar o descanso sem a cobrança do dia-a-dia. Explica que quando uma está muito cansada, a outra faz o almoço ou a janta… ou dividem as tarefas para não ficar pesado para as duas. Entendem que isso é se fortalecer. E que aos poucos vão descobrindo novas coisas que gostam de fazer. Sentem que viviam num limbo, estavam sempre tentando agradar os outros, pouco faziam para si mesmas ou para buscar suas felicidades e que depois de começarem a relação descobriram o que realmente gostam e que as faz feliz na simplicidade do dia. Clarissa e Agnes se conheceram no final de 2021, ambas estavam num processo de autoconhecimento, depois de relacionamentos longos. Se conheceram num aplicativo de relacionamentos. Agnes nunca havia entrado em aplicativos e não achava que isso combinava muito com ela, mas resolveu testar coisas novas, queria alguma amizade ou companhia para sair, conversar. Clarissa também não era dos aplicativos, nunca havia tomado iniciativa com ninguém por lá e Agnes foi uma exceção que deu certo. Se encontraram para tomar um açaí - o açaí em si estava ruim, mas o encontro foi ótimo! E desde então ficaram juntas. Entendem que não estavam procurando um relacionamento, foram se conhecendo e visualizando seu processo de cura, sentiam medo e até demoraram para admitir o quanto estavam apaixonadas, mas o processo fluiu e encararam o medo até estarem dispostas à relação. Logo no início do namoro, Agnes voltou a morar em Santa Maria por conta do trabalho. Foi difícil porque era algo novo, sentiram bastante saudade e isso demandava uma viagem toda semana para se encontrarem. Mas foi nesse movimento que se fortaleceram enquanto casal e entenderam que realmente queriam estar juntas. Vivenciaram momentos que foram decisivos para se conhecerem em versões que ainda não tinham tido oportunidade de ver… E sempre quando pensam na temporalidade das coisas ou “como poderiam ter se conhecido antes”, “tal coisa poderia ter acontecido antes”, refletem que foi no momento certo, precisavam passar pelas vivências para que o amadurecimento acontecesse. Ao total, Agnes morou um ano e oito meses em Santa Maria. Quando Agnes voltou de Santa Maria, ela e Clarissa moraram no mesmo terreno que a família da Clarissa durante quase um ano, até que alugaram o apartamento que moram hoje em dia. Constroem o lar com muito carinho, nas decorações feitas com artesanato aproveitando os momentos juntas, na forma que se alinham para seguirem uma relação de respeito num espaço confortável e seguro… Além disso, fizeram questão de buscar a independência num lar que seja só delas porque entendem a importância de serem consideradas uma unidade familiar, mulheres adultas que trabalham, se amam e constroem um futuro com consciência, não duas amigas ou duas meninas que vivem “uma fase”. Quando nos encontramos para a documentação acontecer, Agnes havia apresentado Clarissa para seus familiares há poucos dias e ainda estava entendendo a situação. Conta que sonham em casar, projetam o futuro juntas e é muito importante que as pessoas que amam e que desejam o bem possam compartilhar a vida com elas de forma natural e feliz por desejo próprio, sem obrigação ou questão social. Querem por perto pessoas que realmente apoiem, celebrem o amor. O que Clarissa e Agnes querem refletir para os outros na relação, é o que mais aprendem juntas vivendo esse amor: o companheirismo. Foi compartilhando o olhar/a forma que se enxergavam que impulsionam o crescimento uma da outra, até mesmo o autoconhecimento, e cresceram de forma que antes nem imaginavam. Hoje se enxergam muito mais felizes, com propósito e se permitindo ser vulnerável, porque sabem com quem contar. Querem que as pessoas que amam também saibam que podem contar com esse apoio e esse amor, porque elas viram que o amor que criaram dentro da relação já expandiu para a forma que são individualmente em vida, virou algo muito maior que uma relação romântica. ↓ rolar para baixo ↓ Clarissa Agnis
- Rhanna e Lais | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. Rhanna viu Lais pela primeira vez numa prova de concurso em Salvador, em 2017. Na época, tinha um relacionamento aberto com a companheira, que morava no Rio, e achou as duas muito parecidas… Um tempo depois, foi visitar a companheira e viu Lais novamente, numa coincidência estranha, num bar na Lapa. Ela nem imaginava, mas Lais morava no Rio também. Lais foi morar em Feira de Santana em 2018, por ter conseguido um trabalho novo. Durante o período de São João conheceu a festa O Bando Anunciador, um cortejo que acontece na cidade - e que era tema da pesquisa de Rhanna, nascida (e criada) em Feira. Nos dias que antecederam a festa, participaram de um evento juntas: uma mesa de debates. Quando Rhanna chegou e viu Lais, contou que a conhecia, já tinha visto ela nessas duas situações aleatórias em lugares tão diferentes. Lais achou bastante estranho, engraçado ao mesmo tempo, mas se deram bem e foram dividir a mesa de convidadas. Quando se encontraram novamente, na festa do Bando Anunciador, Lais foi roubada. Ficou indignada porque foi roubada por um menino, um “moleque”, que quis sair correndo na rua atrás dele, mas não o encontrou. Viu Rhanna, mas mal a cumprimentou. Quando chegou em casa se sentiu até mal, sabia que ela estava empolgada com a festa, era um dia que queria ter vivido. Foi pesquisar por ela nas redes sociais, pedir desculpas… mas não achava de jeito nenhum, principalmente pela dificuldade de escrever o nome: H, dois Ns… só conseguiu quando achou uma divulgação do evento que participaram juntas. Mandou uma mensagem se desculpando por estar emburrada daquela forma, contou o ocorrido e assim começaram a conversar. Desde antes da relação virar uma relação, amizade, ou qualquer outra coisa, o que deu certo e fez acontecer foi o fato delas sempre toparem as coisas. Tanto Rhanna, quanto Lais, são pessoas que falam: “Bora? Bora!”. A primeira vez que saíram foi para um show que geralmente as pessoas não iriam, mas a festa tinha a ver ainda com o cortejo do Bando Anunciador. Se divertiram por lá e começaram uma amizade. Lais sabia da relação de Rhanna e sempre pensava que não queria se meter, achava que poderia resultar em alguma confusão, por mais que sim, se sentisse um pouco envolvida por Rhanna. Demorou alguns meses para que começassem a se envolver de fato, houve o processo da paixão, de encerrar o outro relacionamento, de se permitirem viver a paixão e de transformar isso em namoro… Sentem que o tempo foi colaborando no processo, o fato de morarem próximas e estarem sempre juntas também foi grande aliado. Durante a pandemia de Covid-19 estiveram juntas em Feira de Santana, se mantiveram isoladas em uma casa com quintal, com um gatinho, cozinhando, com muito tempo para se conhecer… sentem um pouco de falta agora que a dinâmica do trabalho intenso toma conta. Em 2020, ainda durante a pandemia, fizeram parte de uma campanha política - que começou de forma online e passou por uma parte nas ruas. Ficaram boa parte do ano em campanha dentro de casa. Depois, quando foi necessário ir às ruas, alugaram uma kitnet em Salvador e chegaram para trabalhar presencialmente. A candidata para quem elas fizeram campanha foi eleita e no ano seguinte, em 2021, foram convidadas para fazer parte do novo mandato que se construiria na cidade. O apartamento que haviam alugado era temporário, apenas para a campanha, depois voltaram para Feira de Santana, mas como aceitaram a proposta de trabalho voltaram para Salvador no início do ano. Ficaram de 2021 até 2022, quando se mudaram oficialmente para o Rio de Janeiro, nessa nova proposta de trabalho diretamente com cultura e comunicação. Quando nos encontramos, no fim de 2024, estavam na preparação para a festa de casamento que aconteceria no começo de 2025 em Salvador. Lais sempre quis casar, brinca que tem essa vontade de fazer as coisas como uma família tradicional brasileira, mas a verdade é que quer ter tudo o que tem direito e o casamento é uma dessas coisas, casar é importante porque faz parte de um processo político, um reconhecimento de que essa relação existe. Lais enxerga o amor que vivem como algo revolucionário, ainda mais no momento em que estavam se preparando para o casamento. É muito importante falar sobre o amor com todas as letras. Explica que sempre falamos sobre o nosso amor “pela metade”, sempre falamos pouco, com medo de julgamento, com cuidado sob quem vai ouvir… e agora é o momento que estão falando abertamente e naturalmente sobre uma relação tão bonita que vivem. O casamento é o momento das famílias, dos amigos, de unir tantos mundos diferentes. Refletiu bastante ao convidar a família toda para a cerimônia. E viu que o dia se tornou uma afirmação, um dia que puderam reafirmar e sentirem celebradas, apoiadas por esse amor. Falamos sobre como o amor entre mulheres pode ser capaz de inverter uma lógica masculina, não precisamos nos guiar por ela - por mais que somos criadas num mundo patriarcal e que desde pequenas somos guiadas por questões masculinas - em relacionamentos com mulheres podemos nos reinventar e fazer diversas coisas como nos sentirmos melhor. Lais e Rhanna, por exemplo, possuem uma comunicação muito aberta sobre suas vivências, seja cotidiana em casa, seja suas relações no trabalho por trabalharem juntas… E tudo isso existe por não se cobrarem nos moldes de um sistema que nos coloca numa posição inferior. Já criaram seus próprios mecanismos internos na relação que para estarem sempre se impulsionando, admirando e principalmente se apaixonando uma pela outra pelas coisas que se “completam”, pelos seus detalhes. Finalizamos a conversa contando a história de Raj, que veio somar na família, cachorrinho que encontraram na estrada, levaram para a casa e tentaram buscar adoção, mas conquistou o coração. Ou seja: ele quem adotou elas. Lais estava com 33 anos no momento da documentação. É produtora cultural, trabalha com políticas públicas para a cultura na FUNARTE. É natural de Salvador, mas mora no Rio de Janeiro e fez sua mudança por conta do trabalho. Já havia morado no Rio em 2015, ficou até 2017 e se mudou para Feira de Santana, onde trabalhou no SESC. Adora teatro, fez teatro por alguns anos e acredita que escolheu sua profissão por conta disso. Rhanna estava com 33 anos no momento da documentação. É natural de Feira de Santana, interior da Bahia. Formou-se em direito, fez mestrado em Antropologia e começou a pesquisar sobre festas. Hoje em dia trabalha com cultura e comunicação na FUNARTE e gosta de transitar entre as festas populares, culturas, histórias… Já trabalhou com fotografia, arte de rua… Como ela e Lais se mudaram ao Rio para trabalhar, a rotina vive em torno do trabalho e da vida profissional, no tempo livre desejam descansar e planejar o momento de estar com suas famílias na Bahia. Nesse tempo de relação, foram 5 anos e 5 casas, contam que a vida é assim mesmo, corrida. Desde 2016, Lais conta que participou da ocupação do Ministério da Cultura no Rio, foi construindo sua vida e seus caminhos de lá pra cá, e hoje comemoram o fato de estarem completando quase dois anos num só lugar. ↓ rolar para baixo ↓ Rhanna Lais
- Maju e Alícia | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. A história da Maju e da Alícia fala muito sobre aquele período que vivemos quando estamos descobrindo quem somos, ainda entre a pré-adolescência e a adolescência, elas se conheceram e vivem até hoje juntas, enfrentando muitos desafios (que outros adolescentes nem sonham em viver) e, principalmente, se fortalecendo juntas. Maju hoje em dia tem 17 anos e está se formando no terceiro ano do Ensino Médio, Alícia tem 16 e está no primeiro ano. Mas tudo começou bem antes, quando Alícia tinha cerca de 12 anos de idade e estava numa praça em Rio das Ostras, matando o tempo, com uma amiga. Nessa praça, diversos meninos andavam de skate, entre eles tinha uma menina, a Maju. No primeiro momento, Alícia não entendeu se a Maju era menino ou menina, perguntou para a amiga (que a conhecia, mas que também não sabia dizer o que ‘era’ a Maju) e isso automaticamente despertou uma curiosidade enorme na Alícia, que fazia de tudo para observá-la. Quando a Maju entendeu que estava sendo observada, quis chamar atenção. Caiu logo de bunda no chão. Mas levantou, se reergueu e foi lá falar com as meninas. Se apresentou para a Alícia e disse: vem cá, deixa eu te mostrar uma pessoa muito linda aqui de Rio das Ostras - e então entrou no Instagram dela mesma, curtiu todas as suas fotos (pelo perfil da Alícia) e depois saiu, andando de skate de novo. Nesse dia, a Maju levou uma bronca da mãe dela por ter faltado à fisioterapia, mas a resposta em desculpa que ela deu, foi: eu conheci a menina mais bonita da cidade. A Maju é natural de Goiás, mas está no Rio de Janeiro - mais especificamente em Rio das Ostras - há mais de 9 anos. Já a Alícia, é do Rio de Janeiro, capital, mora em Rio das Ostras mas intercala com alguns períodos no Rio, visitando familiares. Depois que elas tiveram o primeiro encontro na praça, a Alícia passou seis meses morando no Rio de Janeiro. Nesse período ficou olhando o Instagram da Maju, mas não interagiram nenhuma vez. Quando ela voltou para Rio das Ostras, começou a namorar um menino (esse que, a pediu em namoro na frente da escola toda, fazendo um vídeo que viralizou o Brasil - um namoro super arranjado com o auxílio da mãe) e duas semanas depois ela e a Maju se encontraram no aniversário de uma amiga em comum. Nesse primeiro encontro, a Maju tentou ficar com ela, mas não tinha como, ainda mais ela estando num namoro tão recente… então ela desviou de todas as formas. Depois disso, começou-se uma amizade, então elas saíram muitas vezes. A Maju dava em cima dela sempre, isso era um fato, mas era quase uma brincadeira também porque elas sabiam que enquanto estivesse namorando não ia rolar. O namorado da Alícia, enquanto isso, morria de ciúmes. E em casa, a Alícia não parava de falar na Maju, deixando a mãe dela muito desconfiada, dizendo: “Tu não vai se apaixonar por ela não, hein, Alícia??!!”. O tempo passou e o relacionamento da Alícia foi ficando muito difícil. Ela estava se sentindo numa relação completamente invasiva, tóxica, e todas as vezes que tentava terminar o namorado não a deixava. Ele simplesmente dizia que não permitia. Numa noite, foram num aniversário e ela já tinha tentado terminar três vezes, a situação estava péssima, um amigo dele passou mal e ele foi embora. Alícia ficou no aniversário, a Maju estava também e num momento determinado da noite elas decidiram dar um basta, chutar o balde: se beijaram. Porém, como era escondido, numa confusão a Maju fingiu que passava mal, a Alícia fingiu que ajudava, elas desligaram a luz da festa toda sem querer e aí virou confusão de verdade. Depois delas se beijarem, a Alícia viu a Maju dando em cima de outra menina e então ficou muito triste. No fim da festa, já com o dia amanhecendo, o namorado (ou quase ex?) fez questão de buscar a Alícia e ela não quis ir embora com ele, então ele gritou e brigou com ela. Quem deu suporte, novamente, foi a Maju. Depois dessa situação eles terminaram, afinal, não tinha como manter esse relacionamento. A Alícia passou um tempo breve no Rio de Janeiro e quando voltou para Rio das Ostras voltou a se encontrar com a Maju. Nesses encontros, ela entendeu que gostava de verdade da Maju, e isso, naquela época, era mais um problema do que algo bom. Ambas não sabiam como lidar com a situação, sabiam que a Maju não buscava relacionamentos, mas também já estavam muito envolvidas. Sentiam que precisavam encarar a situação. Decidiram seguir se encontrando, mesmo sem ninguém saber. Com o tempo, os amigos que sabiam, não torciam para que elas ficassem juntas: não confiavam que elas seriam fiéis uma a outra, ou melhor, incentivaram que não fossem - e assim não haveria relação saudável que se sustentasse. No período em que poucos apostavam no relacionamento delas, um pedido de namoro chegou a acontecer. Namoraram, mas entre situações caóticas, sentiam que não se acertavam. A mãe da Alícia descobriu, fez um escândalo na porta da escola, a agrediu. Tudo ficava muito difícil para que elas se encontrassem e nisso, a pandemia de Covid-19 começou. Elas chegaram a ficar um tempo distantes por conta da quarentena, mas não tanto tempo, como nas grandes cidades, pois lá os encontros foram voltando a acontecer aos poucos. A Alícia, junto com a família dela, abriu uma hamburgueria, e esse local virou um ponto de encontro... porém, todas as intrigas externas foram o bastante para que o namoro não seguisse em frente. Elas terminaram, ainda, em 2020. Foram cerca de 9 meses distantes. Nesses meses, por completa influência familiar, Alícia se relacionou com um menino extremamente abusivo, agressivo, que forçava presença. Ela chegou a pesar menos de 40kg. Ele, sabendo que no fundo ela ainda gostava da Maju, ameaçava bater na Maju quando a encontrava na rua. Alícia fez de tudo para sair desse relacionamento e quando conseguiu, conversou com a Maju. Elas se acertaram, mas não enquanto um casal, apenas voltaram a conversar. Nisso, a Maju encontrou a mãe da Alícia, tomou coragem e decidiu pedir permissão: para num futuro, se tudo desse certo, elas voltarem a se relacionar. Ela respondeu que se a Alícia estivesse feliz, ela estaria feliz também - porque ela percebia que o jeito que a Alícia olha para a Maju é diferente - e no fim elas se abraçaram. Elas voltaram a se envolver e a Maju pensou em a pedir em namoro novamente e dessa vez com tudo o que o brega permite: balões, chocolates, etc. Aconteceu! Porém, infelizmente, ainda passaram por muitas situações horríveis envolvendo o ex. Ele invadia a casa da Alícia, quebrava as coisas e obrigava ela a manter a relação com ele. Foi numa atitude extrema da mãe dela em expulsar ele de lá para que finalmente isso acabar. Porém, esses conflitos já tinham afetado demais a relação da Alícia com a Maju, era difícil que as confusões não as envolvessem. A Alícia seguia pensando na Maju e no relacionamento delas, enquanto a Maju, mais uma vez, se afastara. No natal, elas voltaram a se falar, por conta de uma coincidência. E assim, voltaram de verdade. Conversaram, se encontraram, conversaram também com suas famílias, decidiram que, se era para estarem juntas, dessa vez, era para ser de um jeito diferente - e com apoio de todos, com maior confiança, diferente de todas as outras tentativas. Hoje, acreditam que deu certo. No último ano passaram diversos perrengues que as fizeram crescer e se fortalecer enquanto um casal, juntas, e também enquanto uma família. Alícia e Maju deram apoio às suas mães, chegando a morar com a mãe da Alícia, todas num apartamento, num momento difícil. Alícia também morou com a mãe da Maju. E todas se dão muito bem, valorizam o relacionamento das filhas. Nesse último ano de estudo, finalmente estão na mesma escola. Os planos são, assim que concluírem, se mudarem para o Rio e estudarem Belas Artes. Hoje entendem que a confiança e a comunicação mudou muito e que isso é o principal para que o relacionamento delas funcione. Antes, tudo se quebrava, principalmente com 'picuinhas' ou comentários alheios, hoje, não há nada entre elas que não possa ser conversado. A intimidade que elas criaram juntas não há como ser quebrada e também faz com que elas não se julguem. Acreditam que, pelo tanto que já passaram uma ao lado da outra, o que viram entre seus momentos mais frágeis faz com que também possuam muita liberdade para serem quem são, sem medo. Antes, pensavam muito sobre serem perfeitas, buscavam perfeição, hoje aceitam seus corpos e a si como são. Isso também faz com que a confiança na relação mude, a segurança, a base no amor. Quando entendemos a recapitulação de tantas coisas que viveram sendo tão novas, estando juntas, elas entendem que esse amor é o que importa. A forma que se amam e que se apoiam é o mais importante nesse processo. E se surpreendem, o quanto isso é maneiro. Visualizar a linha do tempo e entenderem que seguem aqui - recapitulam o quanto pensaram em desistir porque era muito difícil se relacionar, mas que hoje é muito legal ver o quão bonito é o que criaram. E, então, sonham com novos passos: a mudança, um casamento, uma adoção. ↓ rolar para baixo ↓ ♥ manda uma mensagem de apoio aqui ☼ entre em contato com elas por aqui! ☺ vem construir esse projeto com a gente! < Alícia Maria Júlia
- Luana e Bruna | Documentadas
Somos um projeto que conta a história de mulheres que se relacionam com mulheres. Documentadas caminha ao lado do empoderamento da comunidade LGBT. ↓ rolar para baixo ↓ Antes mesmo de se reencontrarem, a mãe da Luana já sabia da existência da Bruna, por ela ficar sorrindo pela casa olhando para o celular enquanto conversavam. Além disso, contaram para os colegas de trabalho que estavam apaixonadas e nem eles acreditaram, afinal, alegaram que “elas sempre estavam apaixonadas por alguém”. Até que aconteceu o reencontro, foi num piquenique no aterro, local em que fizemos as fotos. Compraram um vinho no mercado, uns biscoitos e na hora de sair do estabelecimento encontraram a personal trainer - cujo estava presente antes, no momento que elas se conheceram. Ficaram cheias de vergonha. Chegaram no piquenique, beberam, se empolgaram, beberam mais. Guardam a garrafa de vinho, dizendo que iriam usar no dia do casamento (e até já reutilizaram no pedido de namoro, um mês depois). Por mais intenso que tenha sido, também foi um desafio começar a namorar alguém de uma forma rápida porque ainda estavam se conhecendo. Ambas moram sozinhas, a família da Luana adora a Bruna e isso tudo ajuda bastante, mas não descartam o fato de que são duas pessoas se acostumando com a ideia de terem uma relação amorosa novamente e isso não foi fácil, precisou passar por uma construção. Luana, no momento da documentação, estava com 23 anos. Ela nasceu em Nova Friburgo, interior do Rio de Janeiro e se mudou para a capital para cursar a faculdade. Morou inicialmente com a avó, até se mudar e hoje em dia morar sozinha. É apaixonada por marketing, se formou em publicidade. Trabalha como analista de negócios. Adora samba, pagode e a vida boêmia que o Rio proporciona. Gosta de aproveitar o tempo com as pessoas que ama e por isso, também, vai bastante para a sua cidade natal visitar a família e passar o tempo com a mãe. Além disso, adora esportes: musculação, futebol, handebol. Gosta da rotina agitada. Bruna, no momento da documentação, estava com 26 anos. Nasceu em Minas Gerais, mas ainda bebê a família se mudou para o Rio de Janeiro. Estudava direito e precisou parar o curso por conta do tempo limitado e conseguir se dedicar aos estudos de inglês. Trabalha na área do direito, na pós venda de locação de imóveis. Seu grande hobbie é a dança, desde os 9 anos se dedica à dança de salão e é a música que a deixa feliz sempre - desde o forró, o samba, até as trends de tiktok. Conta que sua festa de 15 anos foi uma grande festa de dança. Além disso, é uma pessoa que curte a estabilidade, a rotina, a não-acumulação de afazeres… gosta da organização. Bruna estava há 6 meses solteira, saindo muito, curtindo… Na época, início de 2023, fazia futevôlei, mas por conta de confusão nos horários precisou mudar e resolveu entrar na academia. Foi julho quando, no terceiro dia de nova rotina, decidiu procurar amizades e esbarrou com a Luana. De início, achou que Luana fosse atleta. Primeiro porque ela treinava com personal acompanhando tudo… segundo, porque o treino era muito pesado. Cita: “uma série de dez repetições, num intervalo de dez segundos… eu ainda falei ‘tá fodida’ (risos)”. Nem teve a opção de revezar o aparelho. E ainda contou… no fim, disse que ela não tinha feito a repetição corretamente, fez nove ao invés de dez. Depois disso, Luana falou para a personal que Bruna estava dando em cima dela, a personal duvidou. Elas entraram em discussão, então Luana disse que se a Bruna olhasse para ela novamente, iria tomar iniciativa, até porque nunca tinha a visto na academia e poderia nunca mais ver, era uma oportunidade única. Quando ela olhou, a iniciativa aconteceu e foi falar. Chegou e perguntou: Se ela fizesse 10 repetições dessa vez, será que Bruna daria o número de telefone dela? Bruna riu e topou. Luana disse que então ela faria até 20. Seguiram os treinos, trocaram os contatos, mas Luana acabou indo para Nova Friburgo visitar sua família no dia seguinte e elas não se encontraram em seguida, só na outra semana, mas passaram os dias em que estava lá conversando. Viram diversas coisas em comum, como amigos, gostos… o papo fluiu. Brincaram que iriam casar por tudo o que tinham dado certo, que já estavam apaixonadas uma pela voz da outra, e tudo foi fluindo até o reencontro acontecer. Luana é uma pessoa muito emocional, enquanto Bruna é muito racional, então tentam encontrar o equilíbrio. Bruna explica que é a pessoa que faz uma linha e diz: “Isso aqui vai funcionar com isso? Não. Então ponto”. Enquanto Luana é a pessoa que insiste até mesmo no que não funciona e faz acontecer, de um jeito ou de outro. Luana, em contraponto, diz que por mais que Bruna seja racional, existe um momento em que ela cede para o emocional. Que as coisas vão se balançando. E que também é preciso entender os limites. Elas tentam ao máximo conversar e entendem que as conversas difíceis precisam existir para compreender os pontos críticos uma da outra, os gatilhos que existem e o que se faz para despertá-los. Até já criaram um grupo no Whatsapp para “reclamar”, ou seja, estimular as conversas que são difíceis, sobre o que é bom manter e o que não gostariam de manter dentro da relação. E prezam por sempre conversar, brincar, até mesmo trazer as coisas em tom debochado, mas nunca brigar sendo rude ou gritando. Bruna acredita que sua linguagem de amor está em atos de serviço, preparando comida, pensando no cuidado, no dia da Luana… enquanto Luana faz muitos presentes, gosta de mimar, de fazer as coisas com zelo. Ambas prezam por deixar as coisas confortáveis principalmente quando os dias não estão bons, porque a rotina nem sempre é fácil e querem estar em conforto nos dias bons e ruins. Por isso, enxergam a relação com muito companheirismo. Luana Bruna