top of page

A Daniella e a Flávia moram em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, e dividem a vida com suas duas bichinhas caninas. Entre suas rotinas, o que mais gostam é dos finais de semana (momento em que se encontram para passar juntas) e de sair para beber e comer com qualidade.

 

Elas entendem que são pessoas muito diferentes nos jeitos, gostos e culturas, mas se encontram entre diversos caminhos. São pessoas muito ligadas à família e entendem o amor como uma demonstração nas pequenas atitudes: trazem o exemplo de que a Dani sempre bebe água antes de sair de casa e sabendo disso a Flávia já deixa um copo d’água preparado para ela não se atrasar. O amor que trocam fica entre as formas de cuidado com o lar, as cachorras, o corpo e/ou as ações que tomam diariamente.

 

Dani explica que o amor sempre esteve presente em toda a sua vida: a educação que recebeu dos pais, a forma que se entrega no que acredita e o quanto deseja viver coisas boas com quem admira. Destaca o fato de que ela e a Flavia são opostas complementares, ou seja, estão ligadas uma à outra para trazer ensinamento. Com o relacionamento, aprendeu a amar outra mulher de um jeito diferente do qual estava acostumada. 


Dani tem 29 anos, é psicóloga e viajou do interior de São Paulo até Belo Horizonte para fazer mestrado, trabalhar com atendimentos e praticar sua militância. Hoje em dia, passou em um concurso e mora em Contagem, município vizinho da capital. 

 

Flavia tem 30 anos, é engenheira civil e também trabalha enquanto barbeira - conta que trabalhava muito nesse ramo, até abriu um salão na garagem de casa, mas que hoje em dia a demanda da engenharia é muito grande e acaba atendendo só quando sobra tempo. Ela nasceu em Belo Horizonte e mora até hoje no mesmo bairro e mesma casa; citam a diferença da trajetória dela e da Dani: a Dani morou em três estados, enquanto a Flavia nunca saiu do seu lar, fazendo com que tenha muitos amigos de infância e conheça cada vizinho da rua. 

 

Flavia comenta a importância das suas raízes nos bairros de Belo Horizonte, principalmente por ter se assumido em um momento muito diferente do que vemos: há 15 anos atrás era muito mais difícil ‘sair do armário’ e hoje fica feliz vendo meninas e meninos sendo quem são ao andar na rua, usando cabelos coloridos e falando abertamente sobre orientação sexual. 


Dani e Flavia se conheceram num momento de flexibilização da pandemia, por conta de terem amigas em comum. A Dani morava sozinha e recebia vez ou outra alguma amiga em casa e foi numa dessas vezes que a amiga postou um storie com ela. A Flavia viu o storie e começou a seguir a Dani, curtiu suas fotos e começaram a conversar pelo Instagram mesmo.

 

Um tempo depois, Dani chamou Flavia para visitá-la, porém teve como resposta que elas deveriam convidar a amiga em comum também, já que Flavia não queria visitar sozinha. O jantar aconteceu, elas foram e levaram cervejas - depois de horas e horas de conversa o beijo finalmente surgiu, enquanto a amiga foi ao banheiro. 

 

Flavia comenta que iria embora sem beijar, porque é mais tímida e precisa de um certo tempo, enquanto na mesma hora Dani rebate: “Se ela não me beijasse naquele dia, certamente não nos veríamos mais”.

 

Um tempo depois foi a vez de Dani ir até a casa da Flavia (que, inclusive, já tinha comprado um presente para ela na semana do seu aniversário). Se encontraram num sábado, durante um encontro que deveria ser rápido, e acabaram ficando até segunda-feira juntas - com a Dani conhecendo a mãe da Flavia e não querendo tomar banho na casa dela para não gastar água ou dar prejuízos - o que virou piada até hoje. 


 

Logo no começo da relação, enquanto ainda estavam se conhecendo, Dani conheceu a ex cunhada de Flavia e foi convidada para viajar ao Rio de Janeiro com elas porque precisavam resolver algumas coisas por lá, porém, enquanto estavam nesse momento inicial, Flavia teve um envolvimento com a sua ex. Elas entendiam que não namoravam - e Dani conversava muito sobre a não monogamia, mas esse fato veio como um baque, já que a Dani não esperava que acontecesse. 

 

Passaram por um momento de afastamento e de quebra de confianças, mas depois conversaram e decidiram: ou namoravam e construíam algo juntas, ou se separavam para não machucar uma à outra. 

 

Acabou acontecendo um fato isolado, do qual a Flavia sofreu um assalto enquanto trabalhava como motorista de aplicativo, e a primeira pessoa que ligou foi a Dani. Depois disso, se falavam frequentemente e entenderam que precisavam resolver seus traumas individuais para conseguirem ficar juntas - assim fizeram. Dani sentia amar Flavia e não queria abrir mão do relacionamento, então passaram por um período de conversas, cuidados e decidiram começar o namoro. 


 

A Flavia é a primeira namorada da Dani, então passaram juntas pelo momento de contar às famílias e tudo foi fluindo aos poucos - acreditam que fluiu bem, já que no primeiro natal passaram na casa da Dani com parte da família reunida e apoiando o que constroem juntas. 

 

Depois dos primeiros meses, adotaram a Teresa - uma vira-lata preta, já adulta, bastante animada e bagunceira. Flavia conta que percebia o quanto a Dani acabava ficando muito sozinha e adotar a cachorra foi inicialmente impulsionado por esse motivo (na época a Meg já existia, mas era a cachorrinha da Flavia há anos, então apenas visitava a Dani), depois da adoção entenderam que a Teresa representa muito mais que companhia, aprendem diariamente formas de amar com ela e se sentem muito mais felizes.

 

Hoje em dia, viajam bastante para o interior de Minas e gostam de conhecer lugares novos. Entendem que podemos ser quem nós somos e não gostariam de entrar em caixinhas de padronizações sobre os nossos corpos para sermos mais respeitadas em sociedade. Comentam que sobretudo desejam a vontade de mudar a sociedade sob o medo da violência e, para o futuro, pretendem engravidar e formar uma família - mantém uma poupança para isso, pensam na possibilidade da inseminação e em não ter apenas um filho. [Boa sorte, gurias. ♥]

 Daniella 
 Flavia 
bottom of page