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Vivian é natural de Araranguá, cidade interiorana de Santa Catarina. Estava com 25 anos no momento da documentação e trabalha com marketing, sendo social media. Cursa faculdade de letras, adora cinema, música, literatura e tudo o que é relacionado à arte.


 

Danielle estava com 20 anos no momento da documentação, é natural de Jacinto Machado, cidade interiorana catarinense, mas mora em Araranguá. Estuda educação física e deseja ser professora. No momento trabalha enquanto auxiliar de faturamento e no tempo livre adora praticar esportes, jogar videogame e desenhar.  


 

Por mais que agora tenham trabalhos distintos, Vivi e Dani se conheceram trabalhando no mesmo lugar sendo estagiárias de educação infantil, em 2022. Vivi conta que não gostava muito da Dani, achava ela chata, porque ela era estagiária de uma coisa só, enquanto Vivi precisava dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Foi por causa das eleições presidenciais que começaram a conversar, sabendo dos seus posicionamentos políticos semelhantes. 



 

Dentro da escola, eram as únicas que possuíam um pensamento que não era conservador perante às eleições que se aproximavam. Conversavam sobre e se aproximavam através das ideologias em comum. Vivi ainda não sabia se realmente cedia para começar a gostar da Dani, primeiro como amiga, depois sentindo algo a mais… havia saído de um relacionamento héterossexual e passou por um processo para se ver sozinha e, depois, entender que estava gostando da Dani.


 

Foi num passeio com os alunos da escola, quando Dani estava jogando bola com as crianças, caiu, e Vivi ficou muito preocupada… percebeu que sentia algo a mais. Na época a proximidade delas já era grande, Vivi ficava nas aulas de Educação Física auxiliando para estar mais próxima da Dani, brincavam com os alunos (e jogavam entre si)… Sentiam a relação crescendo naturalmente. 


 

Todos ao redor de Vivi tentavam dizer que ela não era uma mulher heterossexual, mas ela afirmava que era impossível. Hoje, percebe que só ela não havia percebido ainda - e que tudo bem, era o seu processo. Num dia, falou sobre isso numa rede social e Dani respondeu. Desde então, foram se permitindo acontecer enquanto um casal. Mas tudo levou o tempo que precisava levar, foi só em 2024 que ela se entendeu e assumiu de fato enquanto uma mulher que ama outra mulher.



 

Na versão de Dani, o dia em que ela caiu brincando com as crianças sendo estagiária na escola também foi definitivo para entender que gostava da Vivi. Se sentiu meio solitária depois da queda, como se não tivessem dado muita bola, sendo que ela se machucou de verdade. E foi significativo Vivi ter se importado e realmente cuidado dela. Sente, também, que as crianças sempre souberam que as duas se gostavam - e sempre aceitaram. Não precisavam falar, não precisavam se justificar, era algo muito natural. Diferente das outras professoras e colegas, que eram preconceituosas, então precisavam esconder o máximo possível. Até quando assumiram o namoro, passaram a usar alianças e na escola não usavam ou disfarçavam. Tiveram algumas professoras com quem puderam contar - e alunos também, que sempre apoiavam, o que foi a salvação na maioria desse tempo.


 

Como são pessoas jovens, sempre eram questionadas pelas outras professoras na escola, principalmente por uma delas estar com a aliança. Queriam ver fotos e saber “do namorado”. Foi mais de um ano de relacionamento vivendo uma realidade assim no trabalho, chegaram a morar juntas para facilitar a rotina por conta da casa da família da Vivi ser numa região mais central e Dani não precisar vir de tão longe para trabalhar e estudar, o que era melhor em alguns pontos, mas mais difícil para esconder o quão próximas estavam… até que saíram do estágio (em momentos diferentes) e puderam assumir o relacionamento de outra forma.


 

Depois da escola, Vivi foi trabalhar em uma agência de marketing, ambiente totalmente diferente. Sente que não precisava se esconder, foi a primeira vez que chegou contando quem era e o relacionamento que tinha, sem restrição. E Dani voltou a morar com a família dela, comprou um carro, a qualidade de vida melhorou consideravelmente. 

Vivi conta sobre o quanto a relação com a Dani fez ela se enxergar de forma diferente. A autoestima dela não existia antes. Agora, conforme ela foi se conhecendo, conhecendo a Dani, permitindo que a Dani a conhecesse, foram evoluindo no amor de uma forma que ela nem sabia que poderia existir. Pôde se descobrir, ver quem era de verdade e encontrar um valor nessa existência. Antes não sentia que existia, agora sente que as pessoas vão gostar dela exatamente como ela é. Nas palavras de Vivi: “Tá tudo bem eu ser desse jeito. Inclusive pra ir comprar roupa, uma coisa básica, eu não conseguia escolher roupa. Eu não conseguia me olhar no espelho. E aí depois que ela apareceu, ela foi falando... Ai Vivian, tu é assim. Ai Vivian, te amo por causa disso. Eu gosto de ti por causa disso. Aí eu fui descobrindo que... Tudo bem, sabe? Agora eu consigo comprar roupa. Foi um processo que ela me ajudou muito. Com meu corpo, com as minhas inseguranças.”

 

Para elas, o amor está no sentido mais completo, que abraça a família que possuem, os animais - a gata, o cachorro, o peixe, todos eles sendo da família - a forma que tratam e que são tratadas, como se incluem nos planos, em como tornam as pequenas coisas algo grande… 

 

Sempre foram mais fechadas, pessoas que não aceitam ajuda, não deixavam alguém fazer algo por elas porque davam conta sozinhas. Agora aprendem a compartilhar, entendem que não precisam ficar com todo o peso, soltam um alerta na comunicação quando está demais. E acreditam que nesses momentos o amor está presente também. 

 

No dia das fotos, Dani pediu Vivi em casamento, e foi uma honra para o doc ter participado desse momento. ♥ desejamos que esse amor siga feliz! 

 Vivian 
 Danielle 
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