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Gostaria de começar a história da Laura e da Camila premiando-as com o título de casal mais brega que já passou pelo Documentadas. Este, um título naturalmente conquistado, não enquanto um brega em tom ridicularizado, cômico demais ou até enjoativo, mas genuinamente delas, algo que se faz parte em cada móvel do apartamento, história engraçada que contam ou fotografia realizada dentro do projeto. 

 

O brega não veio através de “eu te amos” falados o tempo todo - bem pelo contrário, Camila explica que o “eu te amo” parece nem ser o bastante para elas. O brega existe mais pelas bicicletas que representam ela ensinando a Laura a andar de bicicleta na praia, o fusquinha verde que ela tinha no começo do relacionamento, o livro de poesias (que sim, ela mesmo escreveu e lançou um livro de poesias para a Laura) e uma casa inteira de bonecas que representa a casa delas. 

 

Olhar para esses anos de relacionamento enquanto contam suas histórias representa enxergar o quanto acrescentaram uma à outra. Anexaram suas coisas boas e ensinaram/aprenderam o que ainda não sabiam. Enxergam como mudaram (e que bom que mudaram!), ficam felizes com suas novas versões e entendem que se não estivessem juntas não teriam vivido tantas evoluções. 



 

Laura, no momento da documentação, estava com 36 anos. É natural de Porto Alegre - Rio Grande do Sul e trabalha enquanto auxiliar administrativa sendo servidora pública. 

 

Camila, no momento da documentação, estava com 33 anos. Também é natural de Porto Alegre e trabalha enquanto professora de história, sendo servidora pública. Além de ser professora, Cami faz paródias sobre história, então usou o hobby de tocar violão para ensinar os alunos (criou um canal, tem músicas muito legais e acaba fazendo paródias não só sobre história). Além disso, participa de grupos de pesquisas sobre gênero e a presença de mulheres na história.

 

Dentro de casa, contam com mais duas companhias: a Pagu e a Chica, suas cachorrinhas que estão no lar desde a pandemia de Covid-19. Adotaram pelo tanto de tempo que passaram em casa e por sempre desejarem ter cachorros, àquela era uma boa hora para fazer a adaptação.

Ao começar a contar sobre como se conheceram e trazerem os fatos, logo surgem brincadeiras sobre se perderem nas datas - e logo a Camila, que é professora de história, foi muito cobrada sobre. 

 

Foi em outubro de 2014, que aleatoriamente, Camila adicionou a Laura no Facebook. Ela jura que não costumava adicionar pessoas que não conhecia nas redes sociais, mas viu uma foto da Laura, com um amigo em comum, fazendo campanha eleitoral presidencial para a Dilma e decidiu adicionar para fazer amizade. Na época, tudo estava à flor da pele com a campanha acirrada Dilma X Aécio (e no Rio Grande do Sul o Estado estava Tarso X Sartóri, que também não era nada fácil) e ela se sentia muito cansada de não ter pessoas sensatas para conversar. Procurava alguém que tivesse uma ideologia política em comum.

 

Laura perguntou da onde elas se conheciam, Camila explicou que não se conheciam mas que gostaria de fazer amizade. Na época, Laura passava por um término de relação e topou conversar. Um tempo depois, quando já estava sozinha, chamou Camila para sair e de lá em diante começou uma paixão relativamente avassaladora: Cami tinha uma viagem agendada, foi e quando voltou já se sentia totalmente apaixonada pela Laura.


Desde o começo do namoro passaram por diversos processos: moraram juntas, o relacionamento foi caminhando com o apoio da família (a irmã da Laura inclusive que apoiou que morassem juntas), meses depois Camila fez o pedido de casamento usando a casinha de bonecas, os anos se passaram e chegaram até a segunda casa - que moram hoje em dia.

 

No momento de viver a segunda eleição presidencial em que o [sempreFora]Bolsonaro foi eleito, decidiram firmar a ideia do casamento: não teria mais como adiar, era uma decisão política. Realizaram a cerimônia em janeiro de 2019.

 

Em 2020, viveram o desafio da pandemia. Com ele, refletem sobre como mudaram questões de comunicação - como a Camila chama para conversar o tempo todo, por exemplo, puxa para resolver os problemas - e como é muito raro brigarem. Tudo fala sobre questões cotidianas e como tentam resolver a rotina no entendimento. Entendem que uma trabalha muito mais que a outra, então tudo bem em alguns dias a que trabalha menos resolver a bagunça do sofá, da casa, enquanto a outra está ocupada, assim, se equilibram das formas que conseguem. A ideia é não sobrecarregar justamente para não desenvolverem brigas desnecessárias.

 

Camila acredita ser uma vantagem se relacionar com alguém diferente dela. Laura ri e concorda, elas se complementam. Dá o exemplo: Cami é organizada nos prazos e planos de vida, coisa que Laura nunca foi e que hoje em dia adora ser - porque Camila é pelas duas. Laura entende que isso também é amor. Toda essa disposição que elas possuem de entender, de se compreender, de estarem dispostas a se completarem e realizarem trocas.

 Laura 
 Camila 
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