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Alice e Glauci moram em um apartamento super aconchegante em Porto Alegre, junto com suas cachorras, Pitanga e Amora. Elas estão juntas desde 2018 e se encontraram pela primeira vez lá mesmo, no apartamento, onde fizemos as fotos. 

 

São mulheres que gostam de cuidar da saúde (e aprenderam a gostar disso durante a pandemia). Trocam diversos estudos sobre diversidade, passam os fins de tarde no parque, saem para tomar cervejas, fazer a feira (e o rancho, como dizem os gaúchos) e sabem se divertir juntas: seja montando quebra-cabeças ou fazendo festa junina em casa. 

 

Além de todas as atividades que fazem por pura diversão, elas se comprometem todos os sábados com um trabalho voluntário de distribuição de marmitas às pessoas em situação de rua lá em Porto Alegre, o PF das Ruas (projeto que o doc, sem querer querendo, também já teve ligação ♥ então quem não conhece, vale muito conhecer!).   



 

A Alice tem 32 anos, é analista de experiência em um banco e nasceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, onde morou até os três anos de idade. Depois disso, passou a infância em uma cidade chamada Lagoa Vermelha, também no Rio Grande do Sul, e aos quinze anos se mudou para Porto Alegre para estudar. 

 

A Glauciene tem 26 anos, trabalha como Analista Digital/Customer Experience no mesmo banco que a Alice, mas em áreas diferentes, visto que uma atua no banco físico e outra no banco digital. 

 

A Glauci estuda ciências contábeis e a Alice faz pós graduação de MBA em Diversidade e Inclusão, sendo, inclusive, líder de Diversidade LGBT dentro do banco em que trabalha. Foi ocupando este espaço em que entendeu cada vez mais a importância de estudar e se aprimorar. 

 

Elas acreditam que as políticas públicas precisam ser direitos de todos, como diz a teoria e a constituição, de forma decente, e com cuidado: cuidar de todos desde a educação até o acesso à cidade. É o que mais desejariam ver acontecendo em todo o país. Alice fala o quanto ela sente medo e sente a falta de segurança atrapalhando o seu dia a dia, por não se sentir segura andando pelas ruas de Porto Alegre, e que sempre pensa em uma realidade diferente em que possa ter acesso a algo tão básico como sair na rua sem medo. 



 

Em 2018, foi numa breve conversa através de um aplicativo de relacionamentos (o famoso Tinder) que elas se conheceram. Digo breve porque logo a Glau sumiu, por meses não respondeu e a vida seguiu. Até que numa sexta-feira ela apareceu, mandou um “Oi”! E aí papo vai, papo vem, naquele mesmo dia Alice resolveu chamar ela para sair no dia seguinte, mas ela resolveu propor de se verem na sexta mesmo, um pouquinho mais tarde, se arrumavam e se encontravam.

 

Alice já estava convicta de que ela sumiria de novo, até que o interfone tocou! Elas ficaram um tempo no apartamento dela e decidiram ir para uma festa, onde encontrariam uns amigos. A Glau deixou algumas coisas na casa da Alice e elas brincam que foi “propositalmente” para voltar lá depois, no fim da noite. 

 

O beijo demorou um pouco para sair, em vários momentos uma achou que a outra fosse tomar a iniciativa e ficou nesse vai-não-vai. Até que finalmente aconteceu. Depois de voltarem para a casa juntas continuaram se encontrando, a Glau passou as férias na casa da Alice e no ano novo juntas em Santa Catarina aconteceu um pedido de namoro, com piadas internas entre amigos para lembrarem das alianças e tudo.


Elas contam que construir o relacionamento não é nenhum pouco fácil. Um dos momentos mais difíceis enfrentados aconteceu logo no começo, quando a avó da Alice faleceu. Era a comemoração de um mês juntas e foi um baque muito grande, muito intenso. Ao mesmo tempo que tudo era muito triste, foi também surpreendente ver a Glau tão forte ao lado dela, porque pessoas que conheciam a Alice há muitos anos não deram tanto apoio como ela recebeu da Glau, e isso significou muito, foi como um estalo sobre ela poder dar um verdadeiro voto de confiança. 

 

Elas contam também que o convívio por conta da idade não foi fácil, além disso, passaram por momentos de desemprego, a Alice chegou a trabalhar como Uber, a Glau já não se sentiu em casa e teve a casa enquanto um lar… todos esses momentos fizeram parte de construções em que foram cedendo para que continuassem firmes. É sempre uma conversa e escuta ativa para entender como podem melhorar, como o lar pode ser das duas, como as coisas podem ser melhores para ambas… e como elas podem estar em sincronia. 

 

Conversam muito sobre as questões que aparecem no dia a dia. Passaram momentos que as fizeram crescer muito, que hoje estão num patamar de muito amadurecimento e parceria… Mas não foi nenhum pouco fácil. Alice não é muito de falar o que está sentindo, já a Glau tem mais facilidade para falar sobre as coisas… tudo precisa ser medido, equilibrado. 

 

Por fim, elas contam que juntas entendem o amor como se conhecer de verdade. E quando o conhecimento acontece, ele já não dói mais, é quase que ao contrário… não ter essa pessoa na sua vida é que dói. Amar é também sempre buscar melhorar, para você, para o outro e para todos. 

 Alice 
 Glauci 
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