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Ao falarmos sobre a Paula ser a primeira mulher por quem a Luiza se apaixonou e sobre as diferenças dos relacionamentos heteroafetivos, ela comenta que não gosta de dizer que todo homem é um cara escroto ou coisas do tipo. Entende que o machismo existe e que os homens reproduzem a sociedade machista. Mas entende, também, que o relacionamento entre mulheres envolve muito mais diálogo e que as mulheres se permitem viver mais. Além disso, as mulheres entendem umas as dores das outras, desde maiores ou menores, como insegurança estética e medo ao caminhar sozinha na rua.

 

Entendemos que o homem está sempre numa posição superior, sempre tratado com mais poder, então talvez por isso não temos muito espaço para conseguirmos nos lidar de igual para igual, diferente das mulheres quando se relacionam entre si. 

 

Além disso, o fato dela ser mais feminina que a Paula faz com que a tratem diferente o tempo todo. É como se a Paula fosse tratada como homem por ter um estilo um pouco menos feminino... e a Luiza não pudesse ouvir certos assuntos ou fazer certas coisas. No fim, rimos chegando na conclusão de que se for pensar em coisas femininas no sentido machista, tipo chorar e ser mais sentimental, com certeza a Paula é muito mais, já que a Luiza acaba lidando com tudo de forma mais séria e forte. 

 

Por fim, Paula diz que gostaria que a palavra da mulher tivesse mais validação, que não precisássemos ficar o tempo todo provando que temos conhecimento sobre algo, mas sim que as pessoas nos ouvissem, sem invalidações. 

Luiza e Paula estão com 28 anos, sendo 10 de relacionamento. Se conheceram num encontro de jovens da igreja - Luiza, na época, nunca tinha se interessado por nenhuma menina, enquanto Paula já namorava. Depois de um bom tempo, começaram a se falar pelo Orkut. 

 

Paula chegou até a tentar apresentar um amigo para a Luiza, demorou a entender que o que ela queria era um flerte. Paula ainda estava no ensino médio, Luiza no cursinho, começaram a se encontrar e aos poucos entenderam que estavam apaixonadas. 

 

Aos 5 anos de relacionamento resolveram morar juntas na casa dos pais da Paula. Eles são bem tranquilos e passaram alguns anos morando juntos, quando elas conseguiram se mudar para o novo apartamento. Hoje em dia, Luiza é nutricionista, mas já trabalhou com várias coisas (como body piercing e reiki), enquanto Paula é publicitária, fazendo também freelas como fotógrafa de vez em quando. 

Os animais são sempre muito presentes na vida delas, desde cachorros, gatos e até passarinhos. A Amora (cachorra) foi adotada durante uma feira de adoção, enquanto os gatos foram achados na rua em momentos diferentes. Criaram vários bichos juntos na casa em que moravam com os pais da Paula, mas trouxeram apenas a Amorinha e dois gatos: o SeuBonzinho e o Bazinga. 

 

Além disso, há os presentes trazidos pelos passarinhos. Quando moravam na casa, muitos passarinhos traziam plantinhas. E assim começaram a crescer diversas plantas que elas cultivavam sem saber qual eram. Hoje em dia, dentro do apartamento, há plantas por todos os lados e muitas foram trazidas pelos pássaros e cultivadas por elas.  

 

Mudar para o novo apartamento significa muita coisa. Uma independência que sonharam por anos, um cuidado com o lar, poderem fazer suas próprias escolhas. Elas se divertem tirando um dia da semana para poder comer uma coisa gostosa que querem muito, ou quando o dia não está bom,se permitem assistir uma série ruim comendo algo para ao menos estarem juntas. 

 

Estão tendo muito cuidado ao arrumar e mobiliar o espaço colocando a carinha delas em tudo. Além disso, estão amando sair diariamente com a Amora para passear na rua. 

Sentem que os primeiros anos de relacionamento foram os mais difíceis, por problemas na família e por problemas envolvendo ciúme. Depois, com o tempo, começaram a fazer terapia e tudo foi sendo trabalhado porque entenderam a raiz dos problemas. Passaram (e ainda passam!) por muitas mudanças na vida, mas sempre lado a lado, gerando um apoio mútuo.   

 

Comentam que o amor é um laço muito forte e só se arrebenta se acontecer algo muito ruim. É nas pequenas coisas que ele se desenvolve, nos detalhes cotidianos. O amor, para elas, significa desde chegar em casa e perceber que uma está mais cansada, então a outra vai limpar a caixa de areia dos gatos ou arrumar a cozinha, até dar presentes sem grandes motivos, fazer a comida favorita de surpresa, cuidar do lar, agradecer por estarem juntas todos os dias. É sempre fazer uma escolha. 

 Paula 
 Luiza 
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