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Carol estava com 26 anos no momento da documentação. É natural de Campo Mourão, no interior do Paraná.  Já passou pelos estudos enquanto gastronomia e psicologia, mas se encontrou mesmo na perfuração corporal, antes da pandemia de Covid-19 começar.  Faz cerca de 5 anos que está morando em Maceió. Ama cozinhar, passar o tempo com o Treva, gatinho que trouxeram do Paraná (e que é mascote do estúdio) e a Mel, que adotaram já morando no nordeste. Adora ir à praia e conhecer lugares novos. 


 

Andressa estava com 33 anos no momento da documentação. Também é natural de Campo Mourão. Formada em publicidade e propaganda, trabalhou oito anos na área, mas sentia que sua vida era só ficar no computador, foi quando decidiu ir para Maringá, cidade próxima de onde nasceu, e começou a trabalhar com tatuagens, junto com um amigo que trabalhava como tatuador. Juntos, abriram um estúdio na sua cidade natal, em 2017.


 

Nessa época, Carol e Andressa se conheceram através dele, o famoso - e temido por muitas - rebuceteio: se conheciam por conta das suas ex. Andressa soube que a Carol estava solteira porque falavam que ela era muito legal e muito bonita. Elas se conheceram, se deram bem, começaram a se envolver e nem perceberam de fato quando já estavam namorando. Tudo aconteceu. 


 

Pouco antes da pandemia de Covid-19, Carol e Andressa já dividiam a vida e os negócios. Andressa tocava o estúdio de tatuagem durante o dia, enquanto Carol botava a gastronomia em prática à noite, servindo pizzas em pedaços no bar. A rotina era intensa, mas funcionava.

 

Maceió sempre esteve no radar da família de Carol, especialmente do pai, que sonhava em se aposentar e se mudar para lá. Quando visitaram a cidade juntas, começaram a pesquisar mais a fundo: o turismo, custo de vida, oportunidades. Até que decidiram mergulhar nesse sonho antes mesmo dos pais dela. Venderam tudo e partiram para Alagoas, no meio da pandemia.

 

Chegar em uma cidade nova como tatuadora foi desafiador, mas a determinação era maior. Foram conquistando clientes aos poucos, mas o maior choque foi cultural. Mesmo dentro do Brasil, perceberam o quanto cada região tem suas particularidades. No fim, a mudança foi também um processo de renovação - queriam se descobrir em um novo ambiente, explorar novas versões de si mesmas, sobretudo descobrir sua melhor versão.



 

O sucesso do estúdio em Maceió não foi “do nada”, bem pelo contrário: meses de muito trabalho e, nas palavras delas “veio da vontade de evoluir como pessoas”. Não começaram com tudo pronto, foram construindo aos poucos. Chegaram na cidade dispostas a qualquer ‘freela’, depois buscaram estúdios para trabalhar - Andressa tatuando, Carol com as perfurações. Guardaram dinheiro para investir no antigo estúdio no Paraná, mas acabaram apostando tudo em um novo começo no Nordeste.

 

Pensaram em desistir várias vezes. Mas sempre que uma ficava triste, a outra lembrava: “Já viemos até aqui, já vendemos tudo. Vamos continuar.”

 

Quando as coisas começaram a reabrir no pós-pandemia, entenderam que era o momento certo para abrir o próprio espaço. Alugaram um local pequeno perto da praia, com uma maca, um autoclave e poucas ferramentas. No começo, atendiam muitos turistas que passavam e faziam tatuagens por impulso ou porque queriam uma lembrança de Alagoas.

 

Com o tempo, foram se conectando com a cultura local e decidiram criar um estúdio feminino. Muita gente duvidou, dizia que não durariam nem dois meses, até porque o mercado da tatuagem é cheio de machismo. Mas no momento da documentação, o estúdio já completava três anos, agora em um espaço maior, mais estruturado. E mais importante é que vai além da tatuagem e perfuração: oferece cursos, eventos, troca de experiências e, acima de tudo, acolhimento.



 

O começo foi difícil. O primeiro estúdio, perto da praia, trouxe desafios pesados: alagamentos com as chuvas, roubos na vizinhança, insegurança constante. Choraram, duvidaram se conseguiriam sustentar o espaço.

 

Até que decidiram que não podiam mais conviver com o medo. Foi quando encontraram o novo local, onde trabalham e moram. E quando querem um respiro, alugam um cantinho em praias mais afastadas ou vão para o terreno do pai da Carol  (o mesmo onde ele sonha morar quando se aposentar).

 

O estúdio não cresceu só pelo esforço delas, mas porque outras pessoas apostaram nesse espaço. Formaram uma rede de apoio: tatuadoras, cervejarias, clientes que acreditaram no propósito de um estúdio feito para mulheres, fazem muita questão de agradecer.

 

E é bonito como o amor delas transborda no que construíram. Quem chega já chama de “O estúdio das meninas” - e quando são chamadas assim, se sentem representadas. Foi um amor erguido com maturidade, conversas, carinhos, em agradecimento quando fazem refeições juntas... A vida é absurdamente corrida e demanda muito diariamente, mas reconhecem que nas pausas diárias, compartilhadas com os bichinhos também, existe essa dose de amor.

 Andressa 
 Carol 
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