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Foi trabalhando juntas que Anne e Larissa se conheceram, numa rede escolar, enquanto professoras de inglês. 

 

Trabalhavam em unidades distintas (ainda que em regiões próximas) e tinham uma amiga em comum, mas não se conheciam. Até que numa reunião entre equipes a Lari viu a Anne e se interessou, achou ela linda e decidiu falar com a amiga sobre. Se adicionaram no Instagram e aos poucos a amiga foi percebendo que realmente combinavam e decidiu ir criando uma ponte, instigando que uma fizesse contato com a outra. 

 

Até que aconteceu um evento na escola em que a Anne trabalha, em Campinas, e quando a Lari soube que precisavam de professores para participar do evento prontamente se disponibilizou. Trabalharam juntas o dia todo, no fim trocaram um “Nice to meet you” amigável, sem jeito… mas a verdade é que já estavam interessadas uma pela outra. 


Depois do dia de trabalho juntas, começaram a conversar de fato pelo Instagram demonstrando o interesse. 

 

Na versão da Anne, todo mundo no trabalho sabia o que estava acontecendo entre elas e colocava muita pressão, do tipo “Olha lá, a Larissa tá chegando!!”. Por isso ela até tentou puxar um papo, falar de uma tatuagem, mas não rendeu. Depois, quando começaram a conversar, o apoio foi imenso. Todos adoram elas juntas. 

 

Antes de assumirem o namoro, Anne teve Covid-19 e Lari acabou sendo a professora substituta dela na unidade escolar, então se falavam ainda mais. Contam como foi divertido também trocar nessa questão de trabalho, conversando sobre tudo - e nessa época Lari ficou mais próxima dos colegas de trabalho da Anne, descobrindo assim como ela é uma pessoa muito amiga de todos (e percebendo como eles também já sabiam da existência do romance delas).

Não descartam o quanto estavam tensas por serem do mesmo trabalho (e por esse trabalho ser uma escola) ao assumir que estavam juntas. São profissionais, sabem das regras. No começo, concordaram que se não desse certo, Anne iria sair porque ela nunca teve a ambição de subir de cargo e trabalhar na coordenação (diferente da Lari, que sempre quis). No fim, Lari foi contar para a coordenadora. Contou enquanto também a convidava para ir ao seu aniversário e a reação não poderia ter sido melhor: Ela disse que já imaginava, tinha visto elas interagindo no Instagram, e tudo bem! 

 

Desde o primeiro momento entenderam que queriam construir um relacionamento juntas e isso ser aceito no ambiente de trabalho significou muito. Todos brincavam positivamente com elas, os colegas sempre quiseram ver o casal feliz. 

 

No momento da documentação, Larissa estava com 28 anos e segue enquanto professora de inglês - agora já está trabalhando parte do dia na coordenação. Além do trabalho, é muito ligada à família. Ama ficar em casa, com os gatinhos, dormir, tirar um tempo para fazer nada. Hoje em dia reside em Santa Bárbara d’Oeste, interior de São Paulo, mas nasceu em Americana e é lá que trabalha. 

 

Anne, no momento da documentação, estava com 33 anos. Nasceu na Bahia, numa cidade interiorana chamada Caetité, mas desde criança mora em Campinas. Segue trabalhando enquanto professora de inglês. 

Desde o começo o relacionamento vem representando uma série de mudanças para elas. Pela primeira vez, a Lari contou para os pais sobre a sua bissexualidade e Anne foi super bem recebida em casa, elas inclusive adoram esses momentos em família. 

 

Lari começou a gostar de futebol, assistir Star Wars e já tem até uma camiseta do Flamengo. Descobriu que é muito bom viver tudo isso ao lado da Anne porque como são coisas que ela ama, enxerga com muito brilho no olhar. 

 

Anne veio de uma família bastante religiosa e conservadora, então o assunto de se relacionar com uma mulher é muito mais delicado. Lari foi a única pessoa que ela resolveu dizer: “Estou namorando e quero trazer ela aqui em casa”.

 

A primeira vez que contou para os pais sobre a sua sexualidade foi há anos atrás, mas não teve boa aceitação e desde então viveu como um silêncio. Um hiato enorme, uma agressão disfarçada porque não aceita quem ela é. Hoje em dia, depois de ter assumido novamente - dessa vez com a Lari - sentiu uma vontade de quebrar preconceitos vindo do pai, que se mostrou muito mais aberto a entender. 

 

Atualmente a Lari frequenta sua casa e elas sentem que tudo evolui aos poucos, mesmo não sendo fácil. 
 

Para o relacionamento dar certo, entendem que precisam respeitar seus tempos. Lari tem uma postura mais combativa nos momentos de desafio, enquanto Anne prefere ficar em silêncio, processando, mesmo que tendo companhia. 

 

Lari explica que é um aprendizado acompanhar a Anne nos seus processos e que nunca abrem mão da comunicação. Comunicam tudo, o tempo todo, desde coisas básicas (como o que querem fazer juntas) até conversas intensas sobre o que sentem.

 

Pela primeira vez, Anne enxerga o relacionamento enquanto paz. Sente que em outras vezes que se relacionou, não só amorosamente, precisou fazer muito esforço para ser ela mesma, se sentir bem. Com a Lari não existe dificuldade para a paz existir. E amar também é isso, se sentir bem sem querer mudar o outro e nem se mudar para agradar. Uma grande compreensão de como somos, não de forma descartável, mas de ter tolerância. 

 

Lari completa dizendo que sente um amor que gostaria que todos vivenciassem. Lembra de um momento que o pai dela viu elas desenhando juntas e disse “Como vocês combinam, né?!”. Sempre teve sua referência de amor baseada na família e acredita que a Anne já atingiu isso: se tornou família pra ela, o amor que sempre acreditou. Um núcleo, algo muito mais íntimo. 

 Anne 
 Larissa 
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