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A Thaysmara tem 22 anos, é natural de Fortaleza, capital do Ceará e trabalha na empresa que fundou junto com a Letícia, a Trevo. Lá, elas são artesãs, produzem diversos acessórios - e mais que isso, são empreendedoras, fazem artes gráficas, engajam com o público nas redes e enviam para todo o Brasil (vou deixar o Instagram aqui, então pra seguir é só clicar!).

 

A Letícia tem 25 anos, é formada em Educação Física e no momento em que eu fotografei e conheci elas ela estava trabalhando em escala de ensino híbrido, ou seja, entre a escola e o home office. Letícia mora em Maracanaú, uma cidade que está localizada na região metropolitana de Fortaleza e se desloca diariamente até a capital. Conversando sobre esse método de trabalho híbrido e sobre tudo o que a educação brasileira enfrentou durante o período que vivemos - de pandemia - ela conta que se sente trabalhando muito mais que antes, principalmente, por estar atenta ao Whatsapp o tempo todo. “Temos que responder em qualquer horário, porque é o horário que o aluno está estudando. E se não responder, talvez ele não faça mais. Se eu responder só no dia seguinte vou perder o tempo, aí ele vai perder o interesse, pode estar ocupado, não vai voltar na dúvida que tinha antes… e eu vou perder meu propósito. Eu quero que ele aprenda”.

 

Antes da pandemia, a Thays trabalhava com confeitaria junto com a madrinha dela, mas com a fundação da Trevo e os pedidos acontecendo, acabaram focando apenas em uma empresa. E a Letícia estava trabalhando enquanto auxiliar de treinadora no time de basquete que jogou por muitos anos - inclusive, é um dos seus hobbies: praticar diversos esportes como vôlei, futebol e, claro, basquete.


No final de 2018, um pouquinho antes do natal, elas se conheceram. Foi por conta de um velho conhecido (Digo isso pelo tanto de vezes que ele já apareceu no site do Documentadas): o Tinder. Elas deram “match” e conversaram pelo Whatsapp, viram que moravam relativamente perto e comentaram de se encontrar.

 

O encontro só aconteceu mesmo cerca de duas semanas depois. Se encontraram em um bar (o que estava marcado para às 16h, virou 21h por conta de um atraso da Thays) e o encontro foi um pouco desajustado pela soma de fatos de que a Thays estava bastante tímida e a Letícia falando a maior parte do tempo para que tivessem assuntos. Depois do bar elas se beijaram, ali por perto e no final, acabou que não teve desajuste nenhum! Foi tudo bem positivo.

 

Elas se viram nos dias seguintes do primeiro encontro e, mesmo que a Thays não fosse assumida para a família, ela chamou a Letícia para ir na casa dela (enquanto uma “amiga”). Ainda em dezembro, começaram a namorar. Mais especificamente, no dia 22. Porém, aconteceu algo bastante inesperado nessa história:

 

Um dia depois do pedido de namoro elas saíram com alguns amigos para comemorar e foram em um restaurante. Na volta para a casa, estavam de moto e sofreram um acidente. A moto derrapou e elas caíram, se machucaram levemente (no sentido de ralaram o corpo, mas não tiveram fraturas) e estavam conscientes para ligar para os amigos. A Letícia chorou bastante, sentiu vergonha e achou que era ali mesmo o fim do namoro mais rápido que ela já teve, até que a Thays soltou a frase: “Agora a gente só termina quando a cicatriz sair”. E, bom, a cicatriz tá ali… E elas estão juntas. Não preciso falar mais nada, né?

 

Porém, neste natal, para ninguém desconfiar e ver os machucados, tiveram que passar usando roupas de mangas compridas. 



 

Foi no começo do ano de 2019 que, ao vê-las saindo juntas o tempo todo, os familiares começaram a desconfiar que não seria apenas uma amizade. O padrinho da Thaysmara chamou-a para conversar e ela acabou contando. Não foi nenhum pouco fácil se abrir para a família, mas aos poucos, tudo foi acontecendo e ela passou a voltar a morar com a avó nesse meio tempo, também somando no processo do começo de relacionamento das duas. 

 

Hoje em dia, elas passam muito tempo na casa da Letícia, porque a mãe dela é muito tranquila (Inclusive, foi a mãe quem ‘tirou ela do armário’!) e gostam bastante de passar a semana toda juntas por lá. 

 

A Letícia conta que existiram muitos momentos difíceis nesses anos de relacionamento, mesmo que elas sejam pessoas super tranquilas e estão sempre rindo por aí. São nos atritos que elas entendem que lidam de forma diferente: ela prefere conversar na hora para resolver, já a Thays tem que ter um momento para pensar sobre o que está acontecendo. 

 

No fim das contas, sempre se entendem. A Thays completa que cada vez menos as discussões acontecem, num sentido de ‘briga’, porque sempre tentam prezar por um relacionamento mais equilibrado e tranquilo, já que as duas possuem personalidades assim. Elas entendem que não é um cabo de guerra, então quando elas 'cedem', não estão perdendo, mas estão cedendo porque uma tá precisando um pouquinho mais de atenção, de tempo, de cuidado que a outra. E que a briga é diferente da conversa, é aí que encontram bastante do amor que sentem, porque confiam para falar bobagem e dar risada, como também para ter assuntos sérios e confidenciar inseguranças que sentem.  


mar água de coco e ver o pôr do sol. 

 

A Letícia diz que amor, para ela, é um sentimento que não deve nos remeter a dor. E que quando você se sente amada, você vai sentir isso da forma que você é - e pelo jeito que você é.

 

Já a Thays pensa no amor e lembra logo da infância. Do cheiro da comida e do carinho da avó. Ela diz que desde criança gosta muito de observar o céu… então pensa por um tempo e conclui: é isso que ela sente sobre o amor. 

 

Quando falamos sobre mulheres, ambas dizem se sentir muito mais seguras falando com uma mulher sobre qualquer coisa. Não que seja realmente uma relação mais fácil, porém você se sente num ambiente acolhedor, porque há mais empatia. A Letícia lembra da mãe, da avó e da tia… fala sobre as mulheres que participaram da sua criação. E a Thaysmara conta a diferença que sentiu quando se relacionou com uma mulher, principalmente, na conversa em si - foi o espaço em que ela conseguiu se abrir de forma tranquila, sem o medo do pré-julgamento. 

 

Por fim, mas não menos importante, perguntei para as duas o que elas gostariam de ver acontecendo em Fortaleza e elas citaram mudanças na questão de infraestrutura e do transporte público. A Letícia conta que não conseguia ter dois empregos por conta da mobilidade não dar conta de levar as pessoas em um tempo útil atravessando alguns cantos da cidade e que, agora, tendo a moto, entende que é muito perigoso pelo risco que as estradas representam com a quantidade de buracos nas vias e pouca qualidade no trânsito. A Thays complementa que, além do que enfrentamos no cotidiano quando tentamos sair de casa, ela queria ver mais lazer nas comunidades e conseguir mais cursos voltados para a arte, pois todas as vezes que tentou se inscrever, enfrentou dificuldades - e que esses cursos realmente nos profissionalizem enquanto artistas - para que o mercado de trabalho também se prepare para nos receber.

  


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 Letícia 
 Thaysmara 
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