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Clara e Mariana são as duas meninas mais novas que já passaram pelas histórias do Documentadas - e também as duas meninas com o olhar mais atento aos detalhes artísticos ao nosso redor. 

 

Clara tem 18 anos, nasceu em Criciúma - Santa Catarina, é estudante de pré-vestibular e trabalha como jovem aprendiz enquanto almoxarife. Sonha em cursar cinema, sua grande paixão e arte responsável por mudar a perspectiva e visão de mundo sobre todas as coisas que já viveu. Em um momento da conversa, a Clara compartilhou que possui uma vontade muito grande de estudar cinema justamente por querer se envolver em projetos que atuem no país integrando culturas e trazendo oportunidade de expressão para que as pessoas coloquem para fora o que sentem/como se sentem, pois acredita no cinema para muito além que um produto: uma forma de expressão das mais potentes. 

 

Mariana tem 17 anos, também nasceu em Criciúma - Santa Catarina, também é estudante pré-vestibular, atualmente ela dá aulas de ballet e jazz. A dança sempre esteve muito presente na sua vida, desde criança é seu maior divertimento e sonha em seguir carreira. No tempo livre, a Mari também participa de um projeto chamado “Ela”, que distribui kits de higiene pessoal e absorventes para mulheres na região carbonífera do Sul de Santa Catarina e a ideia é que o projeto se amplie cada vez mais. ♥






 

A inspiração da Mariana vem muito de dentro de casa, tendo uma mãe feminista que ela sempre viu com olhar de admiração e que a insinou a ser quem ela quer ser. Além disso, toda a vivência das duas juntas mostra diariamente que estão dispostas a evoluir e se posicionarem com as suas opiniões, estarem abertas às mudanças e às novas percepções. Ela comenta o quanto segue, junto à mãe, ensinando e compartilhando muito uma com a outra. 

 

Já a inspiração da Clara vem da arte. É através de diretoras de cinema que ela encontra sua inspiração sobre o que gostaria de ser no futuro - e entre esses sentimentos, o que mais a desperta é a coragem. Além da arte, a mãe dela também a inspira muito diariamente para conseguir contar e enfrentar as dificuldades no cotidiano. 

 

A relação da Clara e da Mari de contar sobre o relacionamento para a família foi diferente para cada uma, a Mari foi contando aos poucos e hoje em dia todos têm uma boa relação. Já a Clara, conta que a mãe dela acabou descobrindo a partir de uma carta que a Mari tinha dado à ela. Foi um baque a descoberta em si, porque ela já estava planejando contar e o momento acabou vindo antes do preparado, mas acabou saindo do armário de alguma forma. Hoje em dia, ambas famílias se dão bem e juntas elas adoram cozinhar, passar um tempo deitadas sem fazer nada, apenas se curtindo e conversando sobre coisas aleatórias. 





 

Clara e Mariana se conheceram na escola em 2019, eram de turmas separadas, mas o destino deu um jeitinho e uniu as duas na mesma turma… Ficaram bem próximas e a Clara começou a gostar da Mari, mas a Mari estava bastante confusa sobre o que sentia, se gostava de meninas ou não, se gostava da Clara ou de outra menina… Eram muitos sentimentos novos para administrar… E aí na conversa a Clara diz:

 

“É a típica história de se apaixonar pela amiga!”

 

Sim, é. E a Clara já sabia que gostava de mulheres, mas até então imaginava ser bissexual. Ela conta que a Mari foi essencial para sua descoberta pessoal, foi uma grande ajuda nesse processo de auto entendimento e aceitação. Aos poucos elas foram evoluindo, se descobrindo e se desenvolvendo. 

 

Mesmo que não tivessem muita noção sobre o que estava exatamente acontecendo, elas nunca deixaram de estar juntas. Quando a Mari entendeu que precisava escolher e se abrir com a Clara sobre o que sentia por ela antes que a perdesse, decidiu se declarar e foi aí que elas ficaram realmente juntas num relacionamento. Assumiram isso para todo o colégio (Que inclusive, diga-se de passagem, é um colégio católico, administrado por freiras e bastante conservador) e seguiram cada vez mais juntas. 


Elas entendem que amar é, também, respeitar suas individualidades e seus momentos. Então, por mais que nos momentos difíceis se apoiem, elas sabem respeitar suas particularidades e seus espaços mais reservados. Contam que dão mais valor ao apoio e ao companheirismo quando se juntam fisicamente, corpo-a-corpo, e que dentre os momentos mais difíceis que passaram está o começo do namoro, quando a coordenação da escola pediu para que elas cuidassem com as demonstrações de carinho por conta das possíveis incomodações com pais de alunos dentro da escola (Mas que elas souberam lidar firmemente e tiveram apoio da família) e com a própria pandemia, que nos desperta muitos sentimentos de incerteza e ansiedade perante o futuro. 

 

Para a Mari, amar é se sentir bem, transmitir bem-estar e felicidade. Amar pode trazer algumas preocupações e momentos não-tão-bons também porque isso faz parte das relações humanas, mas isso não pode se transformar e ser maior do que a gente. “O amor é leve!”. A Clara completa que no amor a gente se sente seguro e sereno, mesmo com a preocupação, é quase sem preocupação (risos) “Porque até com preocupação a gente se sente bem e é acolhida”. O amor entre mulheres, para elas, é sobre ter conexão e entendimento único. 

 

Por fim, mas não menos importante, a Mari e a Clara escolheram essa praça porque foi o local onde deram o primeiro beijo, na cidade em que elas moram, lá em Criciúma! Um local que elas amam frequentar e fazer piqueniques. Por mais que elas queiram estudar na capital, elas não esquecem da importância de levar e de debater mais cultura para a cidade onde moram, trazer de volta a história da cidade (Que no momento encontra-se abandonada) e incentivo aos artistas locais e das escolas municipais. Um olhar para a cultura da melhor forma: construtiva. Construindo uma nova cidade que saiba de onde veio. 

 Mariana 
 Clara 
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