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A conexão entre Carol e Gabi foi acontecendo aos poucos, quase por acaso. Frequentavam os mesmos espaços, Carol era amiga da irmã da Gabi e isso fez com que Gabi até fotografasse a Carol em um evento, mas nunca prestaram real atenção uma na outra. O primeiro contato mais direto aconteceu em um evento de fotografia, em 2017. Quando Gabi chegou e reconheceu Carol pela voz, se apresentou de forma animada dizendo que ela era a Gabi, que tinham amigas em comum. 

Ao contrário do que Gabi na hora esperou, Carol não demonstrou o menor interesse na informação. Ela ficou até um pouco sem jeito, desconcertada, pensou ter sido expansiva demais. Depois do evento e da situação, Carol decidiu seguir Gabi nas redes sociais. No evento em si, não trocaram mais nenhuma palavra. Mas, aos poucos, começaram a interagir online.

Em 2018, sem ainda serem exatamente amigas, viajaram juntas para um congresso de fotografia. O motivo foi objetivo: dividir os custos (arrumar um hotel ou apartamento para ficar, dividir os transportes…). Mas essa convivência inesperada mudou a dinâmica entre elas.




 

Gabi, que até então era casada, viveu seu relacionamento até 2019. Conversava muito com seu ex-marido e parceiro de tantos anos, até o momento que entendeu que não cabia mais estar em um relacionamento com um homem. Depois que se separou, viveu um ano de mudanças muito intensas em si.

 

Em 2020, ela e Carol começaram a se relacionar. Aos poucos, foram compartilhando a novidade com os familiares - o maior medo de Gabi sempre foi a reação do filho - e, no dia da conversa, tomada pela emoção, chorava muito enquanto contava… mas ele agiu da melhor forma possível, dizendo: “Você tá chorando por quê, menina? Ah, deita aqui. Que besteira. É importante você ser feliz”. E descreve a sensação de alívio e de acolhimento. Desde então, ela e Carol seguem juntas, mas só em 2021 que de fato Carol começou a frequentar mais a casa de sua família e, em 2022, decidiram morar juntas.

 

Gabi já vivia uma série de mudanças desde 2019, que foi um ano de transformação. Porém, em 2020 com a pandemia de Covid-19 sente que as mudanças deixaram de ser internas para serem externas, todos estavam em mudança (e ainda mais drásticas).  Nos primeiros meses da quarentena, ficaram sem se encontrar. Em 2021, Gabi pegou Covid e sentiu muito medo. Ao mesmo tempo, havia os receios do relacionamento: como contar para a mãe, para a irmã? Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo e foi necessário se reorganizar em meio às inseguranças. 


 

A relação de Carol e Gabi trouxe transformações profundas para ambas. Gabi observa o quanto Carol mudou - antes, ela jamais aceitaria aparecer em frente a uma câmera, e agora, não só topou a documentação da história delas, como se empolgou com a ideia. Isso as fez refletir sobre como, apesar de fotografarem tantas famílias diariamente, pouco documentavam suas próprias vidas assim, contando a história. Dessa vez, entenderam a importância de registrar essa trajetória.

 

O início não foi fácil. A mãe de Gabi se opôs à relação, mas, em 2020, tudo mudou. Com o diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica do pai, Gabi já havia vendido o carro após a separação, e Carol esteve presente em todos os momentos, ajudando Gabi e a mãe a levá-lo onde fosse necessário. Esse cuidado foi essencial para transformar a relação entre elas, e hoje, são muito próximas. Para Gabi, isso reflete a essência de Carol: alguém que se doa, cativa e constroi laços verdadeiros.

 

Essas vivências só reforçaram que o amor entre elas é uma escolha diária. A maturidade trouxe essa certeza. Não é apenas o desejo de estar juntas, mas a decisão de construir algo sólido. Gabi sempre foi vista como uma pessoa alegre, mas, por muito tempo, sentia que não tinha sonhos, que não se via no futuro. Até perceber que essa falta de perspectiva vinha de sua própria história e que era possível mudar isso. Hoje, ao lado de Carol, ela se permite sonhar. Planeja. Visualiza o futuro. E percebe o impacto disso em todas as áreas das suas vidas (pessoal e profissional): uma impulsiona a outra a enxergar mais longe.



 

Gabrielle estava com 37 anos no momento da documentação. É natural de Maceió, mãe de um adolescente de 15 anos. Sempre se reconheceu como bissexual, mas entende que parte dessa vivência foi moldada pela heterossexualidade compulsória e pelas expectativas da família tradicional brasileira. Quando seu filho completou 10 anos, tomou a decisão de se assumir e iniciar um novo capítulo ao lado de Carol. Atualmente, trabalha enquanto fotógrafa e artista visual, se destacando por seus trabalhos com retratos; Além disso, é funcionária pública há 17 anos, trabalhando como secretária em uma escola. Seu tempo livre é preenchido com literatura, música e artes, suas grandes paixões.

 

Carolina estava com 37 anos no momento da documentação. Também fotógrafa, nasceu em Maceió, mas passou boa parte da vida no Rio de Janeiro, além de outras cidades antes de retornar à sua terra natal. Seu trabalho transita por diferentes universos (ensaios, shows, casamentos) e sua paixão por música a acompanha dentro e fora da fotografia. Adora assistir a shows ao vivo, sair para beber uma cerveja e explorar a cidade.

 

O relacionamento entre elas trouxe transformações significativas, especialmente para Carol, que sempre teve hábitos muito fixos e gostos bem definidos. Com Gabi, passou a se permitir experimentar mais, explorar novos caminhos e redescobrir o prazer da novidade.

Juntas, construíram uma relação baseada na troca, no respeito e no amadurecimento. Se impulsionam a sonhar, a expandir horizontes e a se reinventar todos os dias.

 Gabi 
 Carol 
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