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Pethra tem 34 anos e Márcia 29. Hoje em dia, Pethra é vendedora e Márcia é formada em moda, trabalha enquanto analista de qualidade. 

 

São pessoas que não ligam para o que os outros pensam, saem na rua de mãos dadas e entendem a importância disso. Se pudessem, fariam com que as crianças fossem educadas com maior consciência, visto que são seres que não veem a maldade. Pethra já participou de eventos sobre a diversidade nas escolas e Márcia fala sobre a importância de também se falar sobre educação sexual. 

 

Como Pethra sempre se vestiu de forma mais masculinizada, entende que não sofrerem tanta homofobia nas ruas é resultado de um certo machismo - os homens não mexem com elas porque veem a Pethra enquanto homem também. E, por outro lado, cita a importância de ter mais banheiros unissex pela cidade, porque também já se sentiu mal entrando em um banheiro de shopping, com mulheres olhando atravessado pelo jeito que ela se veste. 

 

Falando em shoppings, no fim, isso é uma das coisas que elas mais gostam de fazer - e motivo de ter gerado muitas risadas, porque quando perguntei o que era mais a cara delas, responderam: ir na Renner. Elas adoram andar em shopping, ir nas lojas, restaurantes, conhecer novos espaços (leia-se: novas lojas Renners……….) e, mais que tudo, encontrar os amigos para saírem juntos.

 

Quando falei pela primeira vez com a Márcia, chamando elas para fazerem parte do Documentadas, tivemos a ideia de reunirmo-nos com as suas melhores amigas, a Tayna e a Jú. Elas fazem parte de um grupo de 4 amigos, que virou 8, porque chegaram os “agregados” (ou seja, viraram casais). A Márcia e a Tayna são amigas há mais de 10 anos e se ajudam em todos os momentos possíveis…. uma acompanhou toda a história da outra, entre os relacionamentos e os momentos mais felizes e tristes. Decidimos tirar fotos das duas com suas “agregadas” e fizemos toda a conversa em grupo. Elas têm uma amizade incrível.

O processo de aceitação da Pethra começou bem nova, quando gostou de uma menina pela primeira vez e entendeu que era isso que ela queria. Não foi fácil contar para a família e ela se sentiu bastante pressionada, mas chamou a mãe dela para sair e contou. O que deixa a situação engraçada é que a mãe dela esperava ouvir que ela estava grávida e quando ouviu algo tão diferente disso, ficou quieta um bom tempo, processando. Entendeu que se era isso que fazia a Pethra feliz, estava tudo bem, mas que ela precisaria se assumir para o restante da família também. 

 

Para a Márcia, o processo foi um pouco diferente. Ela não sabia que gostava de ficar com meninas até conhecer a Pethra. Então, passou por maior incerteza, por um maior choque. Decidiu contar para a família uns dias depois de começarem o namoro. Elas brincam que a família já tinha aceitado a Márcia antes mesmo dela se aceitar, porque a mãe já esperava que ela estivesse namorando a Pethra. A única questão, foi o pai quem trouxe: “agora você precisará se assumir para todos. Levar ela nas festas da família. Viver normalmente. Não vá se esconder”. 

 

Márcia brinca que jurava que o namoro não iria durar nem 6 meses - inclusive, falava isso para todo mundo. Ela achava que o amor era algo gigantesco, romantizado, que ela não sentiria naquele momento. Aos poucos, com o decorrer do relacionamento, foi entendendo que o amor no fim pode ser gigante, mas que ele é construído aos poucos e diariamente, com muito respeito e principalmente gerando felicidade. 

Antes da Pethra ser contratada, ela procurava emprego porque queria se mudar para Florianópolis (já estava com as malas compradas e tudo), mas precisava trabalhar alguns meses para juntar dinheiro e poder ir. Numa sexta-feira, ela fez entrevista, passou e foi chamada na empresa que queria trabalhar (e começaria na segunda!), mas recebeu uma ligação de outra loja querendo marcar uma entrevista - também para segunda. Decidiu ir na loja, sem avisar, dizendo que “estava passando por ali” e queria ver se conseguiria fazer a entrevista na hora. E conseguiu! Chegando em casa, ligou para a empresa que tinha passado e disse que não iria mais começar a trabalhar lá - detalhe: ela não tinha a resposta da loja ainda, ou seja, se estivesse desistindo e se não passasse na entrevista da loja, voltaria a estar desempregada. 

 

Por fim, ela passou… e começou a trabalhar com a Márcia. No começo elas conversavam, mas não tinha um sentimento envolvido. Com o tempo e com um amigo da Márcia que se aproximou delas, foram saindo, convivendo mais juntas, passaram a conversar direto, fazer umas brincadeirinhas… até que deram o primeiro beijo. Um mês depois, saindo do BRT (o sistema de transporte rápido do Rio de Janeiro), a Pethra organizou com os amigos o pedido de namoro: quando a Márcia saísse do ônibus, lá estariam eles, esperando com uma plaquinha. Ela aceitou e, neste ano, completaram 6 anos juntas.  

Quando a Márcia apareceu na vida da Pethra, ela chegou chutando a porta…. ou, quando a Pethra apareceu na vida da Márcia, ela chegou chutando a porta…. Foi tão mútuo que a gente nem sabe dizer quem chutou primeiro. 

 

Além disso, algo até mais potente na vida das duas é como elas teriam que, uma hora ou outra, se encontrar. A Márcia pode revirar os olhos não acreditando tanto nas coincidências do mundo (e nos sininhos! hahaha), mas essa é praticamente um fato: elas tinham que se encontrar.

 

Acabaram se conhecendo quando Pethra foi trabalhar na loja em que Márcia gerenciava e, depois de um tempo, descobriram que a Pethra é amiga da melhor amiga da Márcia há mais de 10 anos e que a Márcia conhece a irmã da Pethra há muito tempo também - e que elas deveriam ter se esbarrado em várias festas e encontros, mas sempre acontecia algum imprevisto. Enfim, mesmo com tantas coisas em comum, foram se conhecer de uma forma totalmente diferente. 

 Márcia 
 Pethra 
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