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A Maria Gabriela e a Danieli são de lugares bem diferentes, mas se encontraram em São José dos Pinhais, município vizinho de Curitiba, no Paraná. Gabi nasceu no Paraguai, morou em vários lugares e agora está com a família em ‘São José’. Já a Dani, nasceu no interior do Paraná, numa cidade pequena chamada São Jorge do Patrocínio e decidiu se mudar para Curitiba para tentar uma nova vida na capital. 

 

Hoje em dia moram juntas - e juntas também de algumas familiares da Gabi + duas gatas que adotaram nesse período. Elas contam sobre o quanto são diferentes e que, com as diferenças, aprendem muito sobre um relacionamento cheio de companheirismo. Dani é mais apegada, Gabi é mais solta. Dani sempre vê os dois lados em tudo, Gabi é mais direta sobre as decisões - mas aprende muito com a Dani sobre observar as coisas ao redor. Dani é introspectiva, gosta do carinho e das coisas mais tranquilas, enquanto Gabi é super sociável, gosta de ser comunicativa e de conhecer novas pessoas.

 

Diante todos os extremos, entendem que o encaixe acontece no quanto aprendem uma com a outra diariamente. Não enxergam seu relacionamento enquanto a maioria dos namoros que formam um padrão: elas têm seus jeitos diferentes, mas enquanto parceira contam uma com a outra sempre. Acham ótimo, inclusive, fugir do padrão. O amor é feito com espaço, vivendo as diferenças e tendo respeito. 



 

A Gabi, no momento da documentação, estava com 24 anos e trabalhava em uma loja de departamentos no shopping. Comenta sobre o quanto o shopping exige uma rotina de trabalho exaustiva, mesmo que goste de trabalhar com o público, se sente bastante cansada. 

 

Dani, no momento da documentação, estava com 23 anos. Depois de se mudar para Curitiba ela já trabalhou em mercados e hoje em dia, em São José dos Pinhais, é assistente de atendimento.  

 

Morarem juntas facilita a rotina em relação à escala de trabalho apertada, mas nem sempre foi assim. Dentre os três anos que estão juntas, moram na mesma casa recentemente e contam que foi uma luta decidir pela mudança. A tia da Gabi foi quem teve a ideia inicialmente de oferecer a casa que faz parte do terreno delas, assim, os gastos com aluguéis diminuiriam, a economia melhoraria e a Dani faria parte do lar. 


Quando se conheceram (através de um aplicativo de relacionamentos famoso por aqui: o Tinder), ambas haviam acabado de chegar na cidade. Dani passou por um relacionamento abusivo antes da Gabi, estava bastante machucada e resolveu entrar no app para conversar com novas pessoas - enquanto a Gabi estava lá para curtir e não tinha intenção de realmente se apaixonar por alguém. Conversaram, marcaram um encontro na casa da Dani (que ainda era uma pensionato cheio de regras) e nunca mais se separaram.

 

Depois disso, a Dani se mudou para São José dos Pinhais. Morou em vários lugares e o relacionamento delas foi caminhando, até que decidiram assumir o namoro. 

 

Enxergam o quanto o relacionamento não contribuiu só para uma melhora construtiva delas, mas também dos familiares ao redor. A Gabi diz que ter elas em casa faz com que diariamente a família enxergue questões de raça, gênero e classe totalmente diferente do que era antes, principalmente pelos debates que elas proporcionam. Enquanto a Dani, já levou a Gabi até o interior e ao assumir para a família o relacionamento, considerando que vivem em realidades completamente diferentes da dela, fica muito feliz em ver o pai e a avó adorando e respeitando a Gabi do jeito que ela é. 



 

Juntas, elas adotaram duas gatas (uma delas, super arisca, que passou por um processo de resgate) e é com o carinho que trocam com as bichinhas que entendem o que é de fato o amor: 

 

Acreditam que existem várias formas de demonstrar afetos, por mais que vivemos numa sociedade que preza pelo tradicional onde o afeto tem de ser bonitinho, carinhoso, queridinho, etc. Elas vão por outros lados, demonstram de outras formas. Como as gatas, que amam de um jeito singular - a Teodora, muito arisca, não é tão carente e apegada, mas demonstra o amor e a confiança que possui nelas nos detalhes cotidianos, trocas únicas. Elas se identificam nesse amor. 

 

Além disso, sentem que o autoconhecimento que adquirem todos os dias é algo precioso. Dani conta que não tinha tanto acesso às informações no interior, então valoriza cada passo da  reeducação sobre questões sociais que recebe diariamente.


No dia a dia, a Dani desenha bastante (entre paredes, papéis e outras superfícies), enquanto a Gabi adora sair para comer, viajar, assistir filmes e séries e apoiar a sua família no que precisar. 

 

Conta que tem uma prima autista (que mora junto com elas) e que a casa vira um exemplo para que não exista nada mais valioso na vida quanto os sentimentos - e o amor. “Não existe valor material que supere”, nas palavras dela. Diariamente acompanham dando suporte e entendem que não desistir e estar em movimento acreditando no que sentem é o que dá sentido a tudo. 

 

Além disso, passam muito tempo conversando dentro de casa. Brincam que em outra vida a Dani deve ter sido filha da tia da Gabi, de tanto que passam horas conversando e se dão bem. Por fim, a Gabi comenta que o amor pode ser uma certeza muito incerta, mas que é bom aproveitar ele em seu cotidiano. 

 Gabi 
 Dani 
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