top of page

Foi num impulso pelo início (e pela incerteza) da pandemia que a Carol e a Marlise começaram oficialmente o relacionamento. A Carol tinha acabado de se mudar para São Paulo, mas é natural de Porto Alegre e foi lá que conheceu a Marlise, um tempo antes dessa viagem. 

 

Entre a decisão, o ato de comprar a passagem e a mudança em si, elas viveram shows, um réveillon, saídas com amigos e a Marlise viveu até com muletas porque tinha quebrado a perna. Mas não teve jeito: o dia chegou e a Carolina foi para São Paulo. A primeira reação foi mais abrupta: não se falaram mais. Acharam melhor deixar para trás os momentos bons que tinham dividido e seguir cada uma suas novas vidas de 2020 em diante.

 

Mas é aquela coisa, né? A gente não escolhe coisas do coração (pra quem é de coração) e nem de destino (pra quem é de destino). E quando elas voltaram a conversar, a Marlise combinou de ir até São Paulo fazer uma visita e comemorarem seus aniversários, visto que as datas são bastante próximas. Porém, um pouco antes do dia da viagem chegar, foi anunciada a quarentena e o isolamento social em São Paulo, ou seja, tudo estaria cancelado e a Carol ficaria lá sozinha - enquanto não fazíamos ideia de como isso seria, quanto tempo levaria e como reagiríamos. 


 

Foi por todas as incertezas que a pandemia (e, principalmente, o começo dela) nos causou, que a Carol decidiu comprar a passagem e voltar para Porto Alegre. Quando elas se reencontraram, ficaram juntas e cá estão, até então. 

 

Houve um momento do qual a Carol chegou a voltar para São Paulo, alguns meses depois, para buscar coisas que tinham ficado por lá, mas decidiu que ficaria de fato em Porto Alegre com a Marlise. 

 

Elas contam que sempre se deram muito bem e que isso sustenta muito o relacionamento. Conversar sobre tudo e ser realmente uma parceria, independente das situações externas, é o mais importante. 

 

Falam como haviam muitas coisas colaborando no entorno para que desse errado: elas estavam dentro de um apartamento relativamente pequeno - estavam num processo de conhecimento ainda - a pandemia gerava muitas pressões e ansiedades - o país enfrentava momentos muito ruins - e todo o sentimento de luto presente naquele momento… mas que, mesmo com todas as condições adversas, elas mantinham uma relação de muita conversa e se divertiram muito juntas. 



 

Durante as rotinas e os dias a Carol é uma mulher que adora cozinhar e está sempre preocupada com a alimentação. Ela brincou que de repente muda até de carreira, se continuar recebendo os elogios pelas comidas que faz, mas a verdade é que sua paixão mesmo é pela escrita. Ela entende que se comunica melhor escrevendo e que a literatura é uma grande aliada.

 

Já a Marlise adora inventar coisas. Ela disse que isso é muito para “tirar as coisas da cabeça”, por se sentir sobrecarregada com auto questões, acaba inventando coisas, mudando móveis, fazendo e produzindo o que movimente o corpo fisicamente.  

 

Juntas, elas adoram passar um tempo com os animais em casa e contam que eles foram grandes responsáveis pela casa ter se mantido tão feliz durante o período de isolamento que vivemos. 




 

A Carol estava com 29 anos no dia em que fizemos a documentação, ela é natural de Porto Alegre, cursou letras, mas trancou a faculdade, não completando-a. De qualquer forma, trabalha na área desde 2012, traduzindo textos, livros e também faz trabalhos autônomos. 

 

A Marlise também estava com 29 anos no dia da documentação. Ela cursa medicina, é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e nos contou sobre o impacto da pandemia nos estudos dela e na faculdade. Mas também, sobre a importância do trabalho enquanto uma ferramenta sob o que ela acredita, enquanto assistência social às pessoas. 

 

Durante uma live da cantora Ludmilla, na quarentena, a Marlise pediu a Carolina em casamento. Na hora, ela nem acreditou e a Marlise teve que refazer o pedido no dia seguinte! Hoje em dia, os planos estão sendo feitos e pretendem fazer a comemoração e a celebração assim que a pandemia finalmente acabar.  




 

Tanto a Carol, quanto a Marlise, acreditam que a vida não precisa ser tão imediatista e egoísta como tem sido. Elas falam sobre estarmos num espaço muito desorganizado, que não pensa no que realmente é importante… e esquecemos do que deveria ser essencial, como termos mais afeto e cuidado. Entendem que por serem duas mulheres que já enfrentaram muitos preconceitos, olham as coisas sob um novo olhar, pois não normalizam a violência ou a falta de educação e também não deixam de ser quem são por olhares tortos na rua (e por não serem aceitas em alguns ambientes). Entendem que a mudança só vai existir com compreensão histórica e cultural. 

 

Para Marlise, uma relação como a delas é muito pautada no respeito e na identificação, mas ela também traz muito uma admiração e inspiração que enxerga na Carol. Ela fala sobre essa inspiração por quem a Carol é, em tudo que ela já passou, e porque também se vê nela, mesmo que as trajetórias sejam diferentes. “O amor é o que guia a gente a ser diferente: ser melhor no que acreditamos ser o certo”.

 

Para Carol, a relação delas está sempre envolvida de compreensão (e as relações entre mulheres, na grande maioria das vezes), porque acabamos tendo caminhos parecidos e encontramos em nós semelhanças e identificações. Mas em geral, essa compreensão fala sobre a capacidade de ver quem as pessoas são, o que são, e entender o que elas estão dispostas a trocar, não exigindo algo impossível de dar. 

 Marlise 
 Carolina 
bottom of page